sexta-feira, 13 de maio de 2016

NOVAS JARTURICES

Ilustres e ilustradíssimos "sherlocks".
Só mesmo uma sexta-feira 13, para que eu me atrevesse a "ressuscitar" esse importante torneio.
O evento estava prometido, e a ser preparado desde há muito tempo, mas faltava-me localizar a solução do último problema do certame. Foi o meu... nosso grande Amigo Manuel Barata Dinis, que me enviou, recentemente, uma fotocópia da página do «Diário Popular», "Sábado Policial", que era então elaborada pelo Clube de Literatura Policial. É, pois, ao MBD Big-ben Figaleira que se ficará a dever o arranque desta nova série de Jarturices, também Figaleirices.
E a propósito, deixem-me recordar que foi precisamente numa sexta-feira 13, há quatro  cinco lustros de anos, que se realizou uma magnífica e diabólica noite de fantasmas, em
que convivemos umas dezenas de "sherlocks", com o Gentil Marques bancando o Holmes e o Inspector Aranha recebendo-nos à entrada daquele "inferno", disfarçado de carrasco, com o seu ameaçador cutelo. Quando me aparecerem, a capa e as páginas do «Correio da Manhã», - que preservei para memória futura - onde a inolvidável cerimónia foi noticiada, prepararei um «Recort" especial.
Entretanto, alguns de vocês, que estiveram presentes, podem dar largas à "recordação"... já que, recordar é reviver.
Revigoremos as nossas amizades, com um grande abraço do
Jartur



 III  TORNEIO  NACIONAL  DE  PROBLEMÍSTICA  POLICIÁRIA
                                                                       Ressuscitado por: Jartur Mamede
1.º Problema - 1.ª Eliminatória
O CASO DO COLAR DESAPARECIDO        Publicado em: “O Gosto do Mistério”
Original de: BIA SOTAM                                 «Flama» # 570 – 06.02.1959

            Porque será que nos TORNEIOS NACIONAIS não aparecem produções de «sherlocks» se saias?... Na verdade, uma coisa que se tem notado em todas as secções existentes é que, quase sempre, as produções são feitas por homens; porquê?
            Será que neste aspecto, como em outros (não em todos), os homens têm mais jeito?
            Pensando nisto, e quando já faltava pouco para terminar o prazo de inscrição para o III Torneio Nacional, enchi-me de coragem e pensei: - Porque não envio eu uma produção? – Alguma terá de ser a primeira!...
            Bem, a ideia estava forjada, mas quem é que eu havia de pôr a investigar o caso… Sim, porque não fica bem ser eu a investigar…Na verdade estas coisas ficam melhor aos homens, não concordam?
            Estava pensando nestas coisas quando o meu telefone tocou!
            Mister… Io perguntava-me se eu e o SABOT já tínhamos feito a inscrição para o Nacional… Aproveitei logo e pedi-lhe um conselho, e realmente, fiquei satisfeita pois deu-me uma ideia que ainda não tinha tido, talvez porque SABOT era ainda um «sherlock» pouco conhecido, estava agora a iniciar-se nestas coisas. Mas ficou assente, o investigador seria o meu marido.

* * * * *

            Acabavam de dar as 11 badaladas no relógio do Seminário, quando a campainha da nossa porta tocou…
            Cheguei à janela, que escaldava pelo sol que lhe batia de chapa, e olhei para baixo… Um homem perguntou:
            - É aqui que mora o sr. SABOT?
            - Sim é aqui, que deseja?
            - Entregar-lhe uma carta urgente!
            Dentro de momentos, meu marido que ainda envergava o seu roupão, lia com avidez, o seguinte:

                        Sr. Sabot
            Agradecia que viesse imediatamente à residência da senhora Baroneza de X… Pois acaba de se dar um roubo. O colar de pérolas da senhora Baroneza, desapareceu.
            Quem vos escreve é a criada Miquelina… Ainda vi o gatuno fugir pela janela da casa das jóias.
            Como calcula estou deveras aflita, pois não sei como hei-de dizer do desaparecimento da jóia quando regressar a senhora Baroneza e a filha, que foram a Bruxelas.
                                                                                              Miquelina


 *  *  *  *  * 
            SABOT depois de se arranjar convenientemente, fez subir o portador da carta para o seu carro e partiu.
            Pelo caminho foi sabendo mais pormenores, e assim teve conhecimento de que a senhora Baroneza era viúva, e partira com a filha, havia uma semana. Dispensara o resto da criadagem, ficando apenas Miquelina e António (o portador da carta), com a incumbência de zelarem pelo palacete.
      *  *  * 

            Chegaram… Um edifício de dois andares dentro de um enormíssimo jardim bem tratado, e cercado por alto gradeamento… O portão achava-se fechado e era António quem possuía a chave.
            Miquelina encontrava-se sentada numa cadeira, na casa das jóias (assim denominada pela senhora Baroneza por ali estarem depositadas todas as jóias).
            Miquelina, logo que SABOT entrou, dirigiu-se-lhes nestes termos:
            - Oh! Meu senhor! Apanhe o ladrão… Que vai ser de mim quando a senhora Baroneza voltar!
            - Vamos lá a saber. Que é que você viu afinal? – Diz que ainda viu o gatuno, pode dar-me os seus sinais?
            - Mas, é impossível senhor! Tinha o rosto tapado por uma máscara, e eu confesso, fiquei de tal forma aflita, que nem gritar pude. Só passado algum tempo consegui reunir forças para telefonar ao António, que se encontrava no rés-do-chão, contando-lhe o sucedido.
            - Diga-me então quais os seus passos até eu chegar!
            - Os meus passos? Não percebo!
            - Sim, o que fez, onde foi… Todos os seus passos, percebe?
            - Bem, eu vinha fazer limpeza a esta casa, quando, ao abrir a porta vi um vulto fugir… Ele ainda me notou, pois vi que ele me olhava. Como disse, fiquei de tal forma transtornada, que de momento nem pude fazer nada, porém, logo que o consegui, dirigi-me ao telefone que fica logo a seguir à porta desta sala, no corredor, e liguei para o António. Sabe, nós temos uma ligação que nos permite falar para o rés-do-chão. Logo a seguir apareceu o António, dirigi-me então àquele armário, onde há papel e tinta, e escrevi a carta para si. Depois… bem, depois aqui tenho estado sentada nesta cadeira a chorar, e esperando que o senhor chegasse.
            - A senhora Baroneza levou muitas jóias para Bruxelas? – perguntou SABOT.
            - Não, quando vai para o estrangeiro leva apenas o indispensável, pois receia sempre um roubo… tem-se visto tanta coisa…
            SABOT olhou para toda a dependência; dois móveis, um armário, algumas cadeiras e dois «maples» naquela sala pequena de duas janelas.
            Querendo ver a altura que ía da janela ao solo, SABOT abriu a janela e olhou para baixo…
            Logo a seguir estava descoberta a chave do mistério!
            O que SABOT viu, foi o suficiente para descobrir tudo.
            Quando a Baroneza chegasse, o colar estaria já no seu devido lugar.
                       
* * * * *

PERGUNTA-SE
                                   Que viu Sabot?
                                   Houve algum procedimento que lhe pareceu estranho? Qual?


  Jarturice. III TNPP (01)
 Divulgada em 13.05.2016

Sem comentários: