O HOMENAGEADO É M. CONSTANTINO!
Já havia quem desse o palpite de que só podia ser o Mestre a encerrar este pequeno ciclo de homenagens que o Policiário do PÚBLICO levou a efeito.
Eis o Policiário 961:
M. CONSTANTINO LANÇA UM REPTO AOS LEITORES
Não são necessárias muitas palavras para definir M Constantino, aquele que é, unanimemente considerado o melhor produtor de enigmas policiários.
Conhecemo-lo há longos anos em diversas facetas da sua vida policiária, não só como produtor excelente, mas igualmente como ensaísta e estudioso destes assuntos, com trabalhos importantes, felizmente muitos publicados graças à Associação Policiária Portuguesa (APP).
M. Constantino é hoje o nosso homenageado, encerrando este pequeno ciclo que promovemos, em vésperas do início das nossas competições 2010.
Fiquem, pois, com este “bico-de-obra” com a chancela de qualidade do nosso Mestre.
O PUNHAL MALDITO QUE VEIO DO PASSADO
Autor: M. Constantino
As mãos nuas do cavaleiro afastam do rosto os ramos orvalhados. Segue a vibração do martelo sobre a bigorna, na floresta nevoenta. O som torna-se mais audível pela proximidade. O cheiro pestífero das águas da lagoa denuncia o fim da jornada. É hora do afortunado – a condenação à morte do irmão e o suicídio do pai, engrossam-lhe a riqueza – quão inescrupuloso personagem, deixar a montada e dirigir-se a pé ao encontro do exímio armeiro. Acerca-se a passos lentos… Tem dez Legiões, magica Spartacus, cogita no título de Procônsul.
O armeiro curva-se reverente… “Dives pax vobiscum”… O gélido cavaleiro teve um ligeiro arrepio, disfarçado. O armeiro estende-lhe o fruto do trabalho: o punhal longo, bronze e fio de ouro temperados nas águas fétidas da “Lagoa da Morte”, logo inquebrável, punho incrustado de pedras preciosas.
Pega na arma, agradado, toma-lhe o peso… Subitamente, de um só golpe faz rolar a cabeça de quem acaba de o servir… o corpo tomba ao lado. Limpa o punhal, extrai com os dedos, sem tremura, um moeda de ouro, que atira para junto do corpo… “Finis coronat opus”… Regressa à montada, indiferente.
Pouco após, durante a festa de despedida de duas das suas Legiões, que integram o contingente para a Gália, um dos comandantes apropria-se, esquiva e ilegitimamente, da arma. O roubado, consultada a sua estrela, não persegue o ladrão. Certo é que, internado no território gálico sem estorvo, tal comandante, jovem e ambicioso, adianta-se ao grosso da coluna com uma centúria de “infantes” e “velitas” e dez cavaleiros. Caem numa emboscada. Os galeses soltam-se das árvores sobre o inimigo. O punhal de ouro corta e trespassa corpos… Na manhã seguinte, um dos muitos mendigos que acompanhou os exércitos encontra-o numa mão dispersa, cujos dedos foram totalmente decepados…
O tempo conta-se por dias, anos, séculos. Do punhal nada se sabia…
Em pleno Renascimento, entre os escombros de um sombrio solar medieval (sem respeito pelos fantasmas do marido e sogro, que perturbavam o sono, tétrico de visões, da formosa diva favorita do Rei, este, em cumprimento da promessa que lhe fizera, ali mandou erguer um monumental castelo), ocasionalmente, um operário descobre o valioso punhal. Levou-o. Foi assassinado antes de alcançar recato. A arma desapareceu de novo… dias, anos, séculos decorreram.
Sensivelmente três séculos depois, um homem alto, forte, de cabelos louros, no período áureo da sua existência, permite-se ostentar à cintura o punhal de ouro e bronze, cabo coberto de pedrarias… Onde o encontrou? Fora o eterno perseguido, parte da vida nas prisões e delas de evadindo graças à arte de disfarce e expedientes loucos. Apreciava o nome de Jules, mas usava Blondel, Lebel, soldado Kaisenky. No Regimento de Bourbon serviu como Jacquelin. Vida espantosa! Mesmo na notoriedade, bateu-se contra polícias ou contra ladrões, por vezes simultaneamente com uns e outros. Já septuagenário, é julgado por fraude, sequestro e escroqueria: sente-se em casa, tal é o seu à-vontade! Mas onde se encontra o punhal, cuja posse parece ser por si só, uma ameaça?
Na louca cavalgada dos anos, por estranho que pareça, entra Portugal. É um punhal maldito com uma história não menos sinistra.
Depois que me foi revelada a sua existência, vejo o refulgir do seu gume de ouro. O brilho das pedras, a adejar-me sobre a cabeça. Na escuridão do quarto, anormalmente silencioso, ouço um som horrível – o do meu coração saltitante! Grito e acordo! Que sonho terrífico! Terrífico, mas real.
Obcecado, recolho elementos, estudo-os, posso garantir: o Cavaleiro existiu, descobri o seu nome (Qual é?) e, a verificar-se o cruel crime na actualidade, o personagem era facilmente identificável (Como?); o Castelo (Qual é?) representa o mais belo protótipo da arquitectura referida; o ás das evasões fora-me fácil de identificar (Quem é?).
São estas as quatro questões que deixo à inteligência dos leitores.
Posto este desafio do Mestre Constantino, boas deduções!
SOLUÇÃO DE “O LEITOR RESOLVE”
Autor: FIGALEIRA/BIG BEN
O problema publicado na passada semana foi solucionado pelo próprio autor, da seguinte forma:
O objecto que tem a indicação de 60 a.C. é falso, por ser impossível indicar aquilo que ainda não sucedera; isto é – 60 anos antes de Cristo!
A PRÓXIMA ÉPOCA
Estamos na recta final do aquecimento para mais uma época de competições, que vai ter o seu primeiro desafio no primeiro domingo do ano de 2010, precisamente do dia 3 de Janeiro.
Até ao final deste ano, vamos publicar os regulamentos definitivos, os calendários das provas, prazos e todos os restantes pormenores, para que os “detectives” possam planear a sua participação.
Relembramos que continuamos à espera das vossas propostas de desafios, quer tradicionais, quer rápidos (escolha múltipla). O primeiro é do género daqueles que temos vindo a publicar e, na prática, será um conto policial que o autor interrompe logo que tenha fornecido todos os dados necessários à sua resolução, pedindo aos “detectives” que decifrem o enigma nele contido; O segundo tem a mesma finalidade, mas o próprio autor revela, no final, quatro (e apenas serão admitidas quatro) hipóteses de solução, sendo que apenas uma poderá decifrar o enigma.
Os trabalhos deverão ser enviados para o endereço electrónico pessoa_luis@hotmail.com, cumprindo com os limites de caracteres impostos pelo Regulamento e pelo espaço disponível, ou seja, 6500, para os desafios tradicionais e 5000 para os “rápidos”, em qualquer dos casos com espaços incluídos.
Chamamos ainda a atenção para o facto de cada produção dever ser acompanhada da respectiva proposta de solução.
BOAS FESTAS
O Policiário deseja a todos os leitores em geral e particularmente aos nossos “detectives”, um Feliz Natal!
COLUNA DO “C”
FALTAM 39 SEMANAS PARA A EDIÇÃO N.º 1000
A Volta a Portugal de 1997, terminou em clima de grande amizade e camaradagem, como é apanágio deste mundo policiário.
Ficou na retina a cerimónia do envergar das camisolas das diversas classificações, ao vivo, no decorrer do convívio de Santarém, numa organização do confrade Zé dos Anzóis/Inspector Aranha, depois da etapa que terminou na cidade escalabitana.
No final da competição, foi o confrade Dic Roland quem açambarcou a maioria dos prémios em disputa, mercê de uma prova a todos os títulos brilhante, chegando à meta instalada em Lisboa, envergando as camisolas, amarela, branca e verde. O confrade K.O. envergou a azul.
Sem surpresa, Dic Roland foi Policiarista do Ano e terminou em N.º 1 do Ranking.
Em pouco mais de cinco anos, atingimos os 1000 concorrentes a responder regularmente aos desafios, na altura um máximo absoluto, situação extraordinária, se tivermos em conta que a internet ainda era uma miragem para a esmagadora maioria das pessoas.
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