terça-feira, 8 de dezembro de 2009

POLICIÁRIO 959

(Publicado em 2009.12.06)


HOMENAGEM AO “PROCURADOR INCÓGNITO”

Soubemos esta semana que o confrade Procurador Incógnito está a atravessar um período particularmente complicado da sua vida, devido a problemas de saúde.
Conhecemo-nos em 2005, no verão, em plena Praia do Pedrógão, local em que também costumava ir buscar as energias para mais um ano de trabalho.
Curiosamente, confessou-nos então, já por diversas vezes nos vira por lá, em anos anteriores, mas não suspeitava sequer que fossemos o Inspector Fidalgo, até ao momento em que, relendo as secções mais antigas, ficou a saber que o Inspector Fidalgo e família, nela incluindo a referência que eram os seus gémeos, ali passavam as férias.
Assim foi feita a sua abordagem e longas foram as conversas naquele mês de Agosto, quase sempre com o Policiário em pano de fundo, como é óbvio.
Prometeu um problema, que já andava a ser arquitectado e o desafio apareceu mesmo, pouco tempo depois, sendo publicado em 13 de Novembro desse mesmo ano, como primeira prova do Campeonato Nacional.
As voltas que o mundo dá levaram-no até Faro, onde passou os últimos anos e agora espera as curas para as graves maleitas que o apoquentam.
Para este nosso confrade, que continua a seguir fielmente a nossa secção, vão os votos de rápida e franca recuperação e aqui deixamos esse seu desafio, para exercitar as células cinzentas dos nossos “detectives”, tendo como objectivo a próxima época, que se aproxima.


MENTIRAS
Autor: Procurador Incógnito

Já não via o pai há muitos anos e este nunca demonstrara grande interesse no que se passava por aqueles lados. Invariavelmente, vinha a argumentação do pai: “Não me importava muito porque sabia que estavas em boas mãos com a tua mãe…” Não acreditava, mas o que é que podia fazer? Crescera sem pai e sem o desejo muito evidente de o vir a ter por perto. Podia dizer, mesmo, que lhe era indiferente. Só que, depois de tantos anos, eis que ele aparecia na sua vida e, sinceramente, não sabia como lidar com a situação. Ignorá-lo? Hostilizá-lo?
A mãe lançara o aviso para que não acreditasse em tudo o que ele dissesse, porque mentia com uma facilidade impressionante e com a convicção própria de quem estava seguro do que dizia…
“Não chega olhá-lo nos olhos porque até assim é capaz de mentir e jurar…”
“Sabes, filho, a vida nem sempre é como a queremos viver… Há momentos em que temos de tomar decisões e abrir mão de muitas convicções… Também eu gostava de ter estado contigo e acompanhar o teu crescimento, mas tive de ir para a América do Sul, por onde andei anos a fio, em expedições, mas sempre contigo nos meus pensamentos…
“Lembro-me de estar numa véspera de Natal, algures pelo Chile a contemplar a Lua e, ao ver nela a tua inicial, recordar os momentos que passei contigo, eras tu ainda um bebé… Dias depois, em plena passagem de ano, naquela bola enorme, luminosa, revia a tua cara bolachuda, redonda e sorridente… É mesmo isso, nunca te esqueci, só não tinha muito tempo nem oportunidade para te escrever, entendes? Andei por sítios nunca visitados por brancos, bem no centro da Amazónia, visitei tribos desconhecidas até então e recordo em particular uma aldeia praticamente inacessível, em que comi com o chefe da tribo, falei-lhe de muitas das coisas que eles nunca viram e ouvi da sua boca muitas histórias sobre a sua vida, família e tribo… Experiência única, ser o primeiro ser exterior a falar com eles, já imaginaste? E outra vez em que me despedi da vida porque me perdi e andei dias e dias sozinho por montes e vales nos Andes, sem encontrar vivalma, caminhando de noite para me poder proteger do sol e me orientar pela estrela polar, uma estrela que me parecia ter seis pontas e que logo me recordava o teu nome, que era a minha única referência e me serviu para encontrar uma aldeia mais a norte e ali encontrar assistência e apoio… Também nessa altura me lembrei de ti e foste a razão da força que me tirou de lá… Ainda estive à porta de uma estação de correios, na Bolívia, no dia de um dos teus aniversários, decidido a enviar-te uma mensagem, um telegrama, que telefone era coisa que por lá não havia, mas não pude mandar-te nada porque estava fechada por ser feriado… É o que dá nascer no dia da implantação da República. Eu bem tinha dito à tua mãe que era melhor registar-te a 4 ou a 6, mas ela disse que se nasceste a 5 de Outubro, era a 5 de Outubro que eras registado… Ainda havemos de partir à aventura para aquele mundo espectacular, vais ver…”
Francamente, ficara com a certeza de que a mãe o alertara para o perigo das suas mentiras apenas por despeito, mas agora mudara de opinião e achava que o pai era, de facto, um grande mentiroso, ainda que trapalhão…

Na próxima semana teremos a solução.
Boas deduções!



A ESTRANHA MORTE DE FERNANDO FARIA

Solução do enigma publicado na semana passada, pela autora Natércia Leite:

1º – As declarações do criado foram falsas. Se o patrão tivesse estado tanto tempo no banho, a água estaria fria e não emanaria ainda vapores. Também não podia a chave tê-lo impedido de espreitar, pois que não se encontrava lá chave alguma, dada a facilidade com que o detective Santos abriu a porta. Além disso, se o criado queria fazer supor que o patrão se suicidara, caía num erro porque a cabeça batendo contra a banheira, ao ponto de abrir uma profunda brecha na nuca, não viria tombar depois sobre o peito.
2º – Nada nos pode levar à conclusão que Fernando Faria não tenha falado verdade. Há apenas a contradição da hora de saída. Mas, dadas as outras mentiras do criado, é fácil supor que ele tivesse insinuado uma falsa hora de saída de Francisco Faria, com intenção mais do que duvidosa...
3º – Fernando Faria não se suicidou. A ferida profunda que apresentava na nuca, não poderia ser feita por ele próprio. Além disso, se se tivesse suicidado, o instrumento de que se servira devia estar bem à vista.
4º – Se Fernando Faria não se suicidou, havia um criminoso. E o criado devia ter sido o criado, porque prestara propositadamente falsas declarações. E de facto, preso, ele confessou o crime. Roubara os documentos e com medo que o patrão descobrisse, porque já desconfiava dele, aproveitou a zanga havida de manhã, e matou, para fazer cair as culpas sobre Fernando Faria. Mas, ao mesmo tempo, receoso de possíveis consequências, quis também fazer acreditar num suicídio. Porém, o vapor de água e a chave hipotética traíram-no irremediavelmente...


NOVAS DE A. RAPOSO

Foi com natural satisfação que recebemos a notícia de que o confrade A. Raposo está em franca recuperação.
Os problemas de saúde não estão completamente debelados, mas A. Raposo fez questão de estar presente no mais recente almoço da Tertúlia da Liberdade, ocorrido na passada quarta-feira e de demonstrar, ao que nos confidenciaram fontes geralmente muito seguras, a boa disposição costumeira!


PRODUÇÕES

A menos de um mês do início das nossas competições, fica mais um apelo a todos os “detectives” que se julguem com capacidade para produzirem desafios policiários, para que nos enviem as suas propostas.
Esta época , como já referimos, vamos ter dois tipos de problemas: O primeiro é do género daqueles que temos vindo a publicar e que baptizámos de tradicionais. Na prática será um conto policial que o autor interrompe logo que tenha fornecido todos os dados necessários à sua resolução, pedindo aos “detectives” que decifrem o enigma nele contido; O segundo foi baptizado como de “rápidas” em que a finalidade é a mesma, mas o próprio autor revela, no final, quatro (e apenas serão admitidas quatro) hipóteses de solução, sendo que apenas uma poderá decifrar o enigma.
Os trabalhos deverão ser enviados para o endereço electrónico pessoa_luis@hotmail.com, cumprindo com os limites de caracteres impostos pelo Regulamento e pelo espaço disponível, ou seja, 6500, para os desafios tradicionais e 5000 para os “rápidos”, em qualquer dos casos com espaços incluidos.
Chamamos ainda a atenção para o facto de cada produção dever ser acompanhada da respectiva proposta de solução.


Coluna do “2”


FALTAM 41 SEMANAS PARA A EDIÇÃO N.º 1000


O ano de 1996 marcou o Policiário, pela positiva.
O grande triunfador foi um “detective” que se iniciou nesse mesmo ano, inserido na Tertúlia Policiária de Coimbra: Basófias, que conquistou o Torneio Sete de Espadas, à frente de Jomaro (Castelo Branco) e Aldeia (o outro pseudónimo do saudoso Dic Roland) e foi, igualmente, Policiarista do Ano. O N.º 1 do Ranking foi Jomaro.
Os prémios foram entregues no Convívio da Amadora e só lá, ao vivo e em directo, o saudoso confrade de Mem Martins, K.O., após a contagem das medalhas de ouro, prata e bronze, ficou a saber que era o Campeão Olímpico, depois de bater toda a concorrência, liderada pelo confrade coimbrão Flo.
Novos máximos de participação iam sendo alcançados, sucessivamente e nesse ano foram 895 os “detectives” em competição.
Estavamos cada vez mais próximos da meta dos 1000 participantes numa mesma época!

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