RESOLVIDOS
MISTÉRIOS DE ASSALTO
E
DE CARRO DESAPARECIDO
Chegamos
ao momento de ficarmos a conhecer as soluções da primeira prova das nossas
competições desta época.
Tratando-se
da primeira prova deste ano, acaba funcionando como uma espécie de aperitivo
para o que se seguirá e uma primeira experiência para todos os confrades que só
agora resolveram começar a competir connosco.
Não
sendo problemas especialmente complicados, também não podemos dizer que estavam
isentos de alguns erros, que os seus autores, certamente por alguma
inexperiência, não acautelaram.
No
problema “O Assalto”, o Inspector Jagodes produziu um bom desafio, mas deixou
algumas pontas soltas, que poderiam ter sido resolvidas de forma mais objectiva,
impedindo conclusões que, precipitadamente, alguns “detectives” retiraram. Ao
produtor compete, sempre, orientar cada caso, fechando todas as hipóteses de
haver outras soluções ou interpretações. De qualquer forma, tratando-se do
primeiro desafio, o orientador terá sempre em linha de conta esses factores, no
momento de classificar. Um solucionista não deverá ser penalizado por retirar
conclusões plausíveis, a partir de dados fornecidos pelo produtor para serem
analisados de outra forma.
Nestas
coisas do Policiário, a experiência é de importância capital e o mais
importante é que cada produtor continue a produzir desafios, melhorando-os a
cada momento, procurando sempre novas chaves para decifração, apostando na sua qualidade. Será frustrante
chegarmos à conclusão de que um determinado problema não tem a resposta
adequada, depois de imenso tempo perdido na sua análise, ou que é anulado após
tanto esforço, muitas vezes por pormenores que poderiam ser evitados.
Por isso vamos lançando o nosso apelo para que todos os
nossos “detectives” elaborem um desafio, de qualquer dos tipos e o façam com o
espírito de propor aos restantes confrades aquilo com que gostariam de ser
confrontados. Aquilo que lhes daria prazer resolver. Se cada decifrador
produzisse um desafio e depois arrostasse as críticas que lhe são feitas,
quantas vezes injustificadamente, certamente passaria a encarar o trabalho de
criação de outra forma.
Como é sabido, um problema passa sempre pelo contar de uma
história, por retratar uma cena verosímil, capaz de ter ocorrido em qualquer
lugar, que envolva um enigma e a sua resolução. Terminada a exposição dos
factos, no exacto momento em que o investigador vai passar à fase de
apresentação das conclusões e exibir as provas em que se baseia para apontar o
responsável, o produtor interrompe o seu conto e lança os seus desafios. Alguns
produtores escolhem o método de fazer algumas perguntas, que querem ver
respondidas, outros optam por simplesmente interromperem o texto e aguardarem
pelos relatórios. No caso dos de escolha múltipla, o texto termina com as
quatro hipóteses de solução, de entre as quais o decifrador terá que escolher
uma.
Cabe-nos, aqui, saudar o Inspector Jagodes e o Ferra Hary
por nos terem trazido bons momentos de decifração e incentivá-los a
prosseguirem na senda da procura de mais e melhor qualidade, sempre com a
certeza de que a perfeição não existe e mesmo os melhores e mais consagrados
produtores falham e cometem erros.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2016
SOLUÇÕES
DA PROVA N.º 1
PARTE
I – “O ASSALTO” – de INSPECTOR JAGODES
O
Toneca não pode ter cometido o assalto. A descrição que é feita diz que está a
chover torrencialmente, daquela chuva de trovoada, que o João apanhou
estoicamente a caminho de casa. Quando o suposto Toneca sai do prédio e vira na
sua direcção, para depois rectificar e subir a rua, a chuva ainda cai com
intensidade, o mesmo acontecendo enquanto sobe a rua, Portanto, certamente que
molhou bastante a roupa que vestia.
Quando
o João vai ao salão de jogos, fica a saber pelo Pixote que ele foi ao quarto
porque estava mal disposto, mas regressou ao jogo. Portanto, teria de ser nesse
espaço de tempo que realizaria o assalto, para regressar ao jogo. Mesmo
partindo do princípio que ele saía directamente para a casa onde ocorreu o assalto,
fazia o assalto, molhava a roupa no trajecto, subia ao quarto, mudava de roupa
e regressava ao jogo, ficava sempre a questão do destino dado à roupa molhada
que ele mudara, os sapatos, etc.
A
polícia verificou a roupa que ele envergava, que estava impecável, como é
referido, o que quer dizer que não estava molhada e foi ao quarto onde nada
encontrou de significativo, portanto não havia roupa molhada nem o produto do
roubo.
Também
não seria lógico que a Catarina não identificasse o Toneca quando foi agredida,
mas aí podia haver um acto de intimidação ou um falso testemunho da parte dela,
por amor ou outra coisa qualquer.
Finalmente,
se o assaltante fosse o Toneca, após o assalto não teria virado para o lado de
onde vem o João, para depois inverter o rumo, mas viraria logo para o lado onde
estava o seu jogo e o seu quarto e para onde quereria ir.
A
reacção do Toneca ao rumar imediatamente à casa da Catarina não pode ser tomada
como surpreendente porque estando tão perto e sendo-lhe dito pelo João que a Catarina
foi assaltada, era normal que tomasse logo essa direcção.
A
única conclusão a retirar é a de que não foi o Toneca quem praticou o assalto.
PARTE
II – “O MISTÉRIO DO CARRO DESAPARECIDO” – de FERRA HARY
A
hipótese correcta é a B – Juca.
Ele
diz que não mexeu no carro da mãe, mas advertiu o irmão de que o carro tinha
uma luz fundida, que mais ninguém refere e que ele naquele momento não devia
saber porque ainda não era noite e ninguém ligara as luzes. O que ele quis foi
que o irmão não levasse o carro para poder ser ele a levá-lo.
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