domingo, 3 de abril de 2016

POLICIÁRIO 1287


VINGANÇA DO ZÉ PINCEL, SIM OU NÃO?


O problema que hoje publicamos, de autoria da “detective” SSAS, constitui a prova n.º 3 da competição deste ano e trata de um caso em que o poder de observação e a análise e interpretação de depoimentos têm importância fundamental. É exigível, por isso, que os confrades reforcem a atenção com que efectuam a leitura dos problemas, procurando os indícios que tenham relevância para as conclusões a retirar.
Chamamos a atenção para o blogue CRIME PÚBLICO, que pode ser encontrado em http://blogs.publico.pt/policiario, onde estarão disponíveis resultados, classificações, confrontos da Taça de Portugal e demais informações sobre o Policiário; e o sítio CLUBE DE DETECTIVES, de autoria do confrade Daniel Falcão, em http://clubededetectives.pt, onde para além do noticiário corrente, há muita da nossa história, desafios publicados, novas do AHPPP (Arquivo Histórico da Problemística Policiária Portuguesa) e do intenso e imenso trabalho do confrade Jartur e muitos outros assuntos que nos interessam como policiaristas.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2016
PROVA N.º 3 – PARTE I
“O REGRESSO DO ZÉ PINCEL À LIBERDADE ” – Original de SSAS

Assim que entrou na sala, percebeu-se o que fazem a uma pessoa mais de dez anos de prisão em estabelecimento de alta segurança, como aconteceu ao Zé Pincel quando andou com uma quadrilha de assaltantes violentos, que paravam carros em estradas, abalroando-os. Assim que os proprietários paravam para verificarem os estragos, os responsáveis saiam do carro, armados, e a violência seguinte acontecia até conseguirem os seus intentos, dinheiro, valores, cartões de crédito e o próprio carro que era levado para locais onde era desmantelado ou então traficado para fora do país.
Quando a polícia desmantelou o grupo, alguns conseguiram fugir e ainda estavam a monte, mas o Zé Pincel foi agarrado e depois de um julgamento em que ninguém o identificou de forma decisiva, embora um tal Eduardo Serrote o tenha comprometido, mas sem consistência e ele não confessou, acabou a cumprir uma pena de 12 anos em prisão de alta segurança. Não beneficiou de qualquer redução ou saída precária, porque recusou sempre a autoria dos roubos ou a sua participação nos mesmos, mas os juízes não acreditaram na sua versão e como ele conhecia alguns dos membros identificados, acabou preso e condenado. A verdade, essa, nunca se saberá, a menos que algum dos responsáveis identificados e conhecidos acabe por confessar ou clarificar todo o processo.
Mas pronto, o Zé Pincel estava cá fora de novo e a reaprender a viver sem os altos muros da prisão, sem a penumbra constante do edifício vetusto e sombrio, sem os corredores húmidos e tristes, que levavam às celas quando vinham tomar um pouco de ar ao recreio fechado e claustrofóbico que só permitia ver uma réstia de céu, as nuvens a passar, quando as havia e o sol a bater nas torres de vigia que rodeavam o recinto.
Mais de uma década nesse ambiente, não alterou muito a impressão agradável que o Zé Pincel despertava nas pessoas em geral e quem não conhecesse a sua vida, jamais o imaginaria nessa situação.
O Inspector olhou-o demoradamente e comentou com algum sarcasmo:
- Ora cá temos o nosso Zé Pincel! Não demorou muito a regressar aos problemas! Parece que doze anos não chegaram…
- Inspector, é muita bondade sua, mas esses doze anos foram uma aldrabice e você sabe bem disso porque forjou toda a história, não é verdade?
- Ora, ora, Zé, isso de dizer mal da Justiça e dos juízes nunca dá bom resultado, mas agora vai ter oportunidade de completar a sua “formação” depois do que fez ontem à noite…
- O que é que eu fiz? Explique lá isso…
- Ora, já não se recorda? O nome de Eduardo Serrote diz-lhe alguma coisa? Puxe lá da sua memória desde… ontem!
- Sei quem é o tipo, tramou-me com o seu depoimento falso e foi ele, de certeza, que me atirou para a prisão, mas nunca mais o vi…
- Onde esteve e o que fez ontem, durante todo o dia?
- A gozar a liberdade, pois então! Ontem fui matar saudades do mar e da praia e do sol, daquilo que eu mais gostava de fazer em jovem e que me foi negado nestes anos todos. Ontem foi sol, mar e areia, sem ligar a mais nada, de manhã à tardinha!
- E esteve sozinho?
- Claro. As pessoas que conheço trabalham, têm a sua vida e eu queria estar só, habituei-me a estar só, como sabe… Mas ouça lá, o que é que o Serrote tem a ver para aqui?
- Ora, não sabe? Pense lá um bocadinho… Não se recorda de o procurar, de o encontrar, de lhe pregar uma valente sova? Não se recorda mesmo?
- Mais uma mentira sua, claro. Vocês nunca largam um osso quando o apanham, não é? Já lhe disse o que andei a fazer e à noite, quando cheguei a casa só queria era descansar, dormir, que não estou habituado a tanta “acção”, como deve perceber, ou precisa de um desenho?
- Continua a falar bem, folgo em verificá-lo, mas confesso que não me alegra… Vai ficar detido para pensar bem no depoimento que quero recolher daqui a… duas horas, vá lá, para não dizer que não teve tempo…
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O Inspector parece ter muita certeza de que o Zé Pincel teve alguma coisa que ver com a sova que o Eduardo Serrote apanhou, mas será que o leitor partilha dessa certeza? Justifique todas as suas conclusões.

E pronto!
A primeira parte da prova n.º 3 está apresentada e agora é a vez de todos os nossos “detectives” entrarem em cena e deslindarem este caso. Para isso, apenas terão de, impreterivelmente até ao dia 30 de Abril, nos fazerem chegar as suas conclusões, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
- Pelo Correio: Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por entrega em mão ao orientador, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!







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