[Transcrição da secção n.º 1176 publicada hoje no jornal PÚBLICO]
ALERTA
AOS COMPETIDORES
E
93.º
ANIVERSÁRIO DE SETE DE ESPADAS
Enquanto
decorre o prazo para envio das respostas aos dois desafios já publicados nas
duas semanas anteriores, que integram a prova n.º 1 das nossas competições deste
ano, queremos relembrar algumas indicações que poderão ser muito úteis,
sobretudo aos novos aderentes ao nosso passatempo e que já aqui deixámos por
diversas ocasiões, principalmente quando está no início mais uma época de
competições.
No
Policiário, a pressa é, normalmente, inimiga de uma boa prestação. Na
realidade, após uma primeira leitura, mesmo efectuada de modo ligeiro, há
ideias que ficam de imediato, há rumos que se apontam, mas nenhum “detective”
pode deixar de pesar a circunstância de no outro lado, entenda-se no lado do
produtor do problema, haver, quase sempre, uma clara intenção de “desviar” as
atenções para factores laterais à própria solução.
Mesmo
quem não for um leitor atento dos bons romances policiais, certamente se
apercebe que todos os mestres da literatura policial conduzem os seus casos
para decifrações completamente imprevistas, mas lógicas. Ao longo de toda a
narrativa vão “incriminando” um dos intervenientes, levando o leitor nessa via,
mas no final há sempre uma conclusão “bombástica”, em que o personagem menos
óbvio aparece, por norma, como responsável pelos crimes.
Assim,
sem qualquer intuito paternalista, recomendamos aos novos participantes que
releiam os problemas, reavaliem as suas conclusões e, se assim entenderem, refaçam
as soluções.
Durante
o período de resposta, até ao dia 28 de Fevereiro, poderão substituí-las,
fazendo apenas menção que a resposta que enviam anula e substitui a já enviada.
Será sempre considerada a última recepcionada dentro do prazo.
(93.º aniversário do seu nascimento)
O Sete de Espadas nasceu no Ribatejo, na vila da
Chamusca em 1 de Fevereiro de 1921 e em 12 de Janeiro de 1947 iniciava a sua
actividade como orientador de um espaço policiário, no Jornal de Sintra, com o título
Mistério e Aventura, que ele mesmo definia, em subtítulo, como uma “secção
policial orientada por Sete de Espadas”.
Depois foi um nunca mais acabar, na divulgação da
literatura policial e, sobretudo, na vertente da competição policial.
Que nos desculpem os confrades mais antigos, aqueles
que viveram com ele as aventuras do Clube de Literatura Policial, das secções
no Camarada, no Cavaleiro Andante e em tantos locais, mas nós apontamos um
marco que nos parece decisivo em toda a História do Policiário: O dia 13 de
Março de 1975.
Nesse dia, em todas as papelarias, quiosques, pontos
de venda de jornais e revistas, apareceu, apenas, mais um número do “Mundo de
Aventuras”, uma revista de histórias aos quadradinhos, editada pela Agência
Portuguesa de Revistas, que já vinha dos anos 40 do século XX, mas que trazia
algo de novo: As últimas páginas eram identificadas como “Mistério… Policiário”
e assinadas por um não menos misterioso “Sete de Espadas”!
Foi, podemos dizê-lo com toda a propriedade, o virar
de página de toda uma geração de jovens, muito jovens mesmo, na casa dos 13, 14
anos, que apareceram em enorme explosão, criando um movimento imparável que nos
trouxe até aos nossos dias.
Muitos dos actuais policiaristas são produtos dessa
época, eram leitores de histórias aos quadradinhos e descobriram o policiário,
tornando-se detectives!
O primeiro sinal de que algo se movia, foi a grande
afluência à literatura policial, a corrida aos alfarrabistas, a ânsia de ler os
clássicos do policial, antes da procura dos modernos escritores. Depois, foi a
quantidade de malta nova a tratar-se por nomes escolhidos pelos próprios, que
podiam ser de uma personagem dos quadradinhos, de um detective da literatura,
de uma abreviatura do próprio nome, de uma invenção pura… Tudo servia para nos
identificarmos perante os outros. Era o Detective Invisível, o Inspector
Moisés, o Ubro Hmet ou o Satanás… Poucos sabiam o nome real do confrade que
estava à sua frente, nem isso era importante! Poucos sabiam o que faziam os
outros na vida profissional, mas também não era necessário! O importante era o
facto de estarem todos irmanados no mesmo gosto pela dedução, pelo exercício
das “células cinzentas”, estarem disponíveis para se reunirem em Tertúlias
Policiárias e todos os meses percorrerem o país para os Convívios, na altura
única forma de travarmos conhecimento para além das fronteiras próximas.
No centro de tudo, a figura simpática de um homem de
barbas brancas, cabelo ralo, sorriso aberto e simpático: O Sete de Espadas.
Nos dias dos Convívios, era digno de ser visto o
número de pais que chegavam perto do Sete e lhe confiavam os miúdos de 11 ou 12
anos, como se confia a um avô e lhe diziam que eram os próprios miúdos que
insistiam em ir e não aceitavam um não como resposta! E o Sete, com a calma e o
espírito positivo que sempre teve, lá os tranquilizava, dizendo-lhes que na
tribo policiária eles estavam no local certo para crescerem, num são convívio,
numa camaradagem exemplar.
Ainda hoje sentimos isso. Mesmo nós, muitos já avós,
ainda olhamos para o exemplo do Sete como um aspecto importantíssimo no nosso
processo de desenvolvimento. Todos crescemos muito com ele e com o Policiário.
Todos lhe devemos muito daquilo que conseguimos ser. O seu exemplo, de
persistência na demonstração dos benefícios do exercício de uma actividade tão
saudável para o desenvolvimento harmonioso de um espírito científico, como é o
caso do Policiário, merece ser sempre realçado.
Daí a justeza desta homenagem singela. Esta nossa
secção, se teve o seu nascimento formal no dia 1 de Julho de 1992,
verdadeiramente nasceu muitos anos antes, algures pelo ano de 1975, quando o
Inspector Fidalgo encontrou o Sete de Espadas e ficou fascinado com o Mundo que
este lhe abriu!
Mais tarde foi o XYZ Magazine, o Clube dos Amigos do
XYZ e muitas outras coisas, sempre com a relevância da Amizade e da
Camaradagem, suas imagens de marca.
Foi no dia 10 de Dezembro de 2008 que a notícia do
seu falecimento correu no seio da imensa família policiária, que assim viu
partir o seu principal divulgador, deixando um rasto de pesar entre a imensa
legião daqueles que com ele cresceram física e mentalmente.
1 comentário:
Aqui fica o meu testemunho...
Quinta-feira, 13 de Março de 1975, eu fui um desses jovens de 11 anos que teve o grato prazer de adquirir o Mundo de Aventuras, ler o Mistério Policiário e ter tido o privilégio de conhecer o Sete de Espadas.
Um momento único na minha vida.
Daniel Falcão
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