[Transcrição da secção n.º 1201 publicada
hoje no jornal PÚBLICO]
QUE DISFARCE USOU O LARÁPIO PARA ROUBAR A
CANETA VALIOSA: CINDERELA, PINÓQUIO, PRÍNCIPE OU BRANCA DE NEVE?
Como nos dizia um confrade há poucos dias, “o
Policiário não dá tréguas, nem em Agosto”.
É
bem verdade, mas foi uma opção que tomámos, depois de muitas tentativas de
“encaixar” a nossa época competitiva no calendário das pessoas, respeitando os
seus tempos de outros lazeres. Também os 22 anos que já levamos neste espaço,
leva-nos aos tempos em que apenas o jornal publicava os desafios e quem não
conseguisse arranjá-lo nos locais para onde ia de férias, ficava obrigado a
malabarismos vários, desde fotocópias que outros confrades disponibilizavam,
até cópias dos problemas que o orientador enviava… As facilidades da via “internet”
aconteceram muito depois…
Aconteceu,
então, que dividimos a época em duas partes, interrompendo nos meses de Julho e
Agosto, tendo verificado que ocorria um “corte” que desmobilizava, ou pelo
menos “arrefecia” as células cinzentas… Igualmente tentámos fazer épocas de
competição entre os meses de Outubro e Junho, destinando Julho e Agosto a
classificações, homenagens, recordações, mas também assim não nos sentíamos
bem, parecia que faltava alguma coisa, era estranho haver um campeão de uma
época e não de um ano, um Policiarista do Ano, sem ano, enfim, uma qualquer
coisa que não jogava…
Acabámos
por regressar ao ponto de partida: Competições de um ano civil, com prazos mais
alargados nos meses de férias, para que ninguém fique excessivamente
pressionado por estar longe e sempre com a “muleta” do nosso blogue Crime
Público ou do sítio Clube de Detectives.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2014
PROVA
N.º 7 – PARTE II
“IDENTIDADE
USURPADA” – Original de PAULO
Charles
Grimm Andersen, famoso escritor de contos infantis, estava hospedado no hotel La
Fontaine. Foi para esse local que eu me desloquei a seu pedido, com a
concordância do diretor do hotel, com o objetivo de descobrir quem lhe roubara
uma valiosa caneta de ouro incrustada com diamantes.
O
autor tinha convocado algumas das suas personagens mais famosas para discutir
com elas possíveis sequências das histórias de que eram protagonistas.
De
acordo com a investigação que o detetive do hotel, um tal Hércule Dupin, já
fizera, haveria quatro suspeitos que eu deveria interrogar e investigar.
Cinderela
que, de origens humildes, surgia agora sempre elegantemente vestida, após o
casamento com um príncipe, que lhe devolvera o sapato que perdeu num baile
mesmo antes da meia-noite. Pinóquio, um estranho homem de madeira que ganhara
vida e tentava transformar-se em humano. O Príncipe, apenas conhecido por este
nome, que salvara de um sono de 100 anos uma bela princesa que todos conheciam
por Bela Adormecida. A princesa Branca de Neve, acompanhada da sua corte de
sete anões, que também se alojara no hotel.
Tendo
chegado ao hotel pela uma da madrugada e tendo falado com o incompetente
Hércule Dupin,- incompetente por ainda não ter descoberto o ladrão e necessitar
da minha ajuda-, decidi ficar acordado toda a noite, vigiando os quartos dos
quatro suspeitos.
Consegui
descobrir coisas espantosas, que não surgem nas histórias infantis, mas que
estas quatro personagens protagonizaram. O Pinóquio dormiu no quarto da
Cinderela e a Branca de Neve passou a noite no quarto do Príncipe.
E
andavam estas personagens a dar lições de moral e comportamento às crianças,
enquanto se divertiam a trair os seus cônjuges.
Decidi
interrogar um de cada vez, questionando-os sobre o que tinham feito na noite
anterior, para testar a sua apetência para a mentira, e na tarde em que
ocorrera o roubo.
Em
relação à noite anterior todos referiram ter estado sozinhos nos seus quartos.
No que concerne à tarde do roubo, Cinderela disse ter andado sozinha a visitar
sapatarias, claro que todas com sapatos de cristal. Pinóquio contou que passara
a tarde no quarto. O Príncipe fora visitar um antiquário, pretendendo adquirir
uma valiosa coleção de agulhas de costura para oferecer à sua Bela, - e eu bem
percebia porquê-. Branca de Neve ficara no quarto a conversar com o espelho
mágico que a sua madrasta abandonara.
Lindas
respostas. Todos uns grandes mentirosos. Mesmo que alguma verdade existisse no
que diziam em relação à tarde em que ocorrera o roubo, não sabia como iria
fazer para o comprovar. Cada vez estava mais irritado pelo Hercule Dupin não
ter resolvido o caso e ter que me chamar a mim para ultrapassar a sua inépcia.
Enquanto
me dirigia ao quarto do escritor para o colocar ao corrente da situação,
pensava nos rostos impenetráveis e imóveis, sem mexerem um único músculo, a
mentirem-me sobre o que se passara na noite anterior e sem revelarem o mínimo
deslize que me permitisse dizer que mentiam.
Charles
Grimm Andersen revelou-me a sua preocupação. Temia que além daquele roubo mais
alguma coisa pudesse acontecer. Suspeitava que um dos seus convidados não fosse
quem dizia. Alguns pequenos incidentes pareciam indicar a presença de um
estranho no grupo, com identidade falsa, embora ele não conseguisse descobrir
quem seria, e poderia ser esse estranho ou estranha quem roubara a caneta.
Sabia que as suas personagens andavam a ter problemas de ordem sentimental, mas
que isso não as transformava em ladrões. Para roubar, só um estranho ou
estranha. Nunca poderia ser uma das suas criações. Alguém se disfarçara da sua
verdadeira personagem.
Eu
já tinha uma ideia sobre o assunto e expus-lha, concluindo, embora sem provas, que
quem tinha a identidade falsa também poderia ter roubado a caneta.
Quem
acha que está com a identidade falsa?
A- A Cinderela
B- O Pinóquio
C- O Príncipe
D- A Branca de Neve
E
pronto.
Resta
aos nossos “detectives”, encontrarem a alínea que responde ao problema do
confrade Paulo.
Depois,
é tempo de enviarem a proposta de solução e este enigma e ao que publicámos na
passada semana, do mesmo autor, impreterivelmente até ao próximo dia até ao dia
15 de Setembro, usando um dos seguintes meios:
-
Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
-
Por e-mail para um dos endereços:
-
Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas
férias, para quem as tiver e boas deduções!
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