domingo, 10 de agosto de 2014

POLICIÁRIO 1201

[Transcrição da secção n.º 1201 publicada 
hoje no jornal PÚBLICO]



 QUE DISFARCE USOU O LARÁPIO PARA ROUBAR A CANETA VALIOSA: CINDERELA, PINÓQUIO, PRÍNCIPE OU BRANCA DE NEVE?

 Como nos dizia um confrade há poucos dias, “o Policiário não dá tréguas, nem em Agosto”.
É bem verdade, mas foi uma opção que tomámos, depois de muitas tentativas de “encaixar” a nossa época competitiva no calendário das pessoas, respeitando os seus tempos de outros lazeres. Também os 22 anos que já levamos neste espaço, leva-nos aos tempos em que apenas o jornal publicava os desafios e quem não conseguisse arranjá-lo nos locais para onde ia de férias, ficava obrigado a malabarismos vários, desde fotocópias que outros confrades disponibilizavam, até cópias dos problemas que o orientador enviava… As facilidades da via “internet” aconteceram muito depois…
Aconteceu, então, que dividimos a época em duas partes, interrompendo nos meses de Julho e Agosto, tendo verificado que ocorria um “corte” que desmobilizava, ou pelo menos “arrefecia” as células cinzentas… Igualmente tentámos fazer épocas de competição entre os meses de Outubro e Junho, destinando Julho e Agosto a classificações, homenagens, recordações, mas também assim não nos sentíamos bem, parecia que faltava alguma coisa, era estranho haver um campeão de uma época e não de um ano, um Policiarista do Ano, sem ano, enfim, uma qualquer coisa que não jogava…
Acabámos por regressar ao ponto de partida: Competições de um ano civil, com prazos mais alargados nos meses de férias, para que ninguém fique excessivamente pressionado por estar longe e sempre com a “muleta” do nosso blogue Crime Público ou do sítio Clube de Detectives.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2014
PROVA N.º 7 – PARTE II
“IDENTIDADE USURPADA” – Original de PAULO

Charles Grimm Andersen, famoso escritor de contos infantis, estava hospedado no hotel La Fontaine. Foi para esse local que eu me desloquei a seu pedido, com a concordância do diretor do hotel, com o objetivo de descobrir quem lhe roubara uma valiosa caneta de ouro incrustada com diamantes.
O autor tinha convocado algumas das suas personagens mais famosas para discutir com elas possíveis sequências das histórias de que eram protagonistas.
De acordo com a investigação que o detetive do hotel, um tal Hércule Dupin, já fizera, haveria quatro suspeitos que eu deveria interrogar e investigar.
Cinderela que, de origens humildes, surgia agora sempre elegantemente vestida, após o casamento com um príncipe, que lhe devolvera o sapato que perdeu num baile mesmo antes da meia-noite. Pinóquio, um estranho homem de madeira que ganhara vida e tentava transformar-se em humano. O Príncipe, apenas conhecido por este nome, que salvara de um sono de 100 anos uma bela princesa que todos conheciam por Bela Adormecida. A princesa Branca de Neve, acompanhada da sua corte de sete anões, que também se alojara no hotel.
Tendo chegado ao hotel pela uma da madrugada e tendo falado com o incompetente Hércule Dupin,- incompetente por ainda não ter descoberto o ladrão e necessitar da minha ajuda-, decidi ficar acordado toda a noite, vigiando os quartos dos quatro suspeitos.
Consegui descobrir coisas espantosas, que não surgem nas histórias infantis, mas que estas quatro personagens protagonizaram. O Pinóquio dormiu no quarto da Cinderela e a Branca de Neve passou a noite no quarto do Príncipe.
E andavam estas personagens a dar lições de moral e comportamento às crianças, enquanto se divertiam a trair os seus cônjuges.
Decidi interrogar um de cada vez, questionando-os sobre o que tinham feito na noite anterior, para testar a sua apetência para a mentira, e na tarde em que ocorrera o roubo.
Em relação à noite anterior todos referiram ter estado sozinhos nos seus quartos. No que concerne à tarde do roubo, Cinderela disse ter andado sozinha a visitar sapatarias, claro que todas com sapatos de cristal. Pinóquio contou que passara a tarde no quarto. O Príncipe fora visitar um antiquário, pretendendo adquirir uma valiosa coleção de agulhas de costura para oferecer à sua Bela, - e eu bem percebia porquê-. Branca de Neve ficara no quarto a conversar com o espelho mágico que a sua madrasta abandonara.
Lindas respostas. Todos uns grandes mentirosos. Mesmo que alguma verdade existisse no que diziam em relação à tarde em que ocorrera o roubo, não sabia como iria fazer para o comprovar. Cada vez estava mais irritado pelo Hercule Dupin não ter resolvido o caso e ter que me chamar a mim para ultrapassar a sua inépcia.
Enquanto me dirigia ao quarto do escritor para o colocar ao corrente da situação, pensava nos rostos impenetráveis e imóveis, sem mexerem um único músculo, a mentirem-me sobre o que se passara na noite anterior e sem revelarem o mínimo deslize que me permitisse dizer que mentiam.
Charles Grimm Andersen revelou-me a sua preocupação. Temia que além daquele roubo mais alguma coisa pudesse acontecer. Suspeitava que um dos seus convidados não fosse quem dizia. Alguns pequenos incidentes pareciam indicar a presença de um estranho no grupo, com identidade falsa, embora ele não conseguisse descobrir quem seria, e poderia ser esse estranho ou estranha quem roubara a caneta. Sabia que as suas personagens andavam a ter problemas de ordem sentimental, mas que isso não as transformava em ladrões. Para roubar, só um estranho ou estranha. Nunca poderia ser uma das suas criações. Alguém se disfarçara da sua verdadeira personagem.
Eu já tinha uma ideia sobre o assunto e expus-lha, concluindo, embora sem provas, que quem tinha a identidade falsa também poderia ter roubado a caneta.
Quem acha que está com a identidade falsa?
A-    A Cinderela
B-    O Pinóquio
C-    O Príncipe
D-    A Branca de Neve


E pronto.
Resta aos nossos “detectives”, encontrarem a alínea que responde ao problema do confrade Paulo.
Depois, é tempo de enviarem a proposta de solução e este enigma e ao que publicámos na passada semana, do mesmo autor, impreterivelmente até ao próximo dia até ao dia 15 de Setembro, usando um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um dos endereços:
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas férias, para quem as tiver e boas deduções!






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