PERCORRENDO “A
ROTA DO VINHO”
A caminho da conclusão do campeonato
nacional deste ano, numa altura em que todas as decisões têm de ser tomadas e
não há lugar para falhas, publicamos um desafio de autoria de um dos produtores
que vai alimentando o nosso Policiário, com qualidade: Verbatim.
Tratando-se de um confrade com experiência
na produção de enigmas e bastante meticuloso na forma como expõe os seus casos
policiários, a exigência da máxima atenção dos nossos “detectives” é, mais que
nunca, essencial. É sabido que nesta nossa actividade, um ponto perdido é quase
sempre um sinal de que fica comprometida a luta pelo lugar mais cimeiro, tal é
a competitividade reinante, mas o que também já faz parte da “tradição” é que
uma parte significativa dos pontos é perdida em problemas aparentemente fáceis
e que à partida não seriam susceptíveis de produzir grandes mossas nas
classificações.
No caso de Verbatim e de outros bons
produtores, sabendo que a realidade continua muito carregada no que se refere à
produção de enigmas e em todos os momentos nos confrontamos com a falta de
“matéria-prima” que nos adiciona ainda muito mais pressão no momento de
planeamento das competições, é reconfortante sabermos que vamos contando com o
espírito solidário dos produtores e com isso vamos cumprindo o calendário
competitivo.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2016
PROVA N.º 8 –
PARTE II
“NA ROTA DO VINHO”
– Original de VERBATIM
Era
um grupo de cinco foliões que se reunia mensalmente para almoçar e comemorar
qualquer coisa, não importa o quê. Sobretudo queriam conversar uns com os
outros, alegre e descontraidamente. As mulheres, não raro, também participavam
na festa.
Tudo
bem até à primeira quinta-feira de Setembro de 2016 em que, no fim do repasto,
desapareceu a boquilha de charutos de Simão Mata. Não estava em cima da mesa
nem debaixo dela. Alguém a surripiara, admitiu-se.
Quem
foi que deu sumiço à boquilha?… E nisto se gastou um bom bocado sem resultados
práticos. Encontravam-se,
então, num restaurante onde ainda não se tinham reunido.
Acontece
que um conhecido dos cinco, João José Pinto, ou JJ para os amigos, cliente
habitual daquela casa, a almoçar noutra mesa, que se metera entre o grupo no
final de uma conversa sobre vinhos, ocorrida já muito depois de bebidos os
cafés, se ofereceu para desvendar o mistério. Começou por inquirir o criado que
servira os cinco convivas. Este desconfiava de uma pessoa, mas não se arriscava
a identifica-la visualmente, lembrando-se apenas de que ela fizera uma estranha
referência a propósito dos vinhos que preferia, no exacto momento em que
sub-repticiamente deitava mão à boquilha.
- Não era o senhor
que acabara de fumar o charuto, tenho a certeza! Era um que disse ter bebido um
vinho de galego branco que via pela pata. E que era uma boa pinga, da sua zona
preferida. Coisa esquisita, mas foi o que percebi, juro! Eu estava preocupado
em arrumar a mesa, onde ele batia com as mãos para sublinhar o que dizia. Era
uma brincadeira, penso eu. Creio que eles depois descobriram o que aquilo
significava… – assim se explicou o empregado.
JJ achou por bem
não tentar saber, logo à partida, quem teria posto a charada vínica, temendo
que o ladrão da boquilha iniciasse um jogo de defesa que baralhasse tudo. Optou
por colher opiniões mais genéricas. Assim, verificou que M. Cávado só bebia
verde e que se recusava a engolir qualquer outro vinho, deliciando-se com os
alvarinhos e, também, com os “albariños” do outro lado do rio Minho. Neste
almoço até viera uma garrafa de verdinho branco só para ele. O mais velho do
grupo, Câncio Simões, afirmou que não era esquisito, mas preferia os tintos do
Douro no inverno e os brancos da Vidigueira no verão. António Serralves afirmou
estar encantado com os brancos de Cima-Corgo. Simão Mata escolhia, em regra,
tintos alentejanos, assim como Carlos Travassos que gostava também muito dos
brancos do Dão, em especial dos que incluíam uvas da casta Encruzado. JJ já
havia declarado a todos que andava agora a explorar muito bons vinhos da
denominada região de Lisboa, brancos e tintos, sem esquecer, para depois do
café, um Moscatel de Setúbal.
Quem seria a
pessoa que o empregado julgou ver a surripiar a boquilha?
A – M. Cávado?
B - Câncio Simões?
C - António
Serralves?
D - Carlos
Travassos?
E pronto.
Lançados os dados, resta aos nossos
“detectives” darem a resposta, impreterivelmente até ao próximo dia 10 de
Outubro, podendo usar um dos seguintes meios:
-
Pelo Correio para: Luís Pessoa, Estrada Militar, n.º 23, 2125-109 MARINHAIS;
-
Por entrega em mão ao orientador, onde quer que o encontrem.
Recordamos
que nestes problemas de escolha múltipla é obrigatório que seja indicada a
alínea por que se opta, sob pena de ser considerada errada. De qualquer forma,
se o confrade quiser pormenorizar ou dar uma explicação mais completa, pode
fazê-lo, sem qualquer penalização, mas sempre ciente de que a pontuação
atribuída é relativa à hipótese escolhida.
Há
algum tempo, um confrade assinalou uma hipótese, mas a explicação produzida
apontava em absoluto em outra direcção. Em tudo parecia que tinha havido
equivoco do “detective”, já que o raciocínio era claro e fluido. Foi
penalizado, porque um investigador tem responsabilidades nas opções e nos actos
que pratica. Na vida real, que tentamos reproduzir nos nossos desafios, não
pode haver lugar para lapsos quando estão em jogo valores tão importantes como
o direito à justiça, e à prova de inocência. Uma acusação incorrecta, ainda que
por engano e com pedidos de desculpas posteriores, não deixa de ser uma
acusação inaceitável. Daí a penalização.
Boas
deduções!
Sem comentários:
Enviar um comentário