[Transcrição da secção n.º 1202 publicada
hoje no jornal PÚBLICO]
HOMENAGENS DO MÊS DE AGOSTO:
DIC ROLAND E K.O.
Fruto, talvez, de um certo
envelhecimento do Policiário, pelo menos no que diz respeito aos confrades que
normalmente estão no topo das classificações, no período de pouco mais de um
ano, entre 9 de Agosto de 2006 e 24 do mesmo mês, mas do ano de 2007, passámos
pela rude experiência do desaparecimento de dois dos nossos Amigos e, ao mesmo
tempo, “monstros sagrados” deste passatempo singular: Dic Roland e KO.
Podíamos seguir a táctica da
avestruz e ignorarmos.
Podíamos levar até aos nossos
leitores os torneios, as classificações, sem mais. Podíamos aplaudir vencedores
sem rosto...
Mas, no Policiário não é assim!
Nunca foi e nunca será enquanto por cá andarmos.
No Policiário queremos muito mais, queremos conhecer
as pessoas, queremos ter um rosto associado a cada pseudónimo, queremos que
todos os leitores e concorrentes sejam, também, confrades, companheiros de
viagem, que partilhem connosco o prazer de decifrar enigmas e de conviver.
A inexorável lei da vida não perdoa.
Ficamos com uma singela homenagem a dois dos nossos,
que deixaram marcas que não serão esquecidas e que certamente vai despertar nos
nossos confrades recordações de um passado de convivência e de competição saudável.
DIC ROLAND
Completaram-se no passado dia 9
de Agosto, 8 anos sobre o desaparecimento deste nosso confrade, que deixou uma
marca muito profunda no nosso passatempo e em todos os que tiveram o privilégio
de com ele conviverem.
Pessoa de enorme estatura moral e
intelectual, assumiu desde a primeira hora desta nossa secção, em 1 de Julho de
1992, o Policiário como sua modalidade de eleição, quer na vertente de
competição, em que conquistou praticamente tudo na modalidade de decifração ou
na de produção, quer na vertente de convívio, em que foi um grande campeão,
marcando presença em praticamente todos os eventos onde o Policiário estivesse.
Inicialmente, vivia no Retaxo –
Castelo Branco, onde dirigia uma estalagem e apesar de contar já uma certa idade,
era vê-lo marcar presença em todos os eventos. Umas vezes levantava-se de
madrugada e vinha “por aí abaixo”, outras vinha de véspera, para não correr o
risco de não chegar a tempo!
Depois mudou-se para junto da
Barragem do Fratel, para dirigir uma outra estalagem, onde chegámos a realizar
um excelente convívio Policiário, com visita a Nisa e às Termas da Fadagosa.
Finalmente, “estacionou” em Vila
Nova de Santo André, onde criou o grupo Poliandré, com os confrades Vilnosa e
Sinid Agiev organizando alguns dos mais extraordinários convívios, sempre com
uma vertente cultural associada, fosse uma visita às ruínas romanas de
Miróbriga, fosse um safari no Baddoca Park…
A vida pessoal e profissional de Dic
Roland passou por Goa onde desempenhou funções oficiais e de lá trouxe uma
forma especial de contar histórias e muitos dos seus problemas retrataram
momentos aí vividos, com notas do exotismo que associamos ao Oriente e à Índia
em particular.
Infelizmente, os seus problemas
são muito extensos, feitos numa altura em que dispúnhamos de mais espaço nesta
nossa secção, o que os torna de difícil republicação, mas vamos tentar
encontrar alguma produção sua que possa ser “encaixável” no espaço de que
dispomos, para que os novos “detectives” possam contactar com o que Dic Roland
produziu.
A sua capacidade de bem escrever,
decifrar e contar histórias, fazia com que cada solução que elaborava para dar
resposta aos enigmas de outros confrades, fossem autênticos tratados, quase
sempre correctos e certeiros, o que fazia dele um crónico candidato às melhores
soluções de cada problema. Também por isso, acabou por dar nome ao actual
prémio das melhores soluções.
Possuidor de uma enorme
capacidade de comunicação e um gosto especial pela decifração de enigmas e
crimes, Dic Roland não deixava ninguém indiferente, sendo uma daquelas pessoas
de quem não se pergunta se vai estar presente neste ou naquele evento, porque
teria de acontecer algo de muito fortemente impeditivo para não marcar a sua
presença.
Oito anos passados sobre a sua
morte, o confrade Dic Roland continua bem vivo entre todos os que se revêem na
sua exemplar postura de sempre.
K.O.
No mês de Agosto de 2007, foi o
confrade Arlindo Matos, o K.O., que se despediu do nosso convívio, depois de um
período atribulado, de avanços e recuos face à doença que o atormentava.
Foi no dia 24 que o confrade e
Amigo Nove nos transmitiu a dolorosa - já esperada, mas nem por isso menos
chocante – notícia:
- O K.O. faleceu!
Conhecemos o K.O. logo no início
deste nosso espaço, no ano de 1992. Era já um policiarista antigo, que andara
por muitos dos acontecimentos mais marcantes da nossa actividade e que naquele
momento regressava “a casa”, à sua casa Policiária.
Decifrador de elevada craveira,
entusiasta do Policiário, desde logo se destacou pelas soluções elaboradas que
produzia, ao ponto de serem muitas as vezes em que combinava connosco um
encontro no parque de estacionamento de um hipermercado no Cacém, para entregar
um “embrulho” que continha a sua proposta de solução, à tarde, quando ele
regressava a casa em Mem Martins, vindo da “sua” escola, onde leccionava e
fazia parte da direcção.
Vencedor por natureza, K.O.
acumulou títulos e prémios, espalhou a sua simplicidade, simpatia e entusiasmo
por todos os locais por onde o Policiário passou, deixando um rasto de
admiração pelas suas qualidades, muito bem secundado pela sua inseparável
mulher, a D. Isaurinda, sua verdadeira “alma-gémea” em tudo, sendo difícil
encontrar duas pessoas tão completas, tão Amigas dos seus Amigos, tão interessadas
com o bem estar de todos à sua volta!...
Não são palavras de circunstância
que nos levam a dizer que o Policiário ficou bem mais pobre. Há um vazio físico
que fica, mas atenuado pela certeza de que todos nós ficámos bem mais ricos com
o tempo que pudemos usufruir da sua companhia.
1 comentário:
Subscrevo! Grandes amigos...
Um abraço
Zé
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