domingo, 14 de fevereiro de 2016

II TORNEIO NACIONAL - CLUBE LITERATURA POLICIAL . PROBLEMA 2


                                                                                                                                                 

Solução do problema n.º 1,

UM CASO FÁCIL
Apresentada pelo autor: «INSPECTOR MAIGRET»

            O Inspector X… ouve os suspeitos e, bom conhecedor daquela espécie de gente, depressa conclui que não foi qualquer dos dois gatunos o autor do crime porque, nesse caso, teriam tido o cuidado de inventar um «álibi» e nunca reagiriam daquela forma atabalhoada; o Inspector mandou detê-los apenas para averiguar, posteriormente, em que roubalheira, se ocupariam por volta das 17 horas, do dia anterior.

            Joaquim, o impressor, sente crescer em si a esperança, pois supõe incriminados os outros dois. E então vem a pergunta sacramental: onde estava ele à hora em que, mais ou menos, o delito havia ocorrido? Para essa tem ele uma boa resposta, - praticado o ataque correra ao jornal, onde penetrara sem ser visto, para sair momentos depois pela porta principal, forjando assim um «alibi».

            O Inspector suspira: as suas suspeitas recaem todas sobre o Afonso; e faz mais uma pergunta, como que por descargo de consciência, satisfação da rotina. Então o Joaquim é apanhado de surpresa: como não premeditara o ataque não havia preparado «alibi» e, assim, obrigado a forjar um qualquer, esquecera aquele pormenor; um pouco à toa atira a primeira desculpa que lhe ocorre – a limpeza dos rolos, mas sem se recordar (estava no serviço há pouco tempo) de que nos grandes matutinos, a limpeza das máquinas de imprimir ou é feita automaticamente ou é entregue a serventes e nunca aos impressores.

            X… franze a testa: apanhara o culpado que, afinal, não era o Afonso… Olha para este com o pensamento fixo no outro; e a sua pergunta não encerra já qualquer significado. O Afonso, contudo, descontrola-se um pouco - sendo parente da vítima e o último a ser interrogado, receara o pior  -  mas isso não tem importância porque o caso estava já resolvido…


                                                                                  «Inspector MAIGRET»



NOTA DE MEMORIAL:

A divulgação deste trabalho que preserva os problemas e soluções que participaram no II TORNEIO NACIONAL DE PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA, é um preito de Homenagem Póstuma à memória da concorrente “Lília Sol”, Maria Josefa Carapinha D’Almeida, da Vidigueira, falecida em 21 de Janeiro de 2016. 
                                                                                     “Mr. Jartur”








2.º Problema
UM CASO SIMPLES
Original de: SHERLOCK  AMADOR

Publicado na revista “FLAMA” # 517 / em 31 de Janeiro de 1958

            Chamado à pressa por via telefónica para investigar certo caso, o representante da autoridade saiu para a rua. Embuçado no seu coçado sobretudo, gola levantada, mãos nos bolsos, com o chapéu descaído para a frente - a fim de se resguardar da aragem fria da manhã o Inspector Arsil penetrou - em passo estugado - na área que dava acesso à Vivenda Florbela, situada na Avenida do Aeroporto. Sem se dignar sequer a olhar para o que o rodeava, o apressado Inspector premiu o botão da campainha da porta onde - como qualquer ermitão - vivia o professor Idalécio.
            Aberta a porta e conduzido ao gabinete do locatário, pelo indivíduo que lhe franqueou a entrada, o Inspector constatou, após exame superficial, que o professor falecera devido a um ferimento produzido por uma bala de pistola que o atingira, à queima-roupa, em pleno coração. A confirmá-lo, lá estavam, na camisa, os resíduos negros provocados pela deflagração da arma.
            A vítima, que se encontrava ajoelhada e debruçada sobre uma pequena mesa, colocada debaixo de uma espécie de oratório, apresentava-se sob um aspecto verdadeiramente trágico. Pela aparência, Arsil atribuiu ao morto, uma idade entre os 65 e os 70 anos. De figura franzina, não devia possuir mais corpo que uma criança de catorze a quinze anos.
            Do vestuário que envergava com óptima apresentação, sobressaía o lustro esmerado dos sapatos, quebrado apenas por algumas manchas de sangue. A camisa, que estava completamente à vista, continha, no local por onde penetrara a bala, uma mancha negra rodeada por um halo vermelho que, por sua vez, tingia o tampo da pequena mesa. Sobre esta, uma automática Browning, calibre 6,35, jazia sob a espalmada e inerte mão direita do morto.
            Terminado todo este exame, Arsil inspeccionou detalhadamente as restantes dependências. Apenas no quarto de dormir a sua atenção foi despertada por umas manchas um tanto viscosas, existentes sobre o tapete, mas, que ao fim, pouco interesse ligou.
                                                   Como nada mais encontrasse que lhe chamasse a atenção, fez algumas perguntas ao sujeito que, desde o início das investigações, lhe fazia companhia.
            Soube, assim, que o indivíduo em questão, era um amigo íntimo do falecido, o qual ia ali várias vezes, para lhe atenuar o isolamento a que se devotara ultimamente o professor Idalécio. Por isso, naquela manhã, ao renovar essas visitas, deparou com aquela triste cena.
            A princípio pensou chamar o médico, mas como verificasse que o seu amigo já estava morto, achou melhor telefonar para a polícia.
            Interrogado em referência à arma, confirmou pertencer à vítima, pois que, mais de uma vez, vira o professor limpá-la e carregar o tambor com seis balas de aço. Segundo a sua opinião, a ideia do suicídio devia ter sido provocada pela nostalgia que o professor sentia, desde que ficara viúvo, havia alguns meses.
            Aconchegando melhor o sobretudo, o Inspector Arsil caminhou para uma das janelas, e quedou-se contemplando o exterior.
            Atrás de si, a voz grave do seu companheiro, interpelou-o:
            - Parece-me que o senhor Inspector está demasiado obcecado com um caso tão simples…
            Arsil virou-se lentamente e retorquiu:
            - Ah… sim! Um caso simples! Demasiado simples para ser verdadeiro!

            Porquê esta afirmação do Inspector?
                                                                                                          Jarturice II TNPP – 002

Divulgada em 14.Fevereiro.2016

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