Em 2006 escrevemos no Jornal de Letras:
“Mário Soares, Jorge Sampaio, o que podem ter em comum para além das coisas públicas que todos lhes conhecemos?
Pois bem, ambos se confessaram e assumiram como leitores atentos de livros policiais!
Com um pouco de ginástica mental, podemos imaginar Mário Soares como admirador de um Maigret desengonçado e pesadão, ou Jorge Sampaio a seguir, deliciado, um caso do mais “cabeça de ovo” da História do Policial, o sempre actuante Poirot!
O que faz dos romances policiais uma das leituras mais apreciadas em todo o Mundo e em todas as épocas? Que sortilégio terá? Será apenas a sua vertente desafiante da inteligência, ou, mais que isso, um misto de Aventura e Mistério, com uma porção de raciocínio, q.b. ?(…)
De literatura de cordel, que foi considerada durante longo tempo, até às declarações de um Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, de que vai escrever um romance policial, o caminho foi longo e difícil, cá como no resto do mundo.”
Hoje, dia de luto nacional pelo desaparecimento de um dos maiores vultos da nossa Literatura, José Saramago, não podemos deixar de lamentar que não tivesse consumado aquela que era a sua intenção declarada: escrever um romance policial!
Em entrevista recente, terá confidenciado que o corpo já não permitia um esforço assim tão grande referindo-se à feitura de um romance policial, o que constitui um dos maiores elogios que a Literatura Policial jamais recebeu em todo o seu trajecto centenário! Um prémio Nobel da Literatura, um dos maiores génios literários do século XX a nível mundial, dando a exacta medida da complexidade, da margem nula de erro, da extraordinária concentração e disponibilidade intelectual e física, para pôr de pé um romance policial!
Que nos desculpem todos aqueles que não sabem, não querem ou não podem ver em Saramago um dos nossos Maiores, mas também ele foi capaz de escrever um ensaio sobre a cegueira, essa cegueira que também os tolhe.
E não deixa de ser curioso ler a nota do actual Presidente da República sobre este português que ele quis empurrar para fora de Portugal, como chefe máximo de um governo que lhe aplicou, na altura, um acto de censura ao impedi-lo de concorrer a um importante prémio internacional, pela mão de um tal subsecretário Lara que ninguém jamais saberá quem foi e outro tal secretário Santana, que mais tarde foi despedido de um governo por incompetência e depois agraciado com uma condecoração atribuída, precisa e curiosamente, pelo actual presidente!
Mediocridades, que os génios são obrigados a suportar. Assim aconteceu com tantos e tantos Homens, às mãos de homenzitos que jamais ultrapassarão a sua dimensão ridícula. Camões que o diga!
Morreu José Saramago!
Morreram com ele, de novo, Camões, Pessoa, Cardoso Pires, Namora, Aquilino e todos aqueles que fizeram da Língua Portuguesa aquilo que hoje é o nosso orgulho e a nossa última Pátria!
E quem não gostar, que se dane!
(fotografia retirada do PÚBLICO)
“Mário Soares, Jorge Sampaio, o que podem ter em comum para além das coisas públicas que todos lhes conhecemos?
Pois bem, ambos se confessaram e assumiram como leitores atentos de livros policiais!
Com um pouco de ginástica mental, podemos imaginar Mário Soares como admirador de um Maigret desengonçado e pesadão, ou Jorge Sampaio a seguir, deliciado, um caso do mais “cabeça de ovo” da História do Policial, o sempre actuante Poirot!
O que faz dos romances policiais uma das leituras mais apreciadas em todo o Mundo e em todas as épocas? Que sortilégio terá? Será apenas a sua vertente desafiante da inteligência, ou, mais que isso, um misto de Aventura e Mistério, com uma porção de raciocínio, q.b. ?(…)
De literatura de cordel, que foi considerada durante longo tempo, até às declarações de um Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, de que vai escrever um romance policial, o caminho foi longo e difícil, cá como no resto do mundo.”
Hoje, dia de luto nacional pelo desaparecimento de um dos maiores vultos da nossa Literatura, José Saramago, não podemos deixar de lamentar que não tivesse consumado aquela que era a sua intenção declarada: escrever um romance policial!
Em entrevista recente, terá confidenciado que o corpo já não permitia um esforço assim tão grande referindo-se à feitura de um romance policial, o que constitui um dos maiores elogios que a Literatura Policial jamais recebeu em todo o seu trajecto centenário! Um prémio Nobel da Literatura, um dos maiores génios literários do século XX a nível mundial, dando a exacta medida da complexidade, da margem nula de erro, da extraordinária concentração e disponibilidade intelectual e física, para pôr de pé um romance policial!
Que nos desculpem todos aqueles que não sabem, não querem ou não podem ver em Saramago um dos nossos Maiores, mas também ele foi capaz de escrever um ensaio sobre a cegueira, essa cegueira que também os tolhe.
E não deixa de ser curioso ler a nota do actual Presidente da República sobre este português que ele quis empurrar para fora de Portugal, como chefe máximo de um governo que lhe aplicou, na altura, um acto de censura ao impedi-lo de concorrer a um importante prémio internacional, pela mão de um tal subsecretário Lara que ninguém jamais saberá quem foi e outro tal secretário Santana, que mais tarde foi despedido de um governo por incompetência e depois agraciado com uma condecoração atribuída, precisa e curiosamente, pelo actual presidente!
Mediocridades, que os génios são obrigados a suportar. Assim aconteceu com tantos e tantos Homens, às mãos de homenzitos que jamais ultrapassarão a sua dimensão ridícula. Camões que o diga!
Morreu José Saramago!
Morreram com ele, de novo, Camões, Pessoa, Cardoso Pires, Namora, Aquilino e todos aqueles que fizeram da Língua Portuguesa aquilo que hoje é o nosso orgulho e a nossa última Pátria!
E quem não gostar, que se dane!
(fotografia retirada do PÚBLICO)
16 comentários:
Faço minhas as palavras do Luís.
E acrescento:
A todos aqueles que te quiseram diminuir, te trataram como trataram ... perdoa-lhes, Saramago! Porque eles sabiam o que diziam e faziam. E por que o diziam, o escreviam, o fizeram....
Perdoa-lhes, porque ignorá-los é pouco!
Eles passaram, passam e passarão. Tu ... já ficaste!
Zé
Estou de acordo, Portugal era muito pequeno para ele e não o mereceu, pelo menos os Cavacos, os Santanas e os Laras e outros medíocres.
Jo.com
Li alguns dos seus livros e tive algumas dificuldades em perceber por causa da falta dos pontos e vírgulas, mas achei excelente as ideias e o modo de escreevr e algumas persoangens como a Blimunda.
Pena não ter escrito o policial.
I Alegria
Há um livro que ele não acabou e que é sobre traficantes de armas, pode ser um policial inacabado
Deco
Não é preciso concordar com as suas ideias para dar mérito ao que foi capaz de escrever, para as histórias que contou e muito bem. Pena que o Memorial tenha sido tornado obrigatório no ensino o que faz com que seja logo maldito para os alunos. Um dos melhores escritores de língua portuguesa.
Merridale
Bem haja , quem não gostar que se dane!
desconto sempre o discurso de circunstância de politicos e demais...
ando hoje por aqui na blogoesfera e mensagem de leitores , e leio , muito do que os portugueses são : tacanhos , invejosos , incultíssimos , ressabiados , e fico triste , triste e satisfeito . queria para o meu país qualquer coisa de limpo , como não tenho resta-me reler Saramago e os melhores portugueses que há :)
cordialmente
A Lopes
Cavaco talvez não tenha tido culpa. O Sousa Lara é um medíocre sem qualidade, sempre a bater com a mão no peito e muito limitado, não ficou a deevr nada à inteligência. O Santana já nós sabemos que é um banha da cobra incompetente que nunca deve ter lido um livro na vida e portanto teve um comportamento normal para ele.
Como são ignorantes e estúpidos, nem se devem ter apercebido do acto idiota que praticaram. O pior foi não serem capazes de dar a mão à palmatória, mesmo mais tarde.
Que repouse me paz, na paz que estes idiotas nunca terão.
C Máximo
Apesar das desfeitas dos Cavacos Silva, dos Santanas Lopes, Sousas Laras, etc...etc...etc. e tantos outros, Saramago até nem lhes ficou com rancor. Ele até lhes dedicou um livro, "Ensaio Sobre a Cegueira". Cegueira intelectual e política que os guiou na sua actuação.
Rip Kirby
"Quem não gostar que se dane". Nessa frase o Luís Pessoa diz tudo sobre aqueles que não sabem ser isentos nas suas apreciações e atitudes. Na realidade Saramago passou brilhantemente e os cães ladraram quanto puderam, mas nada conseguiram para além de se mostrarem os imbecis que são, por mais votos que lhes entreguem e por mais que queiram parecer factores de estabilidade ou representantes de todos.
Realmente, que se danem!
Zé Gordo
Que repouse em paz, que bem merece.
Fáfá
Féfé
Fifi
O diário do Vaticano “L’Osservatore Romano” atacou hoje o recém-falecido escritor português José Saramago num artigo em que o define como “populista e extremista” de ideologia antirreligiosa e marxista.
Estes arrogantes pobres de espírito da Igreja, eles sim populistas e extremistas, para além de responsáveis pelos maiores crimes da história da humanidade, em nome de um deus, atrevem-se a chamar populista e extremista a Saramago. Foi em nome destes que o Lara, o Santana e o Cavaco exerceram censura, algo só digno dos ditadores criminosos.
É preciso muita falta de vergonha para uma Igreja ser vingativa na hora da morte de um ilustre Homem das Letras. Onde está o perdão que apregoam?
Pobreza de espírito.
Cecília Moreno
Não incluimos alguns comentários por se desviarem daquilo que pretendiamos evidenciar.
As referênncias a Cavaco, Santana ou Lara não se destinavam a fazer qualquer espécie de revisita à História, com ajustes de contas, mas tão somente a documentar factos reais de censura concreta levada a cabo depois do 25 de Abril por pessoas que se auto-consideram democratas, até ganham eleições e se armam em garantes de coisas que nunca garantiram quando lhes competia fazê-lo.
José Saramago, pela sua qualidade e dimensão intelectual pôde mandá-los a todos para o lixo, de onde jamais sairão, mas o mais grave é que esses mesmos fulanos continuarão a procurar fazer o mesmo a muitos que não terão as armas que Saramago conquistou. E a ironia maior é que são fulanos destes que acabam por merecer a confiança das pessoas, em nome de competências que nunca tiveram nem hão-de ter.
Este comentário é para todos os fulanos do género e não apenas para os mencionados.
Eu só espero que o Presidente da República Portuguesa esteja no funeral do Prémio Nobel português! Nem aceito que não esteja. Eu sou cidadão de um país onde altas figuras da Nação vão ao funeral de artistas (e devem ir!). Não admito que o Presidente do meu País não vá ao funeral do Prémio Nobel do meu país e que as suas cinzas não vão para o panteão... Era o que mais faltava que não se fossem juntar àquelas que (muito justamente) lá estão...
O Cidadão Professor Cavaco Silva pode ter todas as razões do mundo para não ir ao funeral do cidadão José Saramago. Não seria confortável para nenhum e ninguém sentiria a sua falta.
O Presidente da República (seja quem for; chame-se como se chamar) TEM DE lá estar!!!!!! É a honra da Cultura deste país que lho exige.
Gustavo José Pereira Barosa (Zé)
Cavaco já confirmou que não vai e o Gama também não. São só os dois primeiros na hierarquia do Estado!
Deco
O Cavaco não tem nível para isso e vai faltar
Jo.com
Morreu José Saramago.
Viva José Saramago!
Insp. Gigas
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