MATARAM
O SENHOR RIBEIRO
As
dificuldades sobre a primeira parte da prova n.º 10 mantém-se, razão pela qual
avançamos para a parte II, com a promessa de que o problema faltoso será
publicado, sem falta, na próxima semana, concluindo mais um ano de competição.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2018
PROVA
N.º 10 – PARTE II
“SÁBADO
SANGRENTO” – Original de TROLL
O
domingo amanheceu frio, apesar da Primavera estar há muito instalada. Nos
campos aumentava a azáfama, que na agricultura, como sempre dizia o senhor
Ribeiro, nunca havia tempos mortos, nem horas de estar de papo para o ar.
O
sábado foi de alguma emoção pelo registo da chegada do “menino” Gaspar, que
apesar de não ser propriamente um menino, para toda aquela gente jamais deixara
de o ser. Há uns anos abandonou a quinta e partiu, zangado com o pai Ribeiro e
nunca mais deu notícias, nem uma palavra. Regressou agora, como se nunca
tivesse partido, respirando boa saúde e, mais surpreendentemente, boa aúde
financeira, já que ostentava uma viatura de alta cilindrada, vestuário de
excelente qualidade e carteira recheada. Parecia que queria mostrar ao pai e a
todos, que não precisava deles para nada.
No
sábado à tarde, percorreu a propriedade, como que a matar saudades e no final
da tarde esteve com o pai no escritório, aparentemente em boa cavaqueira e
concórdia, como testemunharam todos os empregados da casa. Parecia que nada
tinha havido entre eles.
Pelas
19 horas, o senhor Ribeiro anunciou ao filho que ia receber Macário,o
contabilista, com quem teria de discutir algumas questões e despediu-se, já que
Gaspar ia sair para jantar em Lisboa, onde o esperavam alguns amigos. Pelas 20
horas, depois de 40 minutos de viagem e mais uns tantos para procurar
estacionamento, Gaspar estava em alegre convívio em Lisboa.
Regressou
à quinta nos alvores de domingo, muito bem bebido e meio descomposto, sendo
amparado pelos empregados e conduzido ao quarto, tendo caído em cima da cama,
onde ficou a ressacar ruidosamente.
Pelas
10 horas, a estranheza da ausência do senhor Ribeiro, um facto absolutamente
inédito, tanto mais que normalmente era o primeiro a acordar, fez com que
fossem bater à porta do quarto, não o encontrando. Dado o alarme, a procura não
foi longa porque o cadáver estava no escritório, na poltrona onde se sentava
frequentemente para ler ou apenas para beber um brandy, no final de cada dia e
onde falava com os seus convidados.
Aquela
mansão enorme, só tinha vida durante o dia, com os criados a tratarem de todos
os pormenores e limpezas, porque o senhor Ribeiro fazia questão de lhe dar o
aspecto e a vida de quando a mulher era viva e o filho corria por aqueles
corredores, em algazarra. Agora, logo que a noite se aproximava, comia qualquer
coisa frugal, dispensava os empregados que iam para os respectivos aposentos,
em outro edifício e ficava só, primeiro com os seus apontamentos, porque tinha
o hábito de escrever todos os passos e conversas diárias, num caderno de folhas
soltas perfuradas, que ia alinhando dia após dia e mais tarde com os seus
pensamentos e memórias, afundado naquela poltrona, até ser hora de se deitar,
após um bom e reparador banho.
Nesta
noite, a rotina foi travada por um tiro desferido na têmpora direita, a curta
distância, pela pistola que estava no chão, junto da sua mão. Não havia mais
qualquer indício da violência que ocorreu naquele compartimento, inspeccionado
ao milímetro.
-
Quando me fui embora, o meu pai ficou muito bem. Ia receber o senhor Macário
para discutir com ele não sei o quê. Eu saí directamente para o carro e fui
para Lisboa jantar e conviver com amigos, não sei de mais nada. Ele tem um
caderno onde aponta tudo, mas não sei onde o guarda.
-
Estou muito abalado. O senhor Ribeiro e eu conhecemo-nos desde sempre. Sou
filho da Maria, que foi governanta desta casa desde os tempos da senhora e foi
graças a ele que consegui estudar e tirar o meu curso de contabilista. Estou
mesmo muito abalado. Ontem o senhor mandou chamar-me, não sei para quê, porque
quando cá cheguei bati à porta mas não tive resposta. Ainda insisti, mas como
era habitual o senhor adormecer na poltrona, não o quis perturbar. Era
frequente acontecer isso e a princípio eu acordava-o, mas ele dizia-me que
quando estava cansado não tratava de assuntos e adiava a conversa para o dia
seguinte. Deixei de o acordar. Bato à porta e se ele me manda entrar, entro, se
não há resposta, vou embora e volto no dia seguinte. Foi o que fiz.
-
Eu sou o Manel, empregado do senhor Ribeiro. Ontem vi o menino ir embora e
passado algum tempo entrou o senhor Macário, que não se demorou muito. Não
entrou mais ninguém porque sou eu que faço a última ronda em redor da casa para
verificar janelas e portas. Se pode ajudar, o senhor Ribeiro tem um caderno
onde aponta os seus encontros e conversas logo que as acaba, para não se
esquecer. Talvez lá esteja qualquer coisa.
O
Inspector encontrou o caderno na gaveta da secretária. No dia, lia-se a data e
descrição do que fora feito e falado e nele constava que se ia encontrar com o
filho no final do dia, mas não tirava conclusões sobre o que falaram. Na folha
seguinte, relatava-se o encontro com Macário sobre o modo de pagar aos homens
que foram contratados nesse dia para ajudarem na poda das videiras.
A
– Foi Gaspar;
B
– Foi Macário
C
– Foi Manel:
D
– Foi suicídio.
E
pronto. Resta aos “detectives” indicarem a alínea certa, impreterivelmente até
ao próximo dia 15 de Dezembro, podendo usar um dos seguintes meios:
- Pelo Correio para Luís Pessoa, Estrada
Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para pessoa_luis@hotmail.com;
lumagopessoa@gmail.com;
luispessoa@sapo.pt.
- Por entrega em mão ao
coordenador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!
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