[Transcrição da secção n.º 1200 publicada
hoje no jornal PÚBLICO]
ADÉRITO
PINTO ASSASSINADO EM CENTRO COMERCIAL
Em
pleno período de férias, na praia ou em qualquer outro local, sempre sobra um
momento para exercitar as células cinzentas.
Hoje
é o desafio do nosso confrade Paulo que nos vai fazer pensar, entre dois
mergulhos refrescantes…
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2014
PROVA
N.º 7 – PARTE I
CRIME
NO CENTRO COMERCIAL – Original de PAULO
Passavam
poucos minutos das nove horas quando a polícia foi chamada. Quarenta minutos depois
já toda a equipa responsável pela investigação da cena do crime se encontrava
no gabinete da vítima, no mais recente e moderno Centro Comercial da cidade.
A
zona de gabinetes onde ocorrera o assassinato ficava logo no piso de entrada, ao
qual havia que somar dois pisos subterrâneos, dedicados a estacionamento e a
áreas técnicas, e dois pisos acima do nível do solo.
Narciso
Morais, o veterano inspector, entrou na área reservada aos gabinetes ocupados
pelos elementos responsáveis por aquele espaço de comércio. Uma porta dava
acesso a esse pequeno átrio, onde à esquerda ficava o gabinete em que fora
encontrado o morto, director-geral do Centro Comercial. À direita ficava o
gabinete do director de segurança, Francisco Azevedo. Ao fundo, em frente,
havia duas portas. À esquerda a do gabinete do director de marketing e
publicidade, José Camões, e à direita a que dava acesso ao gabinete do director
financeiro, Rui Balboa.
Antes
de entrar no gabinete da vítima, Narciso Morais foi informado de que havia uma
câmara que filmava a entrada para aquele espaço reservado às quatro salas, e
que se estava a fazer o necessário para obter as gravações.
No
local do crime havia uma secretária com alguns documentos em cima, uma
confortável cadeira atrás, e mais duas em frente, que se destinariam a pessoas
com quem a vítima pretendesse falar. Havia ainda um armário com dossiês. Um
computador e uma impressora estavam sobre a mesa.
Adérito
Pinto jazia no chão com um ferimento na cabeça, que aparentava, e mais tarde se
viria a confirmar, ter sido feito por uma arma de fogo, que as análises
balísticas determinariam ser de calibre 9 mm. Num bengaleiro estava o casaco de
Adérito, onde foram encontrados o seu telemóvel e a chave do gabinete.
O
cadáver não sangrara muito, provavelmente porque a morte fora imediata. Uma
análise feita no local do crime, nas zonas visíveis do corpo, logo a pós a chegada
da polícia, não mostrava sinais de movimento post-mortem do cadáver. A rigidez cadavérica já tomara conta de
todo o corpo. A temperatura do aposento rondava os 20 graus e durante a noite
não teria descido muito abaixo desse valor.
Narciso
Morais ocupou o gabinete de José Camões, semelhante ao de Adérito, para os
primeiros interrogatórios, que lhe permitissem conhecer melhor o ambiente local
e os intervenientes.
José
Camões disse que na véspera tinha saído por volta das seis e meia. Estivera
quase sempre fora do gabinete e não se lembrava de, durante a tarde, se ter
cruzado com Adérito. Tinha uma mensagem enviada às seis da manhã a comunicar
que ele precisava de lhe falar, de manhã, às nove e meia.
Rui
Balboa afirmou que no dia anterior passara pouco tempo no gabinete. Saíra na
véspera às cinco horas e tinha entrado nesse dia cerca das nove menos um
quarto, uma vez que Adérito lhe mandara um sms, de noite, dizendo-lhe que
queria falar com ele às nove horas. A essa hora foi ao gabinete dele. Bateu à
porta, como ninguém respondeu, rodou o puxador, a porta abriu e ele viu Adérito
no chão. Depois chamou a polícia.
Francisco
Azevedo disse que por norma o segurança nocturno não entrava naquela área dos
gabinetes. Ele saíra, no dia anterior, eram quase sete horas. Precisara de, um
pouco antes de sair, falar com Adérito, mas não o encontrara e a porta do
gabinete estava fechada à chave. Também recebera um sms, de madrugada, a marcar
um encontro para as dez horas.
Narciso
Morais pediu para ver todos os telemóveis, incluindo o da vítima, e o envio e
recepção de mensagens estavam de acordo com as declarações. Após o visionamento
das imagens da câmara de vigilância foi possível determinar que a vítima
entrara na zona dos gabinetes no dia anterior às duas horas e treze minutos e
não saíra mais. Rui Balboa saíra na véspera às 17:43 e entrara no dia do crime
às 8:47. Francisco Azevedo saíra às 18:55 e José Camões às 18:28. Os dois
tinham chegado nessa manhã já após a polícia se encontrar no local. As
gravações não mostravam mais ninguém a entrar ou sair daquele espaço.
Narciso
Morais circulou pelo Centro Comercial, conseguindo obter mais algumas
informações. Adérito ia ser transferido para outro Centro Comercial e iria dar uma
sugestão para o seu substituto à administração do grupo económico proprietário
do espaço. Rui Balboa e os outros dois directores estavam em conflito. Tinha
sido aberto um inquérito interno pois o director financeiro acusara-os de má
gestão com consequências graves nas receitas. Francisco e José também estavam
incompatibilizados, havendo uma mulher na origem do conflito.
Antes
de sair, cerca de treze horas, Narciso Morais ainda passou pelo local do crime.
O cadáver preparava-se para ser retirado. Da arma continuava a não existir
notícia e ninguém ouvira o disparo.
Deixemos
Narciso Morais ir almoçar e pergunte-se: quem acha que poderá ter cometido o
crime e porque faz essa afirmação?
E
pronto.
Resta
aos nossos “detectives” elaborarem os seus relatórios e remeterem-nos,
impreterivelmente até ao dia 15 de Setembro, usando um dos seguintes meios:
-
Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
-
Por e-mail para um dos endereços:
-
Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas
férias, para quem as tiver e boas deduções!
Sem comentários:
Enviar um comentário