Secção de domingo, dia 13 de Dezembro de 2009
HOMENAGEM A BIG BEN
Quando em 1975 nos iniciámos nestas coisas do Policiário, nas páginas do “Mundo de Aventuras” e pela mão do saudoso Sete de Espadas, havia um grupo de magníficos e experientes “detectives” que nos provocavam uma admiração imensa. Nomes como Big Ben, Detective Misterioso, Detective Invisível, M. Constantino, Leiria Dias, Inspector Aranha, Jartur, Inspector Moisés, Doutor Aranha, M. Lima e tantos outros, muitos deles infelizmente já desaparecidos, mereciam-nos um respeito total.
O nosso homenageado de hoje, que no nosso espaço se identificou como Figaleira, um pseudónimo que surgiu pela utilização das iniciais dos seus netos, era um desses “monstros sagrados”, precisamente como Big Ben e, mais tarde como Mêbêdê, usando as iniciais do seu próprio nome, Manuel Barata Dinis.
Natural de Alvares, a terra dos seus amores, radicado na Amadora há muitas décadas, a simples citação do seu pseudónimo era suficiente para causar algum frémito entre os “detectives”, pela certeza de estarmos perante um decifrador de tal qualidade que não deixava ninguém indiferente.
Também como produtor de enigmas policiários brilhou a grande altura, com problemas de bom nível, com destaque para um que publicou no “Mistério…Policiário” do Mundo de Aventuras, com um pormenor de excelente recorte e que provocou uma hecatombe nas classificações, utilizando os seus conhecimentos profissionais de uma especificidade de um tipo de tecido, pormenor até aquele momento completamente ignorado por todos.
Homem de boa cultura e grande amante da Língua Portuguesa, conseguia “brincar” com as palavras e transformá-las em jogos de Palavras Cruzadas e Charadas, tornando-se um dos expoentes maiores do nosso país, sob o pseudónimo de Mr. King.
Infelizmente para nós, este confrade está retirado da actividade policiária, por alguns problemas de visão, que fizeram com que fosse “proibido” pelos médicos de a esforçar em leituras prolongadas.
De qualquer forma, não queríamos deixar de lhe prestar esta singela homenagem, de sincero respeito e admiração por um “detective” de eleição. Não nos foi possível encontrar, em tempo útil, o tal problema especial, que tanto nos marcou, mas deixamos aqui um outro, bem mais recente, publicado pelos três “Zés”, o dos Anzóis, o da Vila e o de Viseu, na secção “Mundo dos Passatempos”, do jornal “O Almeirinense”, em 15 de Outubro de 2006.
O LEITOR RESOLVE
Autor: Figaleira / Big Ben
O leitor tem um amigo que é grande estudioso de História e colecciona peças, artigos e relíquias históricas, o qual teimou consigo para o acompanhar a uma exposição em que se vendem "troféus históricos a um preço inigualável", organizada por um antiquário de renome, que diz vender parte da sua colecção para custear outra viagem arqueológica.
O leitor e o seu amigo entram na sala e são apresentados ao expositor, que se mostra muito agradável e se dirige convosco para as mesas e vitrinas onde se encontram os exemplares e troféus. Ele pretende convencer-vos, fazendo comentários sobre os objectos e o seu preço. Pega num e diz: "Eis uma pulseira de ouro puro, encontrada no túmulo de um dos mais antigos faraós egípcios. Reparem nos característicos hieróglifos que contém. E aqui (acrescenta ele, apontando para uma figura de um oriental, rechonchudo e de cócoras) está um Buda autêntico, vindo do Tibete."
Depois, conduz-vos para outra mesa, pegando noutro objecto: "Eis um verdadeiro tesouro (exclama) – uma inscrição recolhida num túmulo persa." Passa os dedos sobre os caracteres, já amarelecidos e ressequidos, apontando para um canto da folha. "Olhem para isto – 60 a.C. É o que, realmente, lhe dá um valor incalculável! Ah, como lamento ser obrigado a vender todos estes tesouros!"
Ambos continuam a apreciar as demais peças expostas – antigos toucados indígenas, armas, roupas, utensílios de cozinha e coisas do género. Entretanto, o expositor pede desculpa e afasta-se, para atender uma chamada telefónica.
O seu amigo vira-se para si, entusiasmado: "Não é maravilhoso? Esta é uma oportunidade como há poucas, de enriquecer a minha colecção. Estou desejoso de começar a falar com ele sobre os preços.
O leitor detém o seu amigo pelo braço e diz-lhe: "Se estivesse no seu lugar, começaria por investigar, seriamente, a origem de certos objectos. Alguns podem ser autênticos, mas um, pelo menos, tenho a certeza de que é uma falsificação…”
Pergunta-se: Qual a razão desta afirmação do leitor?
Na próxima semana teremos aqui a solução que o autor dá ao seu próprio desafio.
Boas deduções!
SOLUÇÃO DO PROBLEMA “MENTIRAS”
Autor: Procurador Incógnito
O problema que publicámos na passada semana teve a seguinte solução, dada pelo próprio autor:
Foram muitas as mentiras que o nosso pai desnaturado disse para se desculpar por não ligar nada ao filho:
Refere que andou dias e dias sozinho pelas montanhas dos Andes, como se isso fosse tão fácil como passear-se no Rossio, em Lisboa. As temperaturas baixíssimas, sobretudo de noite, os temporais e as próprias dificuldades de acesso jamais lhe permitiriam andar como diz e muito menos sem um guia especializado e competente.
Os Andes ficam na América do Sul, ou seja, abaixo da linha do Equador. Por isso, nunca ele poderia orientar-se pela Estrela Polar que indica o norte e apenas é visível no hemisfério norte.
Na passagem do ano, refere que a Lua era uma grande bola, pelo que estava em fase de lua cheia e fazia-lhe recordar a cara bolachuda do filho. Isso quer dizer que por alturas do Natal a Lua estaria a crescer e portanto em fase de quarto crescente, o que ele associa ao nome do filho. Tudo estaria bem se ele não falasse da Estrela de David, a estrela de seis pontas, revelando que o miúdo se chamava David; a Lua não lhe podia recordar o nome do filho, porque no hemisfério sul a Lua não é “mentirosa”: em quarto crescente aparece como um “C” e em quarto minguante como um “D”. É precisamente ao contrário do que nós aqui vemos.
Andou por florestas nunca visitadas por brancos na Amazónia, onde conheceu tribos que nunca viram ninguém exterior a eles. Mas a verdade é que o pai da história lhes contou e ouviu histórias. Em que língua e por que forma, ninguém sabe e ele não diz. Nunca poderia ter essa familiaridade e entender-se assim tão fácil e amigavelmente com tribos desconhecidas.
Diz que bem tentou telefonar ao filho no dia dos anos, mas o azar bateu-lhe à porta porque não havia telefone numa estação dos correios – como se isso fosse possível, e ainda por cima por ser dia 5 de Outubro, feriado em Portugal por se comemorar a implantação da República. Só que a história passava-se na Bolívia e não em Portugal e lá não se comemora nada nessa data.
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Coluna do “2”
FALTAM 40 SEMANAS PARA A EDIÇÃO N.º 1000
O ano de 1997 trouxe aos nossos “detectives” uma competição que se revelou espectacular: A Volta a Portugal.
Decorria como se fosse uma prova ciclista. Os participantes tinham à sua disposição várias classificações: camisola amarela (classificação geral pelo somatório de pontos); camisola verde (melhores soluções); camisola azul (originais e criativas); camisola branca (combinado de todas as restantes).
Cada etapa, à semalhança da prova ciclista, unia duas cidades onde havia núcleos importantes de policiaristas.
À entrada para a última prova, Dic Roland/Aldeia, o saudoso confrade que foi do Retaxo (Castelo Branco), de Nisa, do Estoril e Santo André, comandava a camisola amarela, a verde e a branca e era terceiro na azul, que por sua vez tinha como líder K.O., outra imensa saudade.
Pelos primeiros lugares havia nomes como Hortonólito, Xispêtêó, Paris, Aseret, Toubrouk, Nove, Bé, Inspector Moka, entre muitos outros, que hoje se encontram afastados das nossas competições.
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