DOIS
CRIMES RESOLVIDOS
Hoje
vamos ter a resposta aos dois crimes que estiveram em grande plano durante o
mês de Março, merecendo todas as atenções dos nossos “detectives”. No primeiro,
vamos saber se o industrial Jorge Maneiras se suicidou ou se alguém pôs termo à
sua existência, num desafio de bom nível produzido pelo confrade John Death; no
segundo vamos ao encontro do cadáver da D. Cidália para ficarmos a saber o que
terá acontecido à pobre senhora, num desafio bem produzido pela nossa
“detective” Selma.
Entretanto,
fica o apelo para que os “detectives” e leitores procurem mais informações
sobre o andamento das nossas competições, tais como pontuações, classificações,
confrontos das eliminatórias da Taça de Portugal, etc., no blogue CRIME
PÚBLICO, em http://blogs.publico.pt/policiario.
Mas,
para já, vamos às soluções oficiais dos dois problemas:
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2016
SOLUÇÕES
DA PROVA N.º 2
PARTE I - “SUICÍDIO OU HOMICÍDIO?” – ORIGINAL
DE JOHN DEATH
A
vítima, Jorge Maneiras era um industrial de plásticos e tinha ficado impedido,
de acordo com o que refere o seu irmão, de assinar documentos por causa de um
acidente que imobilizou o braço esquerdo. Portanto, tudo indica que o
empresário morto era esquerdino e não usava minimamente a mão direita. Como o
investigador Humberto notou, a arma estava junto da mão esquerda, o que está
correcto com a informação disponível.
O
tiro foi desferido no peito e o cadáver estava estendido de costas com a cabeça
na direcção da porta, portanto, no lado contrário à janela. Isto indicia que o
tiro que o matou foi desferido da direcção da janela para a porta, de frente
para a vítima.
A
hipótese de suicídio está posta de parte porque se ele poderia segurar a
pistola e desferir o tiro no peito, por exemplo, segurando a arma com as duas
mãos e disparando, não poderia justificar o vidro da janela partido nem a
cápsula no jardim. O vidro partido ainda podia ser simulado anteriormente pela
vítima antes de dar o tiro fatal em si mesma, podia partir o vidro, mas já não
poderia ir atirar a cápsula para o jardim depois de disparar.
Ficamos
com a hipótese de alguém ter disparado do jardim através da janela, matando o
empresário, sendo a cápsula expelida e por isso aparecia naquele local do
jardim. Mas esta hipótese não é viável porque o jardim fica três metros abaixo
da altura da janela, o que tornava impossível que alguém pudesse desferir um
tiro que atingisse a vítima no peito. Além disso, não havia marcas de qualquer
espécie no jardim, nem poças e como chovera intensamente nas últimas horas,
quem por ali andasse tinha de deixar marcas de pegadas. Também há o facto dos
estilhaços do vidro partido estarem no jardim, sinal de que o vidro foi partido
de casa para a rua e não da rua para casa. Finalmente o aparecimento da arma
junto da mão da vítima, que obrigaria o assassino a entrar em casa depois de
dar o tiro de fora, para deixar a arma junto ao corpo.
Portanto,
o empresário foi morto com tiro desferido por alguém, dentro de casa, no
próprio escritório, alguém que estava de costas para a janela e o alvejou no
peito. Depois, como sabia que ele era esquerdino, depositou a arma junto da mão
esquerda da vítima, recolheu a cápsula, partiu o vidro da janela e atirou a
cápsula para o jardim.
Concluindo,
não houve suicídio mas sim homicídio. Quem o praticou, é uma incógnita que não
está em discussão neste problema, mas como tinha de ser alguém que conhecesse
muito bem a casa e a vítima, não deve ser muito difícil ao investigador
Humberto “apertar” um pouco o irmão da vítima.
PARTE
II - “A MORTE DA DONA CIDÁLIA” – Original de SELMA
A
hipótese verdadeira é a 3 – Senhorio.
Pela
descrição ficamos a saber que a porta foi arrombada pelos polícias e que estava
fechada com duas voltas e a chave não estava na fechadura, local onde a vizinha
D. Eleutéria dizia que ficava sempre devido ao medo da vítima de poder ser
apanhada por um incêndio e não conseguir fugir a tempo. O inspector viu que a
chave estava em cima do aparador, junto da carteira da vítima, onde não faltava
dinheiro. O crime não foi para roubar e só poderia ser cometido por alguém de
fora se a própria vítima abrisse a porta ao criminoso. Assim sendo, quando ele
fosse embora depois do crime, como fecharia a porta à chave, com duas voltas e
depois colocava a chave no aparador? Como o único acesso era pela porta, não
era possível.
Ficamos
também a saber que ninguém teve acesso ao local do crime após o arrombamento da
porta, o que significa que nenhum dos suspeitos restantes soube a causa da
morte. A D. Eleutéria chega a aventar que teria havido um ataque de coração ou
coisa assim. O vizinho mal-humorado não adianta qualquer suspeita, mas o
senhorio sabe demais! Ele sabe que foi morta com as facas que tinha na cozinha
e até refere que já a tinha avisado para o perigo de se ferir com elas.
O
senhorio sabia que a fechadura era a mesma e certamente sabia de todos os
hábitos da senhora e tinha uma cópia da chave. Foi ele que entrou na casa, não
sabemos se foi a própria D. Cidália que lhe abriu a porta ou se ele, como tinha
uma chave, já lá se encontrava quando ela regressou á noite. Cometeu o crime e
saiu, pondo a chave da vítima em cima do aparador e fechando a porta com a sua
chave.
Como
se costuma dizer, pela boca morre o peixe…
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