ADIADA
PUBLICAÇÃO DO NONO PROBLEMA
Começamos
esta semana com um pedido de desculpas aos nossos “detectives”, porque não foi
possível assegurar a publicação do problema que estava preparado para a
continuação da nossa competição.
Dificuldades
inesperadas, do foro pessoal do coordenador deste espaço, impediram que
tivéssemos as condições para cumprirmos todos os prazos, incluindo a nível de
classificações, que registam algum atraso.
Por
esse motivo, ultrapassados em grande parte os constrangimentos, assim pensamos,
vamos retomar o ritmo normal e ir recuperando os atrasos, de forma que, em
termos finais, todas as competições se apresentem concluídas em devido tempo.
Apelamos
aos nossos confrades, “detectives” e leitores em geral, para que estejam
atentos ao blogue Crime Público, em http://blogs.publico.pt/policiario
onde poderão seguir mais de perto as incidências desta situação anómala.
Entretanto,
enquanto levamos a cabo a recuperação dos atrasos e aguardamos a publicação da
parte I da prova n.º 9, vamos recordar uma das facetas mais relevantes do nosso
Policiário, durante muitas décadas, quando uma chamada telefónica era uma
raridade extremamente cara e difícil, para já não falarmos das deslocações
físicas pelas nossas estradas e caminhos, que eram autênticas aventuras! Nesses
tempos, era a carta e o postal que serviam de veículo para os contactos mais
distantes e as reuniões em tertúlias policiárias locais e regionais, a forma
mais importante para discutir a resolução dos problemas e criação de grupos,
cujas amizades perduram para toda a vida.
TERTÚLIAS
POLICIÁRIAS
UMA
FORMA DE ASSOCIATIVISMO CULTURAL
Uma
das marcas registadas do Policiário ao longo das muitas décadas que já leva de
actividade, são as Tertúlias Policiárias.
A
sua forma de funcionar foi variada, dependendo da localização e composição, mas
teve sempre como função principal promover o contacto entre pessoas que tinham
como interesse a literatura policial e a troca de impressões sobre a actividade
desenvolvida nas secções policiárias que existiam por todo o país, em
publicações regionais.
Quando
procuramos situar esta forma de associação ligada ao Policial, vamos encontrar
novamente a figura do inevitável Sete de Espadas, desde logo por ter sido o
impulsionador de muitas secções policiárias e nessa qualidade ter propiciado a
aparição de tertúlias em muitas localidades onde havia vários concorrentes.
Famosa,
terá ficado a Tertúlia Policiária Ribatejana, muitas vezes mencionada como a
mais organizada e importante, por onde passaram muitos dos vultos que fizeram o
policiário tal como o conhecemos. Mas outras houve, espalhadas pelo país, um
país onde quase nada chegava; onde as comunicações não existiam ou eram precárias
e dispendiosas; onde o acesso à cultura ou a um simples livro era privilégio
raro. Nesse país que muitos de nós ainda conheceram, um livro policial era
partilhado nas tertúlias, muitas vezes lido em voz alta à luz de candeeiros de
petróleo ou velas de cera! Juntavam-se os centavos necessários para uma
assinatura de um jornal ou revista e todos liam os desafios publicados,
discutiam-nos e faziam as respostas, que depois eram enviadas por correio, num
postal por ser mais barata a tarifa.
Há,
ainda, histórias feitas de verdade ou de lenda, de confrades que andavam muitos
quilómetros de bicicleta, pela noite dentro, para irem às reuniões das
tertúlias, sempre à noite porque de dia se trabalhava… E histórias de encontros
com polícias que julgavam estar na presença de contrabandistas ou de
conspiradores noctívagos!
Estas
histórias são património do Policiário e merecem ocupar um lugar de destaque,
pelo que incentivamos os nossos confrades mais antigos, que estiveram ligados a
estas formas de associação, a trazerem-nos as suas memórias desses tempos e de
todos os tempos, também aquilo que eles próprios ouviram contar dos seus
antecessores, para que possamos transmitir às novas gerações de policiaristas a
matriz que nos trouxe até aqui e deixarmos esses testemunhos que não se podem
perder no esquecimento.
O
Policiário é como se estivesse no nosso ADN e a maioria de nós já não
conseguiria viver sem ele e estes tempos actuais são de mudança, também para
nós, com o nosso confrade Jartur empenhado no Arquivo Histórico da
Problemística Policiária Portuguesa, que está a “desenterrar” centenas de
páginas de secções que estavam esquecidas e que graças à sua perseverança,
estão a encontrar a luz do dia e a revelar que o Policiário foi, afinal, muito
mais vasto, importante e profundo do que suspeitávamos, superando mesmo as
expectativas mais optimistas. E, mais que isso, ainda esconde “segredos e
tesouros” que não imaginamos até onde irão. Será também tempo de iniciarmos o
trabalho de ouvirmos os nossos confrades mais antigos, para memória futura,
sobre as recordações desses tempos em que o Policiário preenchia muitas das
lacunas espirituais de quem queria ler, conhecer, desenvolver um raciocínio
lógico, conviver com quem tinha os mesmos interesses e objectivos, enfim, quase
tudo o que a lógica política e social da altura queria evitar.
Esta
nossa secção é uma homenagem às Tertúlias Policiárias, no seu todo, não fazendo
distinções que seriam sempre injustas, porque cada uma delas representou, em
todas as épocas e em todos os locais, uma bolsa de cultura, um grito contra o
isolamento, um querer estar com quem se gosta de estar, uma reunião de amigos…
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