Boa noite.
Confesso que hesitei em
enviar-lhe estas palavras. Não é meu princípio educacional entrar em contacto
quando não sou chamado ou convocado para tal.
No entanto, como colaborador do
PÚBLICO há 26 anos e 6 meses, resolvi vir ao seu contacto, um tanto em defesa
da honra, mas também para o colocar a par de coisas que certamente
desconhecerá.
Em 1 de Julho de 1992 iniciei o
Policiário, uma secção de enigmas policiais para serem decifrados pelos
leitores, no suplemento FÉRIAS. O êxito foi tal que fui convidado pelo José
Manuel Fernandes para continuar, semanalmente. O que aconteceu durante mais de
26 anos.
O Policiário tem uma legião de
seguidores há muitas décadas e os desafios propostos são resolvidos por quase 3
mil participantes, que competem por títulos e troféus que até certa altura
foram pagos pelo PÚBLICO mas que depois, devido à chamada crise, deixaram de o
ser. No entanto, os quase 3 mil concorrentes estiveram e estão sempre
presentes.
Há dias, cerca das 18 horas,
recebi uma chamada do editor dizendo-me que o P2 ia ser reestruturado e o
Policiário era extinto no final do ano.
Assim, em dois ou três minutos de conversa telefónica, passou a certidão
de óbito a um espaço de tradição no PÚBLICO de mais de um quarto de século.
Não contesto nem nunca contestei
critérios: ao longo destes anos tive uma página inteira, com audiências enormes
e comprováveis. Depois, o espaço foi encolhendo, como o jornal, e fomos
acomodando-nos, sempre com o nosso público muito fiel e aguerrido. Nunca houve
polémica nem problemas. Sempre tive magníficos interlocutores, desde logo JMF,
mas igualmente Jorge Wemens e Nuno Pacheco, com quem tive algumas reuniões para
ajustamentos.
O que nunca me passou pela cabeça
foi que pudesse ser “dispensado” em dois minutos de uma comunicação telefónica,
numa demonstração de total e cabal falta de respeito por mais de um quarto de
século a vestir a camisola do PÚBLICO! Esse acto, que espero não ser uma imagem
de marca da actual direcção, mas apenas uma manifestação de falta de educação de
quem o praticou, é o que me move para a escrita desta carta.
Não creio que seja possível demovê-lo
do erro que é praticado contra o Policiário e os quase 3 milhares de
participantes nas nossas provas, extinguindo a secção, porque penso que uma
decisão dessas já deverá ter sido maduramente ponderada e dificilmente seria
revertida, mas não ficaria de bem com a minha consciência se não viesse perante
si manifestar o meu profundo desagrado pelo modo como fui tratado.
Com os melhores cumprimentos
Luís Pessoa
Enviada na noite de 22/12/2018 para o endereço do director do PÚBLICO, manuel.carvalho@publico.pt e ainda sem qualquer resposta.
Apenas para conhecimento dos confrades.
4 comentários:
estamos todos contigo, sabes que as minhas capas das revistas são sempre dedicadas a setubalk, 2019 sera a tua
Muito bem. Estamos todos pelo Policiário. Vou enviar carta para este e-mail do diretor
Deco
Subscrevo... Também tentei
Abraços
Zé
Muito bom o texto, frontal e acertivo, a pôr os pontos nos is.
Será que o novo director do jornal faz a mais pequena ideia do alcance da medida que tomou?
Quero acreditar que a continuidade da nossa dedicação permitirá provar o quanto é errada tal decisão!
Claro que não vamos atirar a toalha ao chão...!
Inspector Gigas
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