VÍTIMA
OU ASSALTANTE?
Desta
vez, os nossos “detectives” são convocados para dar uma ajuda ao polícia que
está duvidoso sobre a intervenção de Alborico na cena de um crime, que terminou
em banho de sangue.
Como
sempre acontece, sugerimos aos nossos leitores e “detectives” que leiam
atentamente o texto e procurem agir como se fossem os responsáveis pela
investigação.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA
N.º 8 – PARTE I
“O
ASSALTO” – Original de VIVIANNE LUNA
Alborico
procurou um olhar conhecido no meio da multidão que se ia aglomerando para
assistir ao desenrolar dos acontecimentos, mas não viu nenhum.
O
café onde foi detido pela polícia, tinha sido alvo de um ataque por parte de
homens armados e tudo acabou em tragédia, com dois clientes e um empregado
feridos a tiro e dois assaltantes abatidos e mortos no local.
Toda
a operação decorreu em cerca de 20 minutos e quando tudo parecia ter acalmado,
o Alborico assomou à porta do estabelecimento, vindo da casa de banho, com um
ar entre o alarmado e o surpreendido, sendo de pronto detido pela polícia, como
suposto membro do grupo assaltante.
A
história conta-se facilmente: No café, àquela hora, estavam vários clientes a
tomar o pequeno-almoço, com a azáfama normal daquela hora matinal, quando
entraram de rompante homens armados, segundo algumas versões dois, noutras
versões três, que mandaram deitar os presentes no chão, aparentemente iniciando
um assalto.
Para
azar dos assaltantes, na rua fronteira ia a passar uma viatura repleta de
polícias de intervenção que regressavam de uma acção e que se aperceberam do
que estava a ocorrer e decidiram de imediato pôr cobro à situação. Com os seus
conhecimentos e preparação para estas intervenções e aproveitando a completa
surpresa causada por tamanha rapidez, neutralizaram dois assaltantes, que no
entanto reagiram a tiro disparando para onde estavam virados, pelo que acabaram
abatidos pela polícia com tiros certeiros. Os disparos produzidos pelos
assaltantes, com ricochetes pelo meio, atingiram clientes e um empregado, mas
sem grandes consequências, pelo menos numa avaliação superficial.
Restou
o Alborico, que jurava a pés juntos que não tinha nada a ver com os
assaltantes, mas a verdade é que apareceu no café, vindo das instalações
sanitárias, já depois de tudo ter acabado.
No
interrogatório imediato, declarou:
-
Não sei nada do que se passou. Entrei no café às 8.20, mais ou menos e fui à
casa de banho. Quando lá estava tocou o meu telemóvel e verifiquei que era o
operador de um serviço que ando a contactar, para fazer um contrato comigo e
negociarmos as condições, Ele fazia propostas, eu aceitava ou recusava e fomos
negociando, porque eu sei que algumas pessoas conhecidas têm melhores condições
do que eu… Como eu precisava de silêncio e calma para ouvir bem o que me
diziam, deixei-me estar na casa de banho, mesmo até ao fim do operador me ler
as condições todas da minha subscrição e eu dizer que aceitava. Foi assim.
Estava todo satisfeito pelo que consegui, quando abri a porta da casa de banho
e atravessei o corredor de acesso ao café. Assim que abri a porta que dá para o
café, fiquei em choque por ver corpos no chão e pessoas debruçadas sobre eles.
Fui logo apanhado por um polícia, empurrado para o chão e detido. Não sei nada
do que se passou… Foi um atentado terrorista?
-
Quem é que o conhece aqui? O dono, os empregados, algum cliente?
-
Não sei, mas eu não costumo vir aqui. Como hoje não trabalho, resolvi vir dar
uma volta e como senti vontade de ir à casa de banho, entrei no café. Claro que
ia depois fazer despesa, beber um café ou comer um bolo, porque também não
gosto de quem usa as casas de banho e não faz despesa…
-
Mas alguém o há-de conhecer, alguém o viu chegar, alguém se cruzou consigo
hoje, que possa atestar que não tem nada que ver com os assaltantes, não?
-
Não sei, não me lembro de ninguém, sabe, eu vinha em passeio, descontraído, não
andava à procura de nada nem de ninguém…
-
Pois, tem aqui uma chamada telefónica feita por si com a duração de 24 minutos
– consultou no telemóvel – para um número de um operador, mas como deve
perceber, isso pode ter sido só para despistar, só para ter um álibi…
-
Mas não, não é verdade, eu fiz um contrato com eles, o que conto é verdade!
Mais
tarde, finalmente localizado o operador que atendeu o Alborico, ficou a
saber-se que tinha havido um contacto de Alborico para a central do operador e
que esta lhe devolveu o contacto poucos minutos após, tendo mantido chamada
ininterrupta durante precisamente 24 minutos e que ele acabara por subscrever o
contrato. O interlocutor não detectou nada de estranho durante a comunicação e
para ele, tudo pareceu normal.
O
polícia investigador não estava inteiramente convencido. Muitos anos de
investigação deixavam-no sempre muito céptico sobre tudo o que se afigurava
muito claro e transparente, como parecia ser o caso. Precisava de alguma coisa
mais substancial para além do depoimento do operador. Não que pensasse que ele
era conivente, não chegara ainda a esse ponto, mas enquanto houvesse um por
cento dessa possibilidade, ele não cedia…
E
pronto.
O
investigador permanece renitente em aceitar o que Alborico diz ter-se passado,
apesar de ser plausível e o autor do problema pretende que ajudemos o
investigador a decidir ou pelo menos a sugerir-lhe mais algumas diligências que
possam comprovar se o Alborico é mais uma vítima deste processo ou, pelo
contrário, um aliado dos assaltantes.
As
respostas podem ser enviadas, impreterivelmente até ao próximo dia 15 de
Outubro, usando um dos seguintes meios:
-
Pelo Correio para: Luís Pessoa, Estrada Militar, n.º 23, 2125-109 MARINHAIS;
-
Por entrega em mão ao orientador, onde quer que o encontrem.
Boas
deduções!
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