segunda-feira, 6 de setembro de 2010

POLICIÁRIO 998

Entramos decisivamente na recta final das competições deste ano, com apublicação de uma produção do confrade Rip Kirby, o campeão em título.


CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL

PROVA N.º 9 – PARTE I

“A MORTE DO VETERANO”, Original de RIP KIRBY


Nos anos 60 do séc. XX, no inicio da guerra em Angola, eram muitas as estações de rádio da colónia a transmitirem discos a pedido, dedicados aos militares estacionados na província. Os temas pedidos eram muitos, mas alguns, antecedidos por longas listas de nomes, repetiam-se ao longo do dia. Entre eles destacavam-se, “O Imigrante” pelo conjunto Maria Albertina, o “Fado das Trincheiras” pelo Miúdo da Bica e “O Tango dos Barbudos” por uma banda cujo nome esqueci. Muitos ouvintes desses programas, após terminada a sua comissão continuaram tendo predilecção por estes temas.
Almerindo Cabral, passados mais de 40 anos, ainda os continua escutando diariamente. Nascido numa vila da Beira onde reside, tem 69 anos, mas o aspecto é de mais velho. Em finais de 1961 embarcou para Angola onde a guerra rebentara no início desse ano. Dois anos depois voltou, ignoramosmos por que vicissitudes passou, mas para além da perda total dos dedos da mão direita devido a um acidente, vinha bastante abalado.
Andou em tratamento, melhorou, e imigrou para o Brasil de onde um tio abastado o chamou. Esse tio faleceu anos mais tarde e, não tendo herdeiros mais próximos, deixou-lhe todos os bens. É assim que Almerindo se viu na posse de avultada fortuna. Contudo continuou trabalhando até que, solteiro, sem família perto, bastante alquebrado apesar da idade não ser muita, regressou a Portugal. E assim, numa tarde ensolarada de 1995, desce do combóio na sua terra natal.
Construiu uma luxuosa casa e convidou, para morarem com ele, dois irmãos e três sobrinhos. Os irmãos eram o Adelino e Antero Cabral.
Adelino dois anos mais velho que Almerindo passava a vida reclamando da sua sorte. Achava que, por ser mais velho, ele é que deveria ser o herdeiro do tio. Poucos meses depois de casado a mulher sumiu sem deixar rasto.
Antero o mais novo dos irmãos, estudara no seminário. Metido consigo passava os dias lendo e escrevendo.
Os sobrinhos eram: António Cabral, 30 anos, filho de Adelino, era Engenheiro, mas explorar o tio dava menos canseira. Alberto Pereira, 29 anos, filho de uma irmã, já falecida. Formou-se em medicina e trabalhava num hospital em Lisboa. Isabel Cabral, 26 anos, filha de Antero formada em Economia trabalhava num banco no Porto.
Todos tinham aposentos em casa do tio, mas Alberto e Isabel tinham as suas residências nas cidades onde trabalhavam. Os dois visitavam o tio com freqüência. António raramente por lá aparecia e quando aparecia era para cravar o tio.
Nascido num dia de São Martinho Almerindo não gostava das festas tradicionais, mas gostava de festejar o seu aniversário. Nessa data ele queria a família reunida. A festa iniciava-se cedo com a matança de um borrego, que depois era assado no forno com muitas batatas, tarefa que ele desempenhava com a ajuda do irmão mais velho. O assado era da responsabilidade de Isabel que, chegava cerca das oito horas. Alberto chegava um pouco mais tarde. António só aparecia pelas 12 horas no início do almoço. Terminada a refeição, ficavam em volta da mesa conversando e pelas 17h vinham as castanhas assadas e as garrafas de água-pé.
Mas naquele dia 11 algo errado aconteceu e a comemoração do aniversário de Almerindo foi seriamente alterada. Até perto do meio-dia tudo correu como de costume. Na sala de jantar já todos, menos António e o pai, aguardavam a chegada do aniversariante que estava no quarto preparando-se para presidir à mesa.
O relógio da sala de jantar marcava 11:40 quando no quarto de Almerindo se fez ouvir o “Tango dos Barbudos” e seguidamente foi o “Fado das Trincheiras”. Ouvia-se este tema havia uns 3 minutos quando entrou na sala de jantar, vindo da cozinha, António Cabral. Censurado por ter chegado atrasado afirmou que o relógio da sala de jantar estava adiantado quinze minutos. Ninguém o contrariou e Alberto dirigiu-se ao relógio e atrasou-o 15 minutos. Adelino que depois da matança do borrego não mais fora visto nessa manhã entrou cerca de 5m depois.
Terminado o “Fado das Trincheiras”, ao contrário do usual, em vez de se passar a ouvir o conjunto de Maria Albertina, Fernando Farinha continuou cantando outros temas do mesmo disco até este ficar mudo.
Às 12:30, como Almerindo não chegava, Isabel decidiu ir ver o que se passava. Bateu na porta, não obteve resposta, bateu com mais força, o resultado foi igual. Ganhou coragem, abriu-a um pouco e espreitou para dentro mas logo a empurrou com violência e entrou no quarto. Almerindo estava estendido no chão, com os braços abertos em cruz e com um ferimento de muito mau aspecto no temporal direito chamuscado e com resíduos de pólvora. Sobre a mão direita estava uma pistola.
Isabel saiu do quarto fechando a porta à chave, e correu para a sala de jantar onde comunicou o acontecido. De seguida foi à sala de entrada de onde telefonou para a polícia. Entretanto todos correram em direcção ao quarto de Almerindo, apenas António ficou para trás reunindo-se aos restantes pouco mais de dois minutos depois.
O relógio da sala de jantar marcava 13:15 conferido, à sua chegada, pelo Inspector Eduardo Trindade que logo se dirigiu para o quarto de Almerindo observando-o atentamente. No quarto não havia sinais de luta.
Das suas perguntas o Inspector apurou que todos os familiares de Almerindo se encontravam reunidos na sala de jantar, de acordo com a hora marcada no relógio ali existente, desde as 11:30, as excepções foram António que chegou segundo o testemunho dos seus familiares cerca das 11:35 entrando pela porta da cozinha e o pai que, envergando traje de montar, chegou pouco depois pela mesma porta. António afirmou que não chegara mais cedo por ter estado na cavalariça examinando um cavalo comprado recentemente. O pai disse que a pedido do irmão tinha ido visitar uma propriedade um pouco distante.
Todos os empregados declararam não terem visto nem ouvido nada de estranho. Apenas o empregado da cavalariça referiu ter visto António dirigir-se para a casa um pouco antes de se começar a ouvir o “Tango dos Barbudos” e saindo, pouco depois de se iniciar o “Fado das Trincheiras”, pela porta principal e encaminhar-se para a porta da cozinha. Afirmou ainda que, após a matança do borrego, tinha aparelhado um cavalo para Adelino que saiu tendo voltado às 11:50. Este mesmo empregado afirmou, que na véspera ouvira a vítima discutir com António e dizer-lhe que deixasse de contar com o dinheiro dele.
O médico legista prognosticou a hora da morte que foi instantânea entre as 11h20m e as 12h45m
Será que com estes elementos os nossos amigos podem dar uma ajuda ao Inspector.

E pronto.
Os nossos “detectives” poderão escolher um dos seguintes meios, para nos fazerem chegar as propostas de solução, impreterivelmente até ao próximo dia 11 de Outubro:

- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas deduções!





COLUNA DO “C”


FALTA 1 SEMANA PARA A EDIÇÃO 1000


Duas Tertúlias que deram muito que falar foram a Tertúlia Policiária da Linha de Sintra (TPLS) e a Tertúlia Policiária de Santo André (POLIANDRÉ).
A primeira actuou em toda a chamada Linha de Sintra, da Amadora até à vila histórica de Sintra e aglutinou “detectives” como Big Ben, Nove, Abílio, o saudoso Detective Said, JC Al, Inspector Fidalgo, e muitos outros, a par de cultores de outras modalidades, como o charadista Zepote, por exemplo. A TPLS alimentou a secção “Enigmas e Desafios” no Notícias da Amadora e organizou os convívios da Amadora, com o patrocínio da Câmara Municipal.
A Poliandré era a tertúlia do sudoeste alentejano e tinha no saudoso Dic Roland o seu expoente maior e principal animador, com o confrade Vilnosa e mais tarde com Sinid Agiev. Ficaram famosos os convivios da costa alentejana, com safaris, buscas na praia e descobertas arqueológicas!

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