terça-feira, 5 de abril de 2016

II TORNEIO NACIONAL - CLUBE LITERATURA POLICIAL - SOLUÇÃO PROBLEMA 8

                                                                         
                                                                       
II  TORNEIO   NACIONAL   DE   PROBLEMÍSTICA   POLICIÁRIA

Solução do problema n.º 8
EU VI UM CRIME                                                                 
Apresentada pelo autor: Oliver Quinn                           

         a ) – É naquela frase em que Sampaio diz a J. Népus que se tinham acabado as moedas e que só tinha notas, que está a solução. Atendendo ao adiantado da hora – meia-noite – e ao facto da cabine ficar num lugar afastado, era quase impossível a Sampaio trocar as notas em dinheiro miúdo. Não tendo moedas, não podia ser ele, portanto, a telefonar. E não sendo ele, quem havia de ser? Só o assassino, dado que andava sempre a segui-lo e era o único, além de Sampaio, a sabê-lo conhecedor da identidade do assassino. 
         Aliás, ainda se pode acrescentar um outro pormenor coadjuvante: quando lhe telefonaram da segunda vez, Népus perguntou ao interlocutor de onde lhe estava a falar e ele respondeu-lhe que da mesma cabine em Algés. Ora, se fosse o próprio Sampaio quem telefonava a Népus, não se admite que o fizesse a essa hora. Se queria telefonar (e admitindo que tivesse conseguido trocar uma das notas) tê-lo-ia feito muito pouco depois de ter desligado da primeira vez. E, se não o fez então, foi porque acedia ao pedido de Népus. Logo, à hora a que o assassino telefonou a Népus, já Sampaio estaria forçosamente em Lisboa.         Portanto:
         1.º) – Não lhe telefonaria porque, dentro em pouco, falaria pessoalmente com ele.
         2.º ) – Se telefonasse (e era uma hipótese remota) não diria que estava em Algés, mas sim em Lisboa.
         3.º ) – No caso de se arrepender a meio caminho e não querer falar com Népus, não lhe telefonaria e, muito simplesmente, não iria à entrevista.
         A resposta perfeita a esta alínea,
a ) – Tem de referir-se aos dois pormenores acabados de analisar.
b ) – No problema acentuei várias vezes que Sampaio falava muito alto, que a sua voz era extremamente gritante. E fiz também notar que a noite era muito escura e que Sampaio não tinha a certeza de não ter sido seguido. Acreditava que não o tinha sido, mas não estava seguro. Portanto o assassino, aproveitando-se da escuridão da noite e do isolamento do lugar, seguiu-o de longe – esperando, talvez, uma oportunidade para matá-lo – até que o viu entrar na cabine telefónica. Aproximou-se então, e escondido – beneficiado pela altitude da voz de Sampaio – escutou trechos da conversa telefónica. Quando Sampaio acabou e saiu da cabine, matou-o. Antes, porém, confirmou pela boca do próprio o que tinha ouvido. Depois telefonou a Népus, para encobrir a verdadeira hora da morte de Sampaio e preparar um álibi para si. Mas como não sabia que se tinham esgotado as moedas a Sampaio, desmascarou-se.
Poder-se-á, no entanto, perguntar: «Então se ele ouviu a conversa, não terá também ouvido a parte referente às moedas?» Ninguém é inteiramente perfeito, nem se dá a devida atenção a tudo o que a merece. Aliás, como ele não podia aproximar-se muito da cabine, para que não fosse visto por Sampaio, não terá conseguido ouvir toda a conversa, mas apenas parte dela. E uma das coisas que lhe escapou foi exactamente essa das moedas; ou se a ouviu, não lhe terá dado a devida interpretação. Note-se, também, que a noite estava ventosa e que o ruído do vento diminuía as probabilidades de audição

                                 Jarturice II TNPP – 008.s
                                Divulgada em 02.Abril.2016

Sem comentários: