I
Introdução
Esta solução tem por finalidade tentar concorrer às melhores soluções. Eu sei que isso é difícil porque, à partida o produtor está sempre condicionado pela solução que já elaborou como sendo a oficial e dificilmente encontrará os buracos que normalmente todos os produtores deixam nos seus problemas e que os solucionistas descobrem como se fossem lagoas no meio do deserto.
Almerindo Cabral, um veterano das guerras coloniais, regressou de Angola, onde havia servido, psicologicamente muito mal tratado. Contudo teve a sorte, numa altura em que os apoios aos ex-combatentes eram quase nulos, para no dizer nulos, de ter quem se interessasse por ele e foi internado no Hospital Militar Principal da Estrela, não sei se ainda hoje é assim designado, e foi tratado até ficar quase completamente recuperado. Quase, porque bons nenhum dos que lá esteve, em Angola, ficou realmente bom, nem mesmo aqueles que foram menos afectados.
Diz o autor do problema, que ele quando voltou vinha bastante abalado. Abalado é a palavra certa para fugir a outra, stressado, que ofendia os ouvidos dos governantes de então e ainda ofende os ouvidos dos governantes actuais.
Os agentes da PIDE que ajudaram os ditadores a reprimir aqueles que, estavam contra o regime foram reformados com chorudas, reformas enquanto aqueles que foram obrigados a lá irem bater com os costados e a viver em condições precárias para além dos perigos por que passaram recebem um subsídio, que nada mais é que uma esmola que nem dá para beber uma bica por dia. Como se isso não bastasse no passado ano ainda encurtaram mais esse subsídio. A mim cortaram-me um terço
Por isso para os governantes actuais o stress nada mais é do que a mania da perseguição. Mas deixemo-nos de choradeiras que nada vão resolver.
Como ia dizendo, Almerindo foi internado no Hospital da Estrela onde foi tratado da sua “Mania de Perseguição” e uma vez “curado” acabou indo para o Brasil de onde um abastado tio o chamou acabando por fazer dele seu herdeiro. Trabalhando afincadamente, Almerindo, multiplicou a sua fortuna e quando, só, sem família por perto, a saudade apertou resolveu voltar à terra que o viu nascer.
Aqui, talvez numa tentativa de fugir à solidão que o atormentava, convidou para morarem com ele dois irmãos e três sobrinhos.
Os irmãos eram: Adelino Cabral, mais velho do que ele, e Antero Cabral, mais novo. Os sobrinhos eram António Cabral, 30 anos, formado em Engenharia, filho de Adelino. O Curso para nada lhe servia a não ser para enfeitar o nome. Sr. Engenheiro sempre era mais bonito do que apenas António Cabral.
Alberto Pereira, 29 anos, filho de uma irmã de Almerindo, já falecida, era formado em medicina e exercia o seu mister num hospital da Capital.
Isabel Cabral, 26 anos , filha de Antero era formada em economia e trabalhava num banco na cidade do Porto.
Todos tinham aposentos em casa de Almerindo mas, estes dois últimos tinham a sua própria residência nas cidades onde trabalhavam.
Acredito que se Almerindo tivesse o condão de adivinhar nunca teria convidado os seus familiares para viverem com ele e já vamos ver a razão desta opinião.
II
Um dia de aniversário atribulado
Almerindo, bem como os seus familiares, era natural de uma vila da Beira Alta encravada numa das encostas da serra da Estrela onde havia nascido no dia de são Martinho, pelas nossas contas, no ano de 1940. Não gostava das festas tradicionais, Carnaval, Páscoa, Santos Populares, Natal, nem sequer da romaria local feita à capela da padroeira da sua terra.
Para ele a única festa digna de celebração era o seu aniversário e nesse dia ele exigia que toda a família se reunisse à sua volta.
Naquele ano aconteceu a mesma coisa. Logo pela manhã, com o auxílio do seu irmão Adelino procedeu à matança de um borrego e ao seu esquartejamento. Os temperos e a feitura do assado no forno, com muitas batatas, eram da responsabilidade de Isabel que deveria chegar pelas 8horas da manhã, como era usual.
Alberto deveria chegar um pouco mais tarde já que vinha de mais longe e não tinha nenhuma tarefa especifica para executar.
António como de costume deveria atrasar-se sem consideração pelo tio de quem recebia uma boa mesada.
Naquele ano, como de costume perto do meio-dia todos, Isabel, Alberto e Antero, esperavam na sala de jantar o aniversariante que se encontrava no seu quarto aperaltando-se para presidir ao almoço do seu aniversário. Faltavam apenas Adelino que, depois da matança do borrego não mais fora visto e António que como de costume estava atrasado.
O relógio da sala de jantar marcava 11h40m quando no quarto de Almerindo se fizeram ouvir os primeiros acordes do “Tango do Barbudos” e quando este tema terminou o disco foi trocado e foi a vez de se ouvir a voz de Fernando Farinha cantando o “Fado das Trincheiras”. Ouvia-se este tema havia uns 3 minutos mais ou menos quando António Cabral entrou na sala de jantar vindo da cozinha.
Censurado por chegar atrasado, António respondeu que o relógio da sala de jantar estava 15 minutos adiantado.
Ninguém se deu ao trabalho de confirmar e Alberto foi até ao relógio e atrasou-o 15 minutos.
Logo após, pouco mais de 3 minutos, António ter entrado na sala entrou o pai em traje de montar.
O “Fado das Trincheiras” chegou ao fim mas, foi a voz de Fernando Farinha que se continuou ouvindo o que intrigou Isabel, o costume era o tio colocar imediatamente no prato do gira-discos o fado “O Imigrante” pelo conjunto da Maria Albertina.
O disco de Fernando Farinha chegou ao fim o que decidiu Isabel a ir ao quarto do tio ver o que se passava.
Chegou ao quarto do tio, bateu na porta e chamou, mas não obteve resposta o que mais a intrigou. Empurrou a porta e espreitou para dentro e viu o tio estendido junto do leito. Correu para ele e verificou que estava morto e o sangue derramado não deixava qualquer dúvida sobre o que causara a morte.
Fechou a porta do quarto à chave, foi à sala de jantar informar os familiares da morte do tio e de seguida dirigiu-se para a sala de entrada e ligou para a polícia.
Todos os presentes se lançaram em corrida para o quarto de Almerindo, apenas António se deixou ficar para trás reunindo-se pouco depois aos restantes elementos da família.
III
A Investigação
A polícia não se fez esperar, o relógio da sala de jantar marcava 13h15m, conferido à sua chegada pelo Inspector Eduardo Trindade que logo se dirigiu para o quarto de Almerindo, provavelmente guiado por Isabel, onde, depois da sobrinha do morto ter aberto a porta, entrou. No quarto de Almerindo que, se encontrava estendido ao lado da cama com os braços abertos em cruz estando o direito escondido debaixo desta. Debruçado-se no chão o Inspector espreitou para debaixo da cama e viu que sobre a mão direita estava pousada uma pistola. Não havia sinais de luta. Um ferimento de muito mau aspecto, chamuscado e com resíduos de pólvora enfeitava-lhe o temporal direito.
Das suas perguntas o Inspector apurou que todos os familiares de Almerindo se encontravam reunidos na sala de jantar, desde as 11h30 de acordo com o relógio ali existente quando o corpo foi descoberto. Apenas António que chegou, entrando pela porta da cozinha, segundo o testemunho dos seus familiares, cerca das 11h35m segundo a sua afirmação e por isso o relógio da sala de jantar tinha sido acertado. Ao ouvir esta afirmação o inspector abanou a cabeça de uma forma estranha mas ao mesmo tempo numa atitude inteligente.
Adelino entrou pouco depois do filho, pela mesma porta, envergando traje de montar.
Interrogados os empregados todos afirmaram não ter dado por nada de estranho. Apenas o empregado das cavalariças afirmou ter visto o sobrinho do patrão entrando na casa pela porta principal alguns segundos antes de se ouvirem os primeiros acordes do Tango dos Barbudos. Voltou a sair pela mesma porta, pouco depois de se começar a ouvir o Fado das Trincheiras, e dirigiu-se para a cozinha.
Logo a seguir chegou Antero que lhe entregou o cavalo que tinha sido aparelhado para ele ir visitar uma propriedade nessa manhã.
IV
Conclusão
Eduardo Trindade, depois de mais algumas averiguações dirigiu-se à sala onde tinha ordenado que todos se reunissem e esperassem por ele.
Todos estavam sentados junto das paredes formando uma roda no centro da qual o Inspector parou. Depois rodando sobre si foi observando atentamente e em silêncio cada um dos presentes sobre alguns dos quais demorava mais esta observação o que ia deixando todos cada vez mais nervosos com esta observação silenciosa.
De repente, dando meia volta brusca, apontou para António Cabral dizendo: Você está preso por ter matado o seu tio.
Todos se mostraram admirados e alguns ainda esboçaram um protesto Mas Trindade continuou:
Você entrou pala porta principal e alguns minutos depois ouviram-se os primeiros acordes do Tango do Barbudo. Como todos sabem esta composição inicia-se com algumas rajadas de metralhadora e tiros de canhão. Você aproveitou o ruído desses tiros para disparar sobre o seu tio, sem que ninguém se apercebesse, atingindo-o no temporal direito. Depois colocou a arma sobre a mão do seu tio mas, esqueceu-se de um pormenor muito importante. O seu tio não podia usar a pistola com a mão direita, faltavam-lhe os dedos.
Houve uma testemunha que você a seu tempo saberá quem é que o viu entrar na casa pela porta principal ouvindo-se logo a seguir o “Tango dos Barbudos”. Depois viram-no sair pela mesma porta, logo a seguir a ter começado a ouvir-se o Fado das Trincheiras, e dirigir-se à cozinha. Porquê esta volta se era mais prático ter passado pelo interior da casa? Você pretendia que pensassem que tinha vindo do exterior mas alguém viu esta sua manobra.
O meu Pai também entrou pela porta da cozinha retrucou, António exaltado.
É verdade. respondeu o inspector com toda a paciência, mas o seu pai esteve ausente toda a manhã e pouco antes de ter entrado na cozinha havia estado na cavalariça onde entregou o cavalo que havia usado.
Devo ainda avisa-lo de que alguém ouviu o seu tio ameaça-lo de lhe cortar a mesada que lhe dava e se isso acontecesse você ficaria na penúria, sem dinheiro para as suas farras. Quer um motivo melhor do que este?
Bem vamos embora e perante alguma resistência esboçada por António perguntou-lhe:
Quer acompanhar-me a bem ou preciso chamar os meus ajudantes?
Assim ficou resolvido o caso “A Morte do Veterano”
Tango dos Barbudos
http://www.youtube.com/watch?v=QJoL5iQtVNA
ou
http://www.ijigg.com/songs/V2C0G0EP0
MÚSICA PARA DANÇAR - TANGO DOS BARBUDOS
Formato: Acessórios
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Género: Portuguesa
Data de Edição: 01/12/1992
Editora: MOVIEPLAY
País: PT
EAN: 5602896060745
Preço: € 2,70
Para confirmar a particularidade do início da execução do Tango dos barbudos pode-se consultar o Link acima
Campeonato Nacional e Taça de Portugal 2010
Prova N.º 9 parte II
“Que Grande Lata” por ( Lateiro)
Nós sabemos que o caso se passou num dia 27 de Maio, mas não temos a informação do ano e num século existem 100 dias 27 de Maio.
Por este motivo rejeitamos a hipótese (D)
Pela mesma razão rejeitamos também a hipótese (A). A revista Super Jovem existiu realmente, mas foi há muito tempo e nas buscas que fizemos não conseguimos apurar a data da sua extinção. Em todo o caso isso aconteceu antes de 1998.
Normalmente, antigamente os cromos não eram autocolantes. Fiz algumas colecções como sejam, artistas de cinema, a Abelha Maia e outras, mas os cromos não eram autocolantes e a revista em questão é desses tempos aproximadamente Em todo o caso não temos forma de confirmar se essa colecção existia mas é de duvidar já que a ecologia não era a maior das preocupações das pessoas desse tempo.
Por tudo isto rejeito também a hipótese (B).
Por tudo isto fica-nos a hipótese ( C ). Como já vimos, embora não tenhamos conseguido confirmar a data da extinção da revista Super Jovem isso aconteceu muito antes de 1998 não existindo nessa altura ainda o Oceanário que só foi construído Para a exposição “Lisboa 98”. Portanto a minha escolha cai na hipótese. De referir ainda que estando o Oceanário rodeado pela água de uma lagoa artificial e em Maio o sol já vai alto Frederica não se podia aproximar das paredes do Oceanário para se abrigar do sol que certamente bateria em cheio nestas mais a mais estando virada para o Tejo
( C )
Rip Kirby
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