II TORNEIO NACIONAL
DE PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA
Problema n.º 9
«R A P T O» Publicado na revista “FLAMA” # 531
Original de: «INSPECTOR LAVADINHO» em 08 de Maio de 1958
Quando desci do
carro da Polícia, vi encostado a um portão de ferro o sargento que me aproximei
mimoseou-me com uma significativa careta, a que eu já habituado ao seu «código
fisionómico» decifrei logo como: Um caso bicudo.
Em duas
palavras, contou-me o que conseguira apurar: A filha dos donos da casa, de 7
meses de idade, fora raptada.
A ama abandonara
o quarto por momentos, e quando voltara, a criança tinha desaparecido.
Verifiquei que o
gradeamento confinante com a esquina da moradia, era alto, e as trepadeiras que
se entrelaçavam nos ferros pontiagudos, impediam olhares curiosos do exterior.
O sargento fez rodar o ferrolho, e empurrando o portão, comum ao acesso das
traseiras da moradia e da garagem anexa, convidou-me a entrar. O jardim,
bastante aprazível, estava tratado, com esmero; linhas limpas e sinuosas
veredas circundavam canteiros floridos; mais para o fim, alguns chapéus-de-sol
e cadeiras de repouso com uma nota alegre e garrida, tomavam o lugar das flores
nos canteiros relvados.
Guiado pelo meu
ajudante segui paralelamente ao gradeamento, até que ele estacou, apontando
para o chão, de terra batida, onde se viam nítidas pegadas feitas por sapatos
de salto alto de mulher. As pegadas de acentuada forma convexa, denotavam um
andar bamboleante, principiavam junto dum canteiro, seguiam em linha recta na
direcção da fachada lateral da casa e cessavam perto dum pequeno e baixo muro
feito de buxo; todavia, passado este ligeiro obstáculo, continuavam, sem sofrer
qualquer alteração, no mesmo sentido, até junto da parede caiada, onde findavam;
findavam não é bem o termo, porque obliquamente às primeiras havia três pares
de marcas sobrepostas, e depois sim, nem mais uma! Admirado olhei para o
sargento, que aproximando dos lábios os dedos unidos, assoprou. Exprimia-se
outra vez em «código». Baixei-me, junto à parede, pesquisando o solo, por
debaixo da janela aberta, que se encontrava à altura de 2 metros , e que pertencia
ao aposento.
- Nada chefe, -
disse o sargento, - também já fiz o mesmo e não vi nada!
Contornando o
edifício, entrámos pela porta das traseiras. Entre as serviçais, reinava a
desorientação e o resultado do interrogatório foi nulo. No quarto da
desaparecida, ao inspeccioná-lo, nada encontrei digno de registo. Sentada num
tamborete, a ama alta e magra, respondeu ao questionário, mas pouco ou nada
acrescentou ao que já sabia. Disse que como era meio-dia dirigiu-se à cozinha
para preparar a refeição da sua menina, no que se deve ter demorado cinco
minutos. Entrementes, a porta abriu-se, surgindo a figura baixa e entroncada do
jardineiro, que fazia rodar nas mãos um surrado chapéu, movimento esse que
conservou até final do interrogatório. Disse-me que andara toda a manhã a
trabalhar, e que, quando as criadas alarmadas o chamaram, estava na casa das
arrecadações, arrumando a ferramenta.
Como nada podia
fazer de préstimo, e já tinha largado o trabalho, saíra, e fora para casa a fim
de almoçar.
Nada mais quis
ouvir.
Com o sargento
na minha peugada, pus-me a caminho da arrecadação, que ficava por detrás da
garagem, ciente que encontraria a chave do enigma. E achei…
Quais
foram as observações e deduções que permitiram a solução do caso?
Jarturice
II TNPP – 009
Divulgada
em 03.Abril.2016
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