[Transcrição da secção n.º 1211 publicada
hoje no jornal PÚBLICO]
A HISTÓRIA (SECRETA) DE UM TOTÓ…
A história de hoje é uma espécie de homenagem a um jogo que encheu de
boas expectativas muitos portugueses nos anos 60, 70 e mesmo 80 do século
passado, antes da perda de influência mercê do aparecimento de novos jogos, com
prémios bem mais aliciantes.
Na memória dos mais “velhotes” ou, melhor dizendo, dos menos jovens,
foi o futebol e a paixão que ele desperta que despoletou uma grande corrida ao
jogo. Por essa época, qualquer noticiário domingueiro acabava com a “chave do
totobola”, com toda a gente a conferir as suas apostas com os resultados
desportivos!
O “1X2” era o mote para grandes discussões, antes dos jogos, com cada
qual a medir as possibilidades do clube A ou B para ganhar em casa (1), empatar
(X) ou ganhar em casa do adversário (2).
Outros tempos…
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL –
2014
PROVA N.º 9 – PARTE II
“CHAMAVA-SE TOTÓ…” – Original de JOGADOR
SANTOS
Olá.
Chamo-me Totó. Não se riam porque esse nome é mesmo o meu, foi-me posto
pelo meu pai e ele teve as suas razões, certamente muito válidas.
Nasci em Lisboa e o meu pai era e ainda é um apaixonado por tudo o que
seja jogo, tem tabelas e lógicas para apostar aqui e ali e nunca falha um bom
desafio. Para tudo ser perfeito para ele, vi a luz do dia, exactamente no mesmo
dia em que o jogo baseado nos resultados de futebol, viram essa mesma luz. Daí
ao nome, foi um pequeno passo!
Mas houve mais, para mal dos meus pecados, os primeiros anos da minha
existência foram marcados por apresentar um aspecto bem rotundo,
assemelhando-me a uma bolinha, que só ajudava ao ambiente trocista em que fui
obrigado a viver.
Mas voltando à minha primeira aparição nesta terra, o meu pai como bom
apostador, como já referi, não deixou passar a oportunidade de tentar a sua
sorte, como depois foi sempre fazendo, com este e com todos os outros jogos que
se seguiram e sempre se gaba, quando o assunto é jogo, que em todas as
primeiras edições de qualquer dos jogos legais que em Portugal apareceram, sempre
ganhou prémios! E isso era a demonstração da sua enorme qualidade como
apostador!
Na verdade, ninguém se recordava se tal sorte era mesmo verdadeira, mas
se fosse realmente assim, também era certo que nunca ganhara grande coisa, grandes
prémios, bem pelo contrário, que a nossa vida jamais foi desafogada e a minha
mãe muitas vezes amaldiçoava o jogo como responsável por muitas das
dificuldades sentidas.
O meu pai era, naqueles anos em que o recordo na fase da minha
infância, uma pessoa com quem se podia brincar, a minha mãe chamava-lhe
irresponsável, mas para mim era um camarada brincalhão, sempre com uma piada,
uma paródia, uma anedota…
Benfiquista até ao tutano, cedo me tentou aliciar para o clube da
águia, mas nós, miúdos, não conseguimos seguir a lógica dos adultos e… acabei
dragão!
Mas dele nunca recebi qualquer crítica ou remoque sobre a minha opção
juvenil, que se arrastou até hoje e certamente continuará até ao fim. Dizia ele
que era normal que os miúdos se apaixonassem pelos perdedores, que nessa época
lá para os lados do Douro não se festejavam títulos. Mas para mim a explicação
era outra, um dragão era muito mais apelativo do imaginário que uma simples
águia…
Dizia ele, com o seu melhor sorriso malandro:
- Sabes, quando nasceste, naquele dia mesmo, tive um prémio razoável no
jogo e por isso te dei o nome que tens. Não foi um grande prémio mas como
acertei todos os outros jogos, podia ser muito maior se não fosse o meu
benfiquismo…
- Puseste o Benfica a ganhar e ele não ganhou, foi?
- Não, claro que o pus a ganhar e ele ganhou mesmo.
- Então foi o Sporting ou o Porto que não puseste a ganhar?
- Foi, pus os dois a perderem, como bom benfiquista que sempre fui! Mas
como nasceste tu, fui amplamente recompensado! Já tinha esgotado a minha dose
de sorte desse dia e claro que não te trocava pelo prémio maior, pelo 13, nem
que ganhasse sozinho…
Sorriu com o seu melhor sorriso malandro e nesse momento, quase
acreditei plenamente nele!
A- O prémio do jogo terá sido razoável, como
ele diz;
B- O prémio do jogo terá sido bem maior do que
ele diz;
C- O prémio terá sido mais pequeno do que ele
diz;
D- Não terá havido prémio do jogo para ele;
E pronto.
Depois das leituras que cada “detective” entender necessárias para
apreender o sentido do problema, resta a opção pela alínea correcta e enviar a
sua proposta, impreterivelmente até ao próximo dia 10 de Novembro, para o que
poderá utilizar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada
Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
-
Por e-mail para um dos endereços:
-
Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!
Recordamos que para estes desafios de escolha múltipla, é imperioso que
seja assinalada a letra correspondente à hipótese pretendida.
Alguns confrades desenvolvem argumentações em defesa de uma ou outra
alternativa, situação que sempre aceitámos e continuaremos a aceitar, porque
aqui, no Policiário, não há respostas fechadas, há sempre a possibilidade de um
confrade demonstrar que num problema há mais do que uma solução válida e nesse
caso todas serão consideradas. No entanto, se em lugar algum da solução indicam
com clareza a sua opção, a partir de agora, serão sempre consideradas opções
erradas, mesmo que as conclusões até sejam correctas.
Pedimos a compreensão dos leitores e “detectives” para a
impossibilidade de ser o orientador a procurar nos textos enviados (sem
necessidade porque o regulamento indica claramente que apenas deverá ser
assinalada a alínea de opção), com perdas de tempo e, muitas vezes, com
dificuldade em entender o que o concorrente pretende.
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