domingo, 17 de agosto de 2014

POLICIÁRIO 1202


[Transcrição da secção n.º 1202 publicada 
hoje no jornal PÚBLICO]


HOMENAGENS DO MÊS DE AGOSTO: 
DIC ROLAND E K.O.


Fruto, talvez, de um certo envelhecimento do Policiário, pelo menos no que diz respeito aos confrades que normalmente estão no topo das classificações, no período de pouco mais de um ano, entre 9 de Agosto de 2006 e 24 do mesmo mês, mas do ano de 2007, passámos pela rude experiência do desaparecimento de dois dos nossos Amigos e, ao mesmo tempo, “monstros sagrados” deste passatempo singular: Dic Roland e KO.

Podíamos seguir a táctica da avestruz e ignorarmos.
Podíamos levar até aos nossos leitores os torneios, as classificações, sem mais. Podíamos aplaudir vencedores sem rosto...
Mas, no Policiário não é assim! Nunca foi e nunca será enquanto por cá andarmos.

No Policiário queremos muito mais, queremos conhecer as pessoas, queremos ter um rosto associado a cada pseudónimo, queremos que todos os leitores e concorrentes sejam, também, confrades, companheiros de viagem, que partilhem connosco o prazer de decifrar enigmas e de conviver.

A inexorável lei da vida não perdoa.
Ficamos com uma singela homenagem a dois dos nossos, que deixaram marcas que não serão esquecidas e que certamente vai despertar nos nossos confrades recordações de um passado de convivência e de competição saudável.





DIC ROLAND


Completaram-se no passado dia 9 de Agosto, 8 anos sobre o desaparecimento deste nosso confrade, que deixou uma marca muito profunda no nosso passatempo e em todos os que tiveram o privilégio de com ele conviverem.
Pessoa de enorme estatura moral e intelectual, assumiu desde a primeira hora desta nossa secção, em 1 de Julho de 1992, o Policiário como sua modalidade de eleição, quer na vertente de competição, em que conquistou praticamente tudo na modalidade de decifração ou na de produção, quer na vertente de convívio, em que foi um grande campeão, marcando presença em praticamente todos os eventos onde o Policiário estivesse.
Inicialmente, vivia no Retaxo – Castelo Branco, onde dirigia uma estalagem e apesar de contar já uma certa idade, era vê-lo marcar presença em todos os eventos. Umas vezes levantava-se de madrugada e vinha “por aí abaixo”, outras vinha de véspera, para não correr o risco de não chegar a tempo!
Depois mudou-se para junto da Barragem do Fratel, para dirigir uma outra estalagem, onde chegámos a realizar um excelente convívio Policiário, com visita a Nisa e às Termas da Fadagosa.
Finalmente, “estacionou” em Vila Nova de Santo André, onde criou o grupo Poliandré, com os confrades Vilnosa e Sinid Agiev organizando alguns dos mais extraordinários convívios, sempre com uma vertente cultural associada, fosse uma visita às ruínas romanas de Miróbriga, fosse um safari no Baddoca Park…
A vida pessoal e profissional de Dic Roland passou por Goa onde desempenhou funções oficiais e de lá trouxe uma forma especial de contar histórias e muitos dos seus problemas retrataram momentos aí vividos, com notas do exotismo que associamos ao Oriente e à Índia em particular.
Infelizmente, os seus problemas são muito extensos, feitos numa altura em que dispúnhamos de mais espaço nesta nossa secção, o que os torna de difícil republicação, mas vamos tentar encontrar alguma produção sua que possa ser “encaixável” no espaço de que dispomos, para que os novos “detectives” possam contactar com o que Dic Roland produziu.
A sua capacidade de bem escrever, decifrar e contar histórias, fazia com que cada solução que elaborava para dar resposta aos enigmas de outros confrades, fossem autênticos tratados, quase sempre correctos e certeiros, o que fazia dele um crónico candidato às melhores soluções de cada problema. Também por isso, acabou por dar nome ao actual prémio das melhores soluções.
Possuidor de uma enorme capacidade de comunicação e um gosto especial pela decifração de enigmas e crimes, Dic Roland não deixava ninguém indiferente, sendo uma daquelas pessoas de quem não se pergunta se vai estar presente neste ou naquele evento, porque teria de acontecer algo de muito fortemente impeditivo para não marcar a sua presença.
Oito anos passados sobre a sua morte, o confrade Dic Roland continua bem vivo entre todos os que se revêem na sua exemplar postura de sempre.



K.O.


No mês de Agosto de 2007, foi o confrade Arlindo Matos, o K.O., que se despediu do nosso convívio, depois de um período atribulado, de avanços e recuos face à doença que o atormentava.
Foi no dia 24 que o confrade e Amigo Nove nos transmitiu a dolorosa - já esperada, mas nem por isso menos chocante – notícia:
- O K.O. faleceu!

Conhecemos o K.O. logo no início deste nosso espaço, no ano de 1992. Era já um policiarista antigo, que andara por muitos dos acontecimentos mais marcantes da nossa actividade e que naquele momento regressava “a casa”, à sua casa Policiária.
Decifrador de elevada craveira, entusiasta do Policiário, desde logo se destacou pelas soluções elaboradas que produzia, ao ponto de serem muitas as vezes em que combinava connosco um encontro no parque de estacionamento de um hipermercado no Cacém, para entregar um “embrulho” que continha a sua proposta de solução, à tarde, quando ele regressava a casa em Mem Martins, vindo da “sua” escola, onde leccionava e fazia parte da direcção.
Vencedor por natureza, K.O. acumulou títulos e prémios, espalhou a sua simplicidade, simpatia e entusiasmo por todos os locais por onde o Policiário passou, deixando um rasto de admiração pelas suas qualidades, muito bem secundado pela sua inseparável mulher, a D. Isaurinda, sua verdadeira “alma-gémea” em tudo, sendo difícil encontrar duas pessoas tão completas, tão Amigas dos seus Amigos, tão interessadas com o bem estar de todos à sua volta!...
Não são palavras de circunstância que nos levam a dizer que o Policiário ficou bem mais pobre. Há um vazio físico que fica, mas atenuado pela certeza de que todos nós ficámos bem mais ricos com o tempo que pudemos usufruir da sua companhia.




1 comentário:

Anónimo disse...

Subscrevo! Grandes amigos...
Um abraço