ADIAMENTO
DA ÚLTIMA PROVA DE 2018
Por motivos pessoais do
coordenador do espaço e por necessidade de maior aprofundamento de alguns
pormenores da produção que vai encerrar as competições desta época, somos
obrigados a adiar por uma semana a sua publicação.
Pelo facto, pedimos desculpas aos
nossos “detectives”.
PRODUÇÕES, PRODUTORES E DECIFRADORES
INTRODUÇÃO
O trabalho dos produtores será
sempre respeitado na nossa secção, não devendo haver susceptibilidades feridas
por qualquer crítica, mesmo que seja entendida como injusta.
Quando nos pronunciamos sobre a
excelência de qualquer produção de natureza intelectual, há sempre diversas
interpretações e leituras possíveis e temos que estar devidamente preparados
para ouvirmos tudo aquilo que não gostaríamos de ouvir.
A franqueza nos comentários,
mesmo se injustos, é sempre um factor positivo e assim deve ser entendido por
todos.
Ao contrário de outras vozes,
queremos reforçar que qualquer participante do nosso passatempo pode e deve
pronunciar-se sobre TODOS os assuntos que nos digam respeito e por isso não
aceitamos que alguém ataque ou contra-ataque na base de o seu opositor não ser
produtor e por isso não ter direito a melhor opinião.
Para exercermos o direito à crítica
não é necessário sermos capazes de fazer melhor.
Se criticamos um político porque entendemos
que faz mal o seu trabalho, não precisamos de já ter estado na posição dele
para avaliarmos o seu desempenho.
Como utente de um problema
policiário, que vamos tentar solucionar, não precisamos de saber fazer melhor
para apontarmos os erros e falhas que nesse problema encontramos.
Portanto, as conclusões a que
pretendemos chegar serão sempre um somatório de diferentes críticas e visões,
vindas de produtores, solucionistas, simples leitores desinteressados da
competição e não apenas de produtores actuais ou antigos.
O PRODUTOR
É um elo principal do nosso
passatempo. Sem produtores capazes de nos desafiarem em cada momento, nunca
poderemos ter competição aliciante.
Todos os leitores podem ser
produtores, bastando para isso que tenham um domínio capaz da língua portuguesa,
algum gosto pelo mundo policial e capacidade para contar uma história que ele
mesmo vai interromper no momento em que entender que estão fornecidos os elementos
para que os outros confrades a terminem.
O produtor é “rei e senhor” da
sua história, pode orientá-la para onde quiser e “fabricar” mundos e cenários
que podem ser irreais, desde que todos esses dados sejam transmitidos aos
decifradores.
O que é obrigatório é que haja
uma coerência de discurso, que todos os dados se articulem devidamente e
estejam inequivocamente colocados no enunciado, ainda que de forma dissimulada.
Será sempre tarefa dos
decifradores recriarem o ambiente em que se desenvolve a acção e agirem em
conformidade.
Em resumo, a importância do
produtor é tal que podemos considerá-lo o verdadeiro “dono” do problema, com
todas as implicações que esse conceito pode ter, também de propriedade.
Se um autor nos propuser um mundo
ao contrário, em que a força da gravidade é inversa, em que a cabeça está nos
pés, o dever do decifrador é aceitar esses elementos como concretos e não os
poderá questionar à luz dos conhecimentos anteriormente adquiridos.
O que cabe ao produtor é explicar
no concreto que mundo nos está a apresentar, em que as regras e leis da física,
por exemplo, não se aplicam no todo ou na parte. Fazendo passar a acção dentro
de uma nave espacial, por exemplo. Ou em que as cores não são as que
conhecemos, o céu pode ser amarelo, a relva vermelha, o mar cor-de-rosa, etc..,
não podendo o decifrador basear a sua solução na contradição da coloração. Se o
autor assim construiu o seu mundo, assim é esse mundo.
A PRODUÇÃO
Tratando-se da obra de criação de
um produtor, é ela a base do nosso passatempo.
Não tem, obrigatoriamente, regras
definidas nem conceitos rígidos. Um conto de índole policial, em que a
narrativa é interrompida pelo seu autor para abrir o espaço necessário à
interpretação e análise dos elementos fornecidos, com vista à resolução do
enigma, eis, no essencial, um problema policial.
O autor, como referimos, é dono e
senhor da narrativa, coloca as personagens onde melhor servem os seus
interesses, cria o ambiente onde se desenrola a acção, inventa, se assim
quiser, situações.
Mas está refém da obrigatoriedade
de fornecer os dados essenciais aos decifradores.
Ao invés, se as acções se passam
no nosso “mundo real”, o autor está dispensado do dever de descrição
aprofundada e completa do ambiente onde se desenrola a acção.
Queremos dizer com isto que se a
cena se passa em Lisboa, no Outono, não é preciso caracterizar a cidade ou
referir os sinais outonais, porque é tarefa dos decifradores buscarem essa
informação.
Mas se a acção se passa numa
cidade algures no mundo, aí o produtor tem que fornecer a descrição
pormenorizada que possa conduzir o decifrador até ao ponto que o produtor
pretende que ele atinja.
Daí que digamos que um caso
policial não tem que ser real, não tem que ser verificável à luz dos nossos
conhecimentos anteriores, mas também pode ser assim. Essa escolha não é dos
decifradores, mas sim dos produtores.
O DECIFRADOR
Ele é o verdadeiro detective que
vai decifrar os casos e lutar contra os criminosos. É para ele que se produzem
os desafios, em última análise.
Tal como na vida real, da sua
capacidade vai depender o sucesso da luta contra o crime. Vai estar perante
cenas que os produtores lhe vão colocar e vai sair-se delas em conformidade com
as suas reais capacidades.
É ele o rei e senhor da
decifração, é ele o dono da solução.
Nesta fase, o produtor já não tem
intervenção. A sua tarefa terminou no momento em que colocou o desafio, em que
descreveu capazmente a situação e resta-lhe sair de cena.
Se a produção está bem elaborada,
se apenas permite uma solução válida, o grande teste vai ser resistir às
inúmeras abordagens a que todos os decifradores a vão sujeitar.
O trabalho solitário do produtor
vai ser agora testado até ao limite por centenas ou milhares de decifradores.
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