[Transcrição da secção n.º 1210 publicada
hoje no jornal PÚBLICO]
A HISTÓRIA DE UM SEQUESTRO
QUE ACABA BEM!
Aproximamo-nos em passos largos do final das nossas competições desta
época, com alguns percalços relacionados com prazos e com produções que teimam
em não aparecerem.
De qualquer forma, uma semana depois da data prevista para a
publicação, podemos ler hoje o desafio do confrade” Ponto Pt” que vai ser o
monopolizador das atenções durante algumas semanas.
Como sempre, apelamos aos “detectives” que não respondam levianamente a
primeira coisa que vier à cabeça. O Policiário é um jogo que requer muita
atenção, algum estudo e paciência, muita paciência! Leituras e análises
cuidadas, são condições essenciais para bons desempenhos.
Eis o desafio n.º 9 e penúltimo:
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL –
2014
PROVA N.º 9 – PARTE I
“AS ÁRVORES DAS PATACAS” – Original de PONTO
PT
Há muitos, muitos anos, referia a memória de ouvir contar histórias de
arrepiar, também de grande mistério, de viagens enormes, durando meses, por
barco, rumo à terra das chamadas “árvores das patacas”.
Nesses tempos, a miséria empurrava para o mar e era lá num longínquo
fim do mundo que ficava a riqueza para alguns, claro está e mais miséria para
muitos outros.
Para os primeiros, mais tarde ou mais cedo, era tempo de regresso às
origens, ostentando o sucesso.
Para os segundos, era uma viagem sem regresso, muitas vezes fazendo-se
“perdidos” e nunca achados, porque acrescentar miséria à miséria não era opção,
numa altura em eram apontados casos de riqueza extrema e sucesso miraculoso,
sem se procurar saber a que preço…
Outros tempos…
Mais tarde houve a paga, o sentido inverso com milhares a desembarcarem
em busca de melhor vida e trabalho, numa época de melhores comunicações e em
que o “desaparecimento” já era mais complicado e difícil. Houve histórias de
sucesso e de completo insucesso, mas já com mecanismos de apoio para quem
queria regressar à sua terra de origem. Não havia “árvores das patacas”, mas
havia trabalho e havendo trabalho, havia dinheiro e havendo algum dinheiro, mesmo
que não fosse muito, como era para viver uma terra onde pouco havia, muito
parecia…
E os movimentos passaram a ser em ambos os sentidos. Uns iam, outros
vinham, em fluxos diferentes, pois então, que os ciclos também diferenciavam.
Péricles Anacleto era um desses viajantes, que tinha como objectivo
fazer fortuna, pelo que, dando corpo ao ditado “ano novo, vida nova”, partiu
logo depois das Festas, também com a missão de cumprir três sonhos que não eram
seus, mas que assumiu no leito da morte de alguém que muito amava e respeitava:
O primeiro era uma espécie de romagem que estava obrigado a fazer a
Viseu, uma cidade que, ao que parecia, representava muito nas origens ou nos
destinos dessa pessoa; o segundo era outra viagem, outra busca de memórias ou
de rumos, em Santarém, certamente um lugar querido para quem não conseguiu
completar todo o caminho; o terceiro e derradeiro desafio, era certamente um
dever ditado por coração moribundo e traçava Belém como destino final.
Não precisava de percorrer os caminhos tenebrosos que outros
percorreram, não precisava de andar dias e dias em alto mar, desafiando
intempéries, em navios mal equipados, sem condições de segurança ou
comodidades. A promessa era só de ir a esses lugares, nada mais, olhando pelos
seus olhos as paisagens que os outros olhos já não poderiam ver. Os aviões
cobririam as maiores distâncias muito rapidamente, os hotéis dariam as
comodidades necessárias e suficientes e toda a promessa ficaria facilmente
cumprida.
E assim aconteceu!
Bem, aconteceu alguma coisa, mas não o que Anacleto previu que
acontecesse!
É que, tal como depois contou, uma vez chegado ao aeroporto procurou um
táxi que o levasse ao hotel que reservara, mas houve contratempos, o taxista
era, afinal, um criminoso que roubara a viatura e que acabou por sequestrar o
nosso Péricles, exigindo muito dinheiro pelo resgate.
O Péricles, desapareceu literalmente e nem a polícia nem os familiares,
alertados pelo hotel da não chegada ao seu destino, conseguiram encontrar
justificação para o desaparecimento.
Só quando chegou o pedido de resgate ficaram a saber do sequestro, mas
já era tarde! O Anacleto conseguira fugir ao seu carcereiro e chegou à polícia
quase ao mesmo tempo da chegada do pedido à família!
Contou que esteve prisioneiro numa barraca sem condições, que passou
fome, mas que acabou por conseguir fugir num momento de menor vigilância e
escapara de ser apanhado por ter conseguido esconder-se durante horas na
folhagem de uma frondosa figueira que, embora tivesse o tronco do outro lado da
vedação, deitava a copa para o jardim onde estava sequestrado. Contou que, bem
dissimulado, assistiu ao desespero do falso taxista, à sua procura, mas que
este nunca suspeitou onde ele estava escondido.
Quando ele se pôs em fuga, desceu da árvore e procurou ajuda.
A coragem do Péricles não foi assim tanta, porque logo apanhou um avião
de volta a casa, deixando por cumprir a promessa feita e nem sequer equacionou
regressar quando foi avisado que o sequestrador foi apanhado pela polícia e
confessou tudo.
Houve quem acreditasse na sua história e houve quem o chamasse
mentiroso.
E o leitor?
Diga-nos o que pensa deste caso e não se esqueça de justificar todas as
suas opções.
E pronto!
Resta aos nossos confrades e “detectives” elaborarem os seus relatórios
e enviá-los, impreterivelmente até ao próximo dia 10 de Novembro, podendo usar
um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada
Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
-
Por e-mail para um dos endereços:
-
Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!
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