domingo, 24 de outubro de 2010

POLICIÁRIO 1005

SOLUCIONADO O CASO DO VETERANO MORTO



Damos hoje mais um passo nas nossas competições desta época, com a publicação da solução do desafio que nos foi proposto pelo confrade Rip Kirby, um dos melhores produtores policiários da actualidade.

Recordamos que este desafio abriu as portas para a final da Taça de Portugal, cujos finalistas irão ser divulgados, hoje mesmo, no blogue CRIME PÚBLICO, em http://blogs.publico.pt/policiario, onde todos os confrades poderão consultar, igualmente, os resultados classificativos da prova n.º 8, para que cada qual possa situar-se na tabela.

Na próxima semana vamos ficar a conhecer a solução oficial da segunda parte da prova n.º 9, “As Riquezas Desaparecidas”, de autoria de Faraó, que produziu alguma surpresa entre os “detectives”, ajudando a clarificar as classificações.

De referir, ainda, que todos os resultados estão na página do confrade Daniel Falcão, Clube de Detectives, em http://clubededetectives.net, onde é possível saber quase tudo sobre o passado e o presente do policiário, problemas, autores, vencedores, etc.









CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL

SOLUÇÃO DA PROVA N.º 9 – PARTE I



“A Morte do Veterano” – original de Rip Kirby



Na realidade se quiserem e a isso estiverem dispostos todos os nossos confrades poderão ajudar o Inspector Eduardo Trindade a deslindar este mistério e isso nada custa.

Perante o cenário descrito a hipótese de suicídio tem que ser posta de parte desde logo. Como sabemos Almerindo perdera totalmente os dedos da mão direita em Angola pelo que não poderia disparar com a referida mão e só com essa mão poderia segurar a arma para atingir o seu temporal direito.

Portanto facilmente se conclui que a arma sobre a palma da mão direita não passa de uma encenação.

Pelo que ficou descrito podemos concluir que ninguém, além do assassino, ouviu o tiro o que não é difícil de acreditar.

Como estamos recordados: O relógio da sala de jantar marcava 11:45 quando no quarto de Almerindo se fez ouvir o “Tango dos Barbudos” e seguidamente foi Fernando Farinha que se ouviu cantando o “Fado das Trincheiras”.

Ora no início da execução do “Tango dos Barbudos”, durante alguns segundos, escutam-se algumas rajadas de metralhadora. Teria sido nesse momento que foi disparado o tiro fatal. Sendo assim já não poderia ter sido Almerindo a colocar no gira-discos o disco do Fernando Farinha o que reforça a idéia de crime tendo sido o assassino quem trocou o disco retirando-se do quarto imediatamente pelo que o disco continuou tocando até ao fim o que não era costume. Outro pormenor com algum relevo é o facto de não existirem sinais de luta no interior do quarto o que em princípio significa que o criminoso era conhecido de Almerindo.

É referido que o relógio da sala de jantar marcava 11h45m quando se começou a ouvir o “Tango dos Barbudos”, mas se acreditarmos na afirmação de António de que esse relógio estava adiantado 15 minutos temos que admitir que a música começou às 11h30m e que ele teria entrado na sala de jantar, levando em conta o tempo de execução daquele tango cerca de 4 minutos e mais alguns minutos, talvez outros 4, após o inicio do “Fado das Trincheiras, ás 11h38m. 11:30+4+4=11:38”.

Adelino Cabral que não havia sido visto durante toda a manhã chegou pouco depois do filho. Considerando que este pouco depois não irá além de 5 minutos teria entrado, portanto às 11h43m. De acordo com a hora marcada no relógio.

O inspector Eduardo Trindade chegou quando o relógio em questão marcava 13:15 o que estava de acordo como seu próprio relógio. Concluímos por isso que o relógio da sala de jantar estava certo.

Porém há um pequeno pormenor que não bate certo. O empregado afirmou que Adelino Cabral chegou às 11:50. Sendo assim Adelino nunca poderia ter entrado na sala ás 11h43m. mas sim, pelo menos, ás 11:53.

Isto leva-nos a concluir que António mentiu quando afirmou que o relógio estava adiantado 15 minutos e esta não foi a sua única mentira. Ele afirmou que tinha estado na cavalariça examinando um cavalo que havia comprado recentemente.

Ora se isso fosse verdade o empregado da cavalariça tê-lo-ia visto e teria dado essa informação ao Inspector.

Mas informação não foi essa, o que o empregado disse foi que viu António Cabral dirigindo-se para a casa um pouco antes do início do “Tango dos Barbudos” e saído, um pouco depois do início do “Fado das Trincheiras”, pela porta principal, e dirigir-se de seguida para a porta da cozinha.

Depois disto a conclusão a que chegamos é a de que foi António Cabral quem matou Almerindo Cabral.

Para isso logo que chegou a casa do tio dirigiu-se ao quarto deste e colocou o disco com o “Tango dos Barbudos” no gira-discos que pôs a funcionar. Almerindo como gostava nem se admirou, mas não teve tempo para se alegrar porque logo de seguida o sobrinho lhe desfechou um tiro à queima roupa matando-o.

António ficou ali até a música terminar pondo depois o outro disco saindo logo em seguida e dirigindo-se para junto dos restantes familiares que aguardavam a chegada de Almerindo.

Ali chegado afirmou que o relógio estava adiantado talvez com o propósito de se colocar fora da hora do crime e todos acreditaram o que levou a que Alberto atrasasse o relógio.

Quando todos se dirigiram para o quarto de Almerindo ele deixou-se ficar para trás e voltou a acertar o relógio pelo que quando Eduardo Trindade chegou a hora marcada no relógio condizia com a do seu.

Um outro pormenor que chama a atenção é o facto dele estando dentro de casa ter saído pela porta principal para voltar a entrar depois pela cozinha. Isto não foi inocente, ele queria fazer com que todos acreditassem que ela estava no exterior.

Se alguma suspeita de ter matado o irmão pudesse vir a recair sobre Adelino Cabral ela é desfeita pelo empregado da cavalariça que o viu chegar às 11h50.

Este facto reforça a ideia de que António mentiu ao afirmar que o relógio da sala estava adiantado porque tendo entregue o cavalo às 11h50 Adelino nunca poderia ter entrado na sala às 11h42m como poderia parecer tendo chegado 5 minutos depois do filho.

Nem sempre um assassino precisa de um motivo para matar alguém, mas neste caso poderemos afirmar que António matou o tio porque este lhe cortara a mesada.

O médico legista prognosticou a hora da morte entre as11h20m e as 12h45m. E como vimos pelo testemunho do empregado da cavalariça António esteve no interior da casa dentro desse período. È verdade que os outros também estiveram, mas estiveram sempre juntos o que os iliba.







Coluna do “C”



A NOSSA SECÇÃO EM LIVRO



O CLUBE DE DETECTIVES, juntou-se à comemoração das mil secções do Policiário, não apenas com a presença do seu promotor Daniel Falcão, no Convívio de Santarém, mas também com o lançamento do seu projecto editorial, apresentando a 1ª edição do 1º volume dedicado à nossa secção. Trata-se de um volume com 240 páginas, cuja 1ª edição está limitada a apenas 30 unidades, numeradas, publicando os problemas policiários que fizeram as nossas competições, entre as temporadas 2001-2002 e 2004-2005, contando com um prefácio de Daniel Falcão e textos de apresentação de cada uma das épocas, a cargo do orientador deste espaço. Alguns exemplares (muito poucos) continuam ainda disponíveis para os detectives interessados, que os podem solicitar para clubededetectives@gmail.com.

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