terça-feira, 31 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 31


HOJE NÃO HÁ PROBLEMA…


Texto de: Luís Pessoa


Publicado na secção POLICIÁRIO em: 31.Julho.1992


Há vinte anos atrás, a página exibia, em 31 de Julho, o mesmo título do dia anterior, que caracterizava, portanto, aquela que ontem vos foi enviada.

E como não havia problema - hoje também não há - mas vamos dar à estampa, as novidades, esclarecimentos e nomeações que o Inspector Fidalgo fazia, a acompanhar o cupão da semana, impresso na base da secção.

E atenção… respeitamos, na íntegra, a boa ortografia daqueles tempos.

Novidades

Para já, duas notícias frescas, a pedido de muitos concorrentes:


1.º - Os nossos leitores de Lisboa podem, se assim preferirem, entregarem os cupões, bem como toda a correspondência, em mão, na recepção do PÚBLICO, tendo em atenção os prazos estabelecidos. Se mora em Lisboa ou arredores e pode dar um salto ao Lumiar, escusa de gastar selos e tem a certeza que entregou no prazo.

2.º - No próximo domingo, e para facilitar a vida a todos, vai ser publicado o cupão para a semana seguinte, publicação que se repetirá na sexta-feira, como já era habitual. Assim, se é uma pessoa previdente, no domingo recorte o cupão, cole-o num postal, preencha-o com os seus dados e guarde-o em local seguro. Dia a dia vá assinalando a opção que tomar e… na quinta-feira já está completo. Se quiser, pode enviá-lo nesse mesmo dia, ou guardar para sexta-feira… Ou, se preferir, venha até ao PÚBLICO e entregue-o em mão.

Esclarecendo

1 – É de todo inviável, pelo menos nesta fase, publicar a lista completa de concorrentes, não só porque não há espaço disponível (já temos mais de 400 concorrentes inscritos!), como isso se tornaria fastidioso. No futuro estudaremos uma fórmula que ultrapasse a situação.

2 – Alguns problemas têm sido considerados demasiadamente fáceis e, por vezes, polémicos… Pois bem, a facilidade é propositada para alcançar todas as pessoas, mesmo aquelas que nunca haviam pensado existir o Policiário e estão a aparecer.

Quanto ao aspecto polémico: por vezes há que sacrificar um pouco a qualidade no sentido de facilitar a vida a quem não tem conhecimentos técnicos. É um risco assumido e que tem provocado muito boas reacções das pessoas que se estão a iniciar. Os mais “batidos” que tenham um pouco de paciência.

3 – Estamos abertos a problemas que nos queiram enviar. Serão alvo de uma análise e poderão ser publicados. Para tanto é só fazerem-nos chegar os originais, bem como a solução do enigma. Mãos à obra.

Premiados da semana

Eis a lista dos felizardos que irão receber nas suas casas, como todos, aliás, os prémios a que tiverem direito:


- Luís Mota (LM)
1100 - Lisboa
- Paulo Alexandre Vale (FARMACÊUTICO)
4000 – Porto
- Luís Manuel Lemos Gomes (CLOVIS)
3500 - Viseu
- Mário Jorge Mateus de Jesus (MAGE)
1300 - Lisboa
- Ricardo Costa Pinto Prego Faria (NAIL)
4800 – Guimarães
- Cláudia Sofia Ramos Mendes e Silva
4740 – Esposende


E pronto. A partir de domingo, mais uma série de problemas aparecerá para completar a chave da próxima semana. E não se esqueça de que nesse mesmo dia terá já à sua disposição o cupão.



segunda-feira, 30 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 30


Problema # 27


O INSPECTOR FIDALGO E O CASO DO ESPANHOL

Original de: Luís Pessoa

Publicado na secção POLICIÁRIO em: 30.Julho.1992


Naquele ano de 1987, decorria o mês de Dezembro, o inspector Fidalgo viu-se envolvido num caso bem complicado, que metia um polícia português e um cidadão espanhol.

Tudo começou quando o polícia português, Amílcar de seu nome, foi destacado para se deslocar a Espanha tratar de um assunto que dizia respeito a ambas as partes. No regresso, quando era portador de documentos especiais para o desmantelamento de uma importante organização, foi assaltado, roubado e, posteriormente, assassinado.

Ao ser descoberto o cadáver e numa investigação imediata, verificou-se que o Amílcar havia arrancado um botão à vete do seu carrasco e, antes de morrer, escrevera no chão arenoso um sinal que, provavelmente, serviria para identificar o seu agressor: um “C”.

De avanço em avanço, o inspector Fidalgo conseguiu relacionar uma série de dados. Uma testemunha vira, entretanto, uma situação caricata quando se deslocava para casa e que se resumia, mais ou menos, nisto: o Amílcar ia a correr para apanhar um comboio quando chocou com um tipo espanhol, de nome Carlos. Houve papéis pelo ar, roupas pelo chão e tempo para uma apresentação informal e rápida. Segundo a testemunha, que estava muito perto, o tipo espanhol chamava-se Carlos e logo desatou a correr em direcção do seu carro. Amílcar, meio atarantado com o encontrão, ficou com um objecto na mão, parecendo (não jurava!) um botão.

Esta cena passou-se às 11 horas e ao meio-dia, mais minuto, menos minuto, Amílcar estava morto.

Procurado Carlos, este veio a aparecer, com a maior das calmas, mostrando-se surpreendido por andar um polícia português à sua procura…

Pontificou-se a tudo, declarou que sim, que tivera um encontro, melhor, um “encontrão” (riu-se muito da expressão!) com um homem, que não sabia quem era, ficara sem um botão, era verdade, chamava-se Carlos e não sabia nada de nada… Ele até vira a Portugal tratar de uns assuntos, tal como fazia todos os meses, porque vinte quilómetros não são nada, apesar de a estrada ser muito sinuosa e estreita, mas nada que se não fizesse em meia hora…

Sim, ao meio-dia já estava em Portugal, como se poderia comprovar no departamento do Ministério da Agricultura onde se deslocara… Podiam confirmar…

Era verdade, desde o meio-dia até ao meio-dia e meia o Carlos estivera no Ministério e nada havia a vasculhar por ali, mas… Um agente português fora assassinado em Espanha e não havia que desistir…


A – O Carlos não tem nada a ver com o caso, porque o seu álibi é perfeito.
B – O “C” que estava no chão fora apenas para identificar o proprietário do botão.
C – Foi o Carlos o culpado e o seu álibi não é tão consistente como ele julga.
D- O Carlos tem um irmão gémeo e portanto enganou tudo e todos.

Como é habitual, este é o último problema da semana. Agora já sabe a chave…
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Solução do autor: Publicada em: 01.Agosto.1992
C – Foi o Carlos o culpado e o seu álibi não é tão consistente como ele julga.

O álibi não é tão rigoroso como à primeira vista pode parecer. Na verdade, no Inverno há uma diferença horária de uma hora para mais em Espanha. Saindo de lá às 12 horas, depois de matar o guarda, andava 20 minutos e… às 11h20 estava em Portugal! Porque a hora recuava por via da mudança de fuso horário.

domingo, 29 de julho de 2012

POLICIÁRIO 1095


UM DESAFIO PARA AS FÉRIAS DOS NOSSOS "DETECTIVES" 

Com muitos dos nossos leitores a gozarem os últimos dias de férias e com outros a prepararem ao pormenor as que se vão seguir, o Policiário resolve lançar um desafio para ser resolvido sem necessidade de buscas ou estudos aprofundados. Para os primeiros, é um teste às células cinzentas torradas pelo sol e temperadas pela água salgada do mar ou doce do rio ou da piscina; para os segundos, é uma preparação para o tempo de lazer que se vai seguir.
De qualquer maneira, com férias ou sem elas, um desafio policiário é sempre bem-vindo, estamos certos e bem relaxante.
Vamos saber notícias de um namoro atribulado…

NAMORO ATRIBULADO
Autor: Inspector Fidalgo

O João chegou à escola naquela segunda-feira, em grande alvoroço. Não conseguia entender o motivo que levara um dos seus amigos a fazer-lhe aquela desfeita!
Em poucas palavras, conta-se a história: o João andava apaixonado pela Teresa, mas a sua timidez impedia-o de fazer uma abordagem directa, até que, depois de muito andar às voltas, acabou por se apetrechar com a dose indispensável de coragem e esperou por ela à porta da sua casa, logo pela manhã, à hora de ir para as aulas e acabou pedindo-lhe namoro. Qual não foi o seu espanto ao ouvir da boca dela que já sabia, porque um dos amigos do João a tinha alertado, na véspera, no café, dizendo-lhe que ele era muito tímido mas que gostava dela.
O João convocou os seus amigos, determinado a saber qual deles se tinha metido onde não era chamado:
– Senti-me muito envergonhado pela figura que um de vocês me obrigou a fazer perante a Teresa e quero saber qual de vocês provocou isto tudo. Portanto, Carlos, Tó, Zeca e Nico, toca a dizer o que fizeram ontem…
E ouviu um de cada vez e em privado.
O Carlos justificou-se, dizendo que estivera a estudar na véspera e não tivera tempo para mais nada. Os exames estavam à porta e ele tinha andado a cabular uma grande parte do ano e não podia continuar assim, ou acabava com um valente chumbo! Nem sequer saíra de casa e muito menos fora ao café.
O Tó foi dizendo que não sabia de nada do que se passara, aproveitara a véspera para ir até à praia porque tinha sido o primeiro dia do ano capaz de se fazer praia e bronzear um bocado. As ondas estavam boas e deu mesmo algumas mergulhaças, passando lá todo o dia. Não esteve com a Teresa, nem a viu sequer.
O Zeca disse que andou por aí, que até estava no café e viu a Teresa entrar, com umas amigas, mas não lhe falou sequer. Depois foi à casa de banho e quando regressou ia a Teresa a sair e ele ainda lá ficou. Pensou ir até à praia, mas acabou por se ficar pelo café, foi ao cinema ver uma comédia, onde encontrou o Nico e depois foram para casa dele jogar no computador.
O Nico revelou que tivera um dia muito aborrecido, sem nada para fazer. Só à tardinha é que encontrou o Zeca no cinema e foram jogar para sua casa. Não viu a Teresa durante todo o dia.
O João juntou os amigos e olhou cada um deles nos olhos. Notou que o Carlos estava divertidíssimo, fazendo das tripas coração para não desatar às gargalhadas; que o Tó estava pálido, quase a desmaiar, se calhar com as mentiras que disse; que o Zeca sorria e ia dizendo que não tinha nada com a coisa; que o Nico brincava com umas chaves e sorria de gozo.
Foi então que o João disse, alto e bom som:
– A Teresa aceitou! Vamos beber um copo!
E todos mandaram vivas e foram alegremente comemorar…
Mas quem terá avisado a Teresa? O João já sabia, ou não?
1-      Foi o Carlos?
2-      O Tó?
3-      O Zeca?
4-      O Nico?


E como o prometido, é devido, vamos apresentar a solução do desafio da passada semana, de autoria do nosso homenageado, o confrade JARTUR, vista por ele próprio.
Jartur é um produtor de grande qualidade, que infelizmente tem andado um pouco arredado deste nosso espaço, envolvido nas andanças do Arquivo Histórico da Problemística Policiária Portuguesa, um empreendimento bem importante e trabalhoso. Daqui lançamos o repto para que nos brinde com um problema original, se possível, ainda para a competição deste ano.
Poderá ser?


VAMPIROS DE PRATA
Solução do autor: JARTUR

Os “Vampiros de Prata”, não tiveram quaisquer culpas na tragédia ocorrida, e só o Cabo Félix é responsável por aquilo que aconteceu.
     Ele mentiu, nas suas declarações, pois se os aparelhos eram supersónicos, e vinham na velocidade máxima - por conseguinte superior à do som - o Cabo não poderia ter ouvido o ruído dos jactos a tempo de se atirar para o solo e avisar o Sargento, pois o som só chegaria depois dos aparelhos.
     Além disso, se o avião tivesse tocado no militar, este não cairia quase verticalmente da alta pedreira, mas seria projectado a grande distância, não se imobilizando, portanto, junto à base da elevação. Além disso, se as coisas se tivessem passado assim, o Cabo também teria sofrido consequências.
        E, como é óbvio, seria demasiado arriscado para os pilotos, voarem, ainda que momentaneamente, a tão curta distância do solo.
Assim, considere-se que não houve, realmente, culpabilidade da parte dos aviadores.
Em virtude das mentiras formuladas pelo depoente, o mais provável é ter o Cabo assassinado o seu superior, após a passagem dos jactos, lançando-o então para o abismo.
                                                          

JARTURICE OU... JARTURADA - 29



A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA
Problema # 26
O INSPECTOR FIDALGO E O EX-PRESIDIÁRIO
Original de: Luís Pessoa
                                                                            Publicado na secção POLICIÁRIO em: 29.Julho.1992

Uma das maiores alegrias que o inspector Fidalgo pode ter é saber que um dos presos que ajudou a capturar se encontra já em liberdade, preparado para regressar à vida, porque também ele tem a consciência de que a prisão não é a melhor forma de recuperar um indivíduo.
Assim ficou, mais uma vez, quando soube que o “Caroços” tinha sido posto em liberdade. E, logo que se tornou possível, foi visitá-lo no local que indicou como sendo a sua futura residência. Não deixava de ser curioso, dois homens que estavam em campos diferentes encontrar-se…
A casa era velha, virada a nascente, banhada pelo sol na sua frontaria toda a manhã e nas traseiras durante toda a tarde. E que sol, que havia vários dias que o calor derretia autenticamente toda a gente.
Foi ao chegar que o inspector soube que, na véspera, ocorrera um roubo e, claro está, todos apontavam o dedo acusador para o “Caroços”, que já se sabia que era muito bom ter por perto um ex-presidiário para o acusar em momentos destes.
Interrogado pelo inspector, o “Caroços”, transpirando abundantemente pela sua pele branquinha de quem desde há muito está “engaiolado”, apenas esboçou uma ténue defesa, alegando que todos estavam contra ele por ser um ex-presidiário, mas a realidade era que, na véspera, estivera a gozar as delícias da liberdade e, por isso, apanhara uma valente bebedeira ainda da parte da manhã e caíra a dormir profundamente, com o peito nu nas traseiras da casa, ali junto à parede, acordando apenas quando a noite já ia alta. Não sabia se alguém reparara nele, mas a verdade é que, com o sol a bater ali na parte detrás do prédio, ninguém se atrevia a pôr sequer a cabeça de fora da janela. Enfim, comemorara à sua maneira o feliz acontecimento.
O inspector Fidalgo sentou-se na cadeira, bem em frente do “Caroços”, transpirando abundantemente, roído de inveja pelo seu interlocutor estar de tronco nu, apesar de trans pirar como ele, vendo-se gotas de suor a escorrerem pela pele leitosa:
- Estás a precisar de ir à praia…

A – O “Caroços” é totalmente alheio ao roubo, nada havendo que o relacione com ele.
B -  O “Caroços” mentiu quando disse que se embriagou durante a tarde do dia anterior.
C – O ex-presidiário esteve realmente ao sol toda a tarde anterior, mas é falso que se tenha embebedado.
D – O “Caroços” não esteve deitado no dia anterior nas traseiras do prédio, pelo que será suspeito do roubo cometido.

Se acha que o problema apresentado é estranho, esquisito, pode ter a certeza de que não é o único a pensar assim. Mas a receita é a mesma: leitura atenta, busca sistemática dos pormenores que não encaixam na história, alguma perspicácia, são os elementos indispensáveis a um bom detective que nunca deve perder de vista.
Seleccione a resposta correcta e…

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Solução do autor:                                                             Publicada em: 01.Agosto.1992

D – O “Caroços” não esteve deitado no dia anterior nas traseiras do prédio, pelo que será suspeito do roubo cometido.
Depois de muito tempo no presídio e com a pele bem branquinha, nunca poderia estar uma tarde inteira ao sol, de tronco nu e ficar com a pele… branquinha! Pelo menos tinha de ficar bem vermelha!

sábado, 28 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 28


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ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA

 Problema # 25

O INSPECTOR FIDALGO E A “ACELERA” AVARIADA
Original de: Luís Pessoa                                     Publicado na secção POLICIÁRIO em: 28.Julho.1992

A última coisa do mundo, ou pelo menos uma das últimas, que o inspector alguma vez pensou foi em motorizadas, as chamadas “aceleras”, mas a verdade é que naquele dia de Julho esse nome foi falado vezes sem conta.
Tudo começou quando o filho mais velho do inspector, o Frederico, pediu emprestada uma “acelera”, ou seja, uma motorizada de funcionamento simplificado, em que praticamente só é preciso acelerar e pronto, vai-se até onde se quer, a velocidade moderada.
Correu mal a aventura e algum tempo depois, com bastante asneiras e riscos pelo meio, que a inconsciência propicia, o destino da “acelera” foi à valeta, arrastando o moço que, além de sair combalido e com ferimentos vários, ainda teve de suportar as recriminações do proprietário da motorizada.
O drama punha-se em termos de saber como iria o rapaz dizer ao pai o que se passara e, mais que isso, minimizar os problemas e custos.
Claro que deve ter havido múltiplas encenações, repetições sem fim, cada vez acrescentando um novo ponto, alterando aqui, mudando ali, que a justificação tinha de ser de molde a não provocar grandes chatices… E, ao fim e ao cabo, o “velho” pouco ou nada saberia saber sobre o que era andar de motorizada e por isso havia que criar uma história plausível…
Era ponto assente de que não poderia haver nem uma pontinha de culpa da sua parte, ou o pai poderia proibi-lo de voltar a andar de “acelera” e, nesse momento, quase tudo o que a vida lhe dava de bom (assim estava convencido!) era poder libertar-se, andando ao sabor dos caprichos, em cima da sua “motorizada”.
Não estranhou, portanto, que à noite, esmurrado no físico (e no brio e também), abordasse o pai e contasse a história da melhor maneira que as múltiplas encenações puderam determinar.
Que não tivera culpa nenhuma, que a culpa, se é que há culpa em coisas destas, foi inteiramente da máquina; que ao meter uma mudança, vá-se lá saber porquê, saltou a corrente, metendo-se na roda, o que provocou o bloqueio da mesma e o atirou borda fora, com todos os riscos e chatices que teve; que nunca tal poderia acontecer porque ele é super cuidadoso e vai sempre com o máximo dos máximos de atenção e portanto só um erro da máquina, como foi o caso, o poderia cuspir, etc., etc.
E tudo se ficava por um pedido de dinheiro para pagar os estragos, muito embora, dizia com muita dignidade e sensatez, a culpa fosse de quem lhe emprestou a máquina, mas não queria problemas e portanto…
O inspector não gostou muito da história; achava que respirava maturidade a mais, sensatez acrescida e soube logo, com a experiência a funcionar, que por ali havia alguma coisa que não jogava bem.

A – Na “acelera” não é possível falhar uma mudança e portanto a desculpa não pegava.
B – As rodas daqueles modelos nunca podem bloquear e portanto mentiu descaradamente.
C – As “aceleras”, têm um dispositivo anti queda que nunca permitiria que o moço se aleijasse, pelo que o motivo terá sido outro, completamente diferente.
D – Nunca poderia conduzir uma máquina daquelas porque só os adultos o conseguem.

Pense bem, procure a solução correcta e…               


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Solução do autor:                                                   Publicada em: 01.Agosto.1992

A – Na “acelera” não é possível falhar uma mudança e portanto a desculpa não pegava.
Uma “acelera” não tem mudanças e, como tal, nunca poderia ser numa operação desse tipo que a avaria ocorreria. O próprio nome diz tudo: é só acelerar, sem mudanças!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 27


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Problema # 24
O INSPECTOR FIDALGO INVESTIGA…
Original de: Luís Pessoa Publicado na secção POLICIÁRIO em: 27.Julho.1992


Nem sempre o que parece é! O inspector Fidalgo sabia isso há longo tempo e procurava sempre aplicar esse conceito nas investigaçõe4s que, por maior dificuldade ou por pouco impacto sobre a opinião pública, não avançavam com a celeridade que requeriam.

Naquela tarde de Agosto, debaixo de um calor abrasador, um acontecimento veio alterar o ritmo de vida daquele bairro de subúrbios. Um acontecimento que, provavelmente, não mereceria mais de duas linhas em qualquer jornal sensacionalista e um número nas estatísticas de acidentes de trabalho.

Eram 16h00 e o Telmo estava no seu posto de trabalho, num andaime, no 9.º andar de um prédio em construção. Não soprava uma única aragem e o ar parado provocava uma sensação de vertigem…

- Está bem, talvez eu devesse ter mandado suspender o trabalho, mas a verdade é que eu tenho prazos a cumprir e nada fazia prever que o Telmo se fosse abaixo, tanto mais que até já trabalhara em muito piores condições… - justificava-se no patrão, para quem a morte do moço não representava mais que uma carga suplementar de trabalhos.

Pintor de profissão, Telmo estava a acabar a pintura da casa quando, sem outro motivo aparente que não fosse um colapso, caiu para a estrada, num autêntico voo, que o fez estatelar a quase oito metros da base do andaime onde laborava.

O seu colega Fausto estava com uma aparência abatida e quase em estado de choque.

- Não pode ser verdade… Ainda não acredito… Estávamos os dois no andaime, lá em cima, no 9.º andar, e quando menos se esperava, o Telmo, aquele homenzarrão de mais de cem quilos, voou pelos ares e esborrachou-se lá em baixo… Nem posso acreditar… Não me dava muito bem com ele, tínhamos o nosso feitio, mas respeitava-o e lamento o que aconteceu… Não vamos poder defrontar-nos outra vez no clube recreativo lá da terra… É que somos ambos, ou melhor, eu sou e ele era lutador de luta livre.

- Uma pena!

- Mas não deu conta de nada de anormal? – interrogou o inspector.

- Não, nada. Só o vi largar a trincha com que estava a pintar a parede e resvalar da tábua, caindo a pique, em queda livre, até se estatelar no chão… Aterrador!

A – O Fausto drogou o companheiro para que ele caísse.
B – O Fausto empurrou-o, fazendo-o cair.
C – O Telmo estava embriagado e caiu sem que lhe tocassem.
D – O patrão sabotou a prancha para que ele caísse.

Como sempre, a leitura do problema é a base de uma boa solução. Uma leitura cuidada, bem entendido. Reúna os pormenores do texto, e opte…

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Solução do autor: Publicada em: 01.Agosto.1992


B – O Fausto empurrou-o, fazendo-o cair.
Para se estatelar a quase oito metros da base do andaime, teria de ser empurrado. O simples desmaiar ou escorregar apenas o faria resvalar para o solo, em queda livre, estatelando-se junto à base do andaime.



quinta-feira, 26 de julho de 2012

BLOGUE


Há um blogue que nos traz um pouco da nossa história.

chama-se:

policiarismo

Está em:
http://policiarismo.blogspot.pt

JARTURICE OU... JARTURADA - 26

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Problema # 23


O INSPECTOR FIDALGO E O CAROCHA AMARELO
Original de: Luís Pessoa Publicado na secção POLICIÁRIO em: 26.Julho.1992

A Primavera apresentava-se quente, como que adivinhando o Verão e a praia que já espreitavam na esquina do tempo. Era a época de que o inspector Fidalgo mais gostava, embora fosse quase um lugar-comum, já que quase toda a gente é dessa opinião.

Mas aquele dia era diferente ou, pelo menos, pretendia sê-lo. Tudo começara com um interrogatório a um larápio de automóveis que conduziu a revelações extraordinárias, tais como a de que se iria processar um assalto a um banco na Avenida da República, não se saia qual, mas tudo parecia ter sido planeado ao pormenor e, quase se garantia, ia ser um êxito.

O inspector Fidalgo estava de piquete e avançou com os agentes disponíveis para a avenida, tentando estabelecer uma estratégia que evitasse o assalto. Não era fácil, tal era a profusão de agências, mas por um processo de eliminação, tendo em linha de conta as possibilidades de fuga, quase podia garantir que seria naquele quarteirão que tudo se iria passar. Após a distribuição dos agentes e a sua colocação em lugres estratégicos, restava esperar.

Foi então que, vindo não se sabe de onde, um carocha amarelo, descapotável e com aparência desportiva, estacionou mesmo diante do banco, em local interdito, saindo do seu interior um indivíduo de meia-idade, pardacento, que se dirigiu ao banco. Ao volante ficou uma moça de beleza indiscutível que, num gesto cada vez mais frequente na cidade de estacionamento infernal, abriu o “capot” do carro accionando um qualquer mecanismo interior automático e ficou calmamente ao volante.

Sem mais, o inspector Fidalgo mandou o Abreu, agente de grande porte e pouco cérebro, avisar a moça de que deveria retirar a viatura dali, imediatamente. Recado entregue, logo o Abreu regressa com notícias, dizendo que a moça estava ali parada porque o motor estava com um sobreaquecimento e, portanto, pedia só mais uns minutos para poder ir embora sem causar problemas…

- Então, não lhe sabias dar a ordem para sair dali? – interrogou o inspector, perdendo a paciência.

- Mas, inspector, coitada da moça, se o carro está quase a arder…

O inspector ia responder quando se deteve, num momento de meditação, logo mandando avançar os seus homens…


A – O inspector lembrou-se, de repente, de que já vira o homem que entrou no banco.
B – O inspector deu-se conta de que já vira a moça e reconheceu-a como assaltante de bancos.
C – O inspector apercebeu-se de que o carro não podia estar ali com o “capot” dianteiro aberto a arejar o motor.
D – O inspector teve um palpite de que alguém estaria a assaltar aquele banco.
Na sua agenda pessoal, aponte no espaço reservado ao dia de hoje que a sua escolha é a identificada com a letra…
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Solução do autor: Publicada em: 01.Agosto.1992


C – O inspector apercebeu-se de que o carro não podia estar ali com o “capot” dianteiro aberto a arejar o motor.


Na realidade, o “carocha”não tem o motor à frente, mas sim atrás, motivo pelo qual era falso que estivesse ali a arejar o motor.



quarta-feira, 25 de julho de 2012

ANO: 1929 OU 1927? MÊS: NOVEMBRO OU FEVEREIRO? DIA: 3 OU 1?

JARTUR, RESPONDE:

PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA MORA
 EM PORTUGAL, DESDE 3 DE NOVEMBRO DE 1929.
PELO MENOS, É DESSA DATA A MAIS 
ANTIGA REVISTA QUE
 TEMOS NO «AHPPP»!
ABRAÇOS PARA TODOS.
JARTUR




MAS DOMINGOS CABRAL/INSP. ARANHA REVELA

(E CORRIGE?!):




... e essa data é, tanto quanto agora se sabe, 1 de Fevereiro de 1927.Foi de facto nesse dia que se iniciou a publicação, nas páginas do Jornal PRIMEIRO DE JANEIRO, dos 50 Contos-Problema assinados pelo Repórter X (Reinaldo Ferreira), escritos propositadamente para o concurso promovido por aquele jornal denominado "Concurso dos "Contos Misteriosos"". Contos que não eram mais que problemas, tal os conhecemos agora. Foi uma iniciativa que registou grande êxito. E, tal como agora, os leitores liam, decifravam, elabooravam as suas respostas e... habilitavam-se a prémios tão curiosos como "Um saco com 45 kg. da batatas", "Um Serviço de Lavatório, em Faiança Ingleza","Uma Bela Figura de Terra-Cota", etc.
No final foi promovida uma sessão pública de entrega de prémios.


Estou a elaborar a História dos Primórdios da Problemística Policiária em Portugal", na qual reproduzo estes 50 problemas, e também os 10 que constituiram a Secção seguinte, há algum tempo descoberta pelo nosso Amigo Jartur, que teve início no dia 18 de Agosto de 1929, nas páginas do Notícias Ilustrado",suplemento do Jornal "Diário de Notícias", e que era da responsabilidade de L. Figueiredo. Registou a participação de cerca de 150 concorrentes. Foi prometida uma segunda "dose", que nunca apareceu...


Depois (nos anos 40) foi a vez dos Foto-Crime, publicados pela mão do Gentil Marques na "Vida Mundial Ilustrada", e a seguir uma Secção Policial, tendo aiunda como responsável o Gentil Marques mas já então sob o seu pseudónimo ""Repórter Mistério", publicada na Revista "Detective", que passara a suplemento, de venda autónoma, da "Vida Mundial Ilustrada". Nela pontificaram nomes grandes do policiário como Inspector Varatojo, Manuel Constantino - felizmente ainda vivo e actualmente a produzir um trabalho notável, talvez não tão apreciado como mereceria (O Poiliciário de Bolso, na net),Sete de Espadas, etc. etc. 
Para já é o que se sabe. Mas... quem garante que não possam ainda surgir umas surpresas?


Domingos Cabral/Inspector Aranha






















Confrades, 1 de Fevereiro de 1927 ou 3 de Novembro de 1929?
OU OUTRA DATA QUALQUER?
RESPONDA QUEM SOUBER!



JARTURICE OU... JARTURADA - 25

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ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA


Problema # 22


O INSPECTOR QUEIXINHAS E O MILIONÁRIO


Original de: Luís Pessoa Publicado na secção POLICIÁRIO em: 25.Julho.1992

O inspector Queixinhas examinava de novo o corpo do milionário Pedro Reis que tinha sido encontrado pela empregada numa das salas secretas por trás dos espelhos. Tinha sido esfaqueado, cerca das 16h30. O inspector tinha já resolvido muitos casos, mas este parecia insolúvel.
Pedro Reis era dono de diversas fábricas. A sua casa era muito invulgar. Tinha uma grande sala rodeada de espelhos apenas interrompidos pela porta que dava para o corredor de entrada. Atrás dos espelhos, havia divisórias secretas que eram invisíveis do exterior mas de onde era possível ver a sala.

Foi numa dessas divisórias que foi encontrado o corpo. Na sala havia umas escadas que davam acesso a uma galeria, no piso superior, da qual se via a sala, excepto a parede por baixo, precisamente a da porta de saída.

Era preciso começar por interrogar as únicas duas pessoas encontradas na casa, a empregada e o João Zeco.

Empregada: “Às quatro e meia, eu ia avisar o senhor Reis que havia visita para ele. Entrei pela porta que liga a cozinha à sala secreta onde ele se encontrava e vi-o morto. É tudo o que sei.”

- Quantas portas para o exterior, tem a casa?

Empregada: “Tem duas. A principal e a das traseiras que dá para a cozinha.”

- Conhecia o senhor João Zeco?

Empregada: “Não. Nunca tinha vindo cá a casa. Mandei-o esperar na galeria do 1.º andar.”

- E ate às 16h30estave sempre na cozinha?

Empregada: “Não. Depois de mandar o senhor Zeco entrar, fui dar um recado urgente ao jardineiro e demorei-me lá uns dez minutos.”

João Zeco: “Trabalho na fábrica do senhor Reis e vim aqui porque ele me mandou chamar. Disse que queria falar comigo sobre uma possível promoção. Mandaram-me esperar na galeria. Subi e fiquei ali alguns minutos a observar aquela estranha e fantástica sala. De repente, olhei para a parede em frente e vi um homem virado para mim. Logo a seguir, ouvi um grito da empregada vindo de trás dos espelhos. Fiquei assustado. Mas depois voltei a olhar e já não vi ninguém.”

- Como era esse homem?

João Zeco: “Era gordo e… não tinha o braço direito. Estou certo disso!”

O inspector Queixinhas procurou suspeitos e tratou de os interrogar; eram dois e a qualquer deles faltava um braço

Luís Neves: “O braço direito perdi-o num acidente há muito tempo. E realmente não me dava muito bem com o Reis. Pode até dizer que eu o queria matar, mas não o fiz. Tenho um álibi. Muita gente me viu na reunião da empresa. Estive lá a tarde inteira a tratar de uns assuntos.”

José Ricato: “Eu estava irritado com ele. Mas não posso ter sido eu. O senhor disse que tinha sido uma pessoa sem o braço direito. Eu não tenho o esquerdo, logo não me pode incriminar. Em todo o caso fui passear pelo campo e, embora ninguém me tenha visto, digo-lhe que estou inocente.”


Depois de investigar, o inspector descobriu que o crime foi cometido entre as 16h20 e as 16h30. A mulher do jardineiro disse ter visto um homem a sair pela porta da cozinha, enquanto o marido falava com a empregada. Segundo o depoimento desta mulher, esse homem voltou a entrar, pela porta principal, para, poucos instantes depois, sair a correr.

O inspector pensou. Este homem misterioso, ao ver para dentro da sala, terá suposto que também uma testemunha do interior o poderia ver a ele? E, nesse caso, terá pensado eliminar a testemunha mas acabado por fugir ao ouvir o grito da empregada?
O inspector Queixinhas já tinha as suas ideias…
Pergunta-se:

Quem matou o milionário?

Que indícios podem incriminá-lo?

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Solução do autor: Publicada em: 15.Agosto.1992




O Inspector Queixinhas, concluiu que o culpado fora José Ricato. Tinha motivo e possibilidade matar o milionário e era o único sem álibi. A sua única defesa era não ter o braço esquerdo, quando o João Zeco viu um homem sem o direito, mas isso também tem uma explicação: José Ricato, depois de cometer o crime, voltou pela porta principal. Mal entrou na sala, João Zeco, na galeria mesmo por cima dele, viu a imagem do Ricato reflectida no espelho. Essa imagem é invertida e, portanto, quando ele afirma que é o braço direito, trata-se na verdade do braço esquerdo.









JARTUR PERGUNTA...



O confrade JARTUR faz uma pergunta bem difícil:







DESDE QUANDO HÁ POLICIÁRIO EM PORTUGAL?


Não haverá uma resposta absolutamente correcta e certeira (para já!), mas o JARTUR sabe a data do primeiro documento que tem no AHPPP (ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA)...



E essa data é...

terça-feira, 24 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 24


A H P P P

ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA



Publicado em 24 de Julho de 1992

O inspector Fidalgo há 20 anos atrás, em 1992, o dia 24 de Julho foi a uma sexta-feira, dia que o inspector Fidalgo aproveitou para dar alguns conselhos ou esclarecimentos. Vamos a eles, e o melhor é fazer a transcrição integral da secção publicada nesse já longínquo dia, que hoje estamos a festejar.


É sexta-feira, o dia da verdade para os policiaristas que tem de proceder à maratona da semana:
- Correr a comprar o PÚBLICO;
- Recortar o cupão;
- Assinalar as cruzes nos quadradinhos;
- Colar num postal dos CTT;
- Enviar o postal, assegurando-se que leva o carimbo de hoje.


Como podem ver, é muito fácil. Tão fácil que às vezes os concorrentes facilitam. Vejam só o que aconteceu ao Carlos Manuel Oliveira, de Guimarães, que nos enviou um postal onde não há cupão, que terá caído por falta de cola! E o Comissário Duvall, de Lanheses, Viana do castelo, que colou o cupão muito bem, mas não assinalou qualquer resposta! E os nove postais que trazem o cupão e não identificam os concorrentes, tornando impossível saber a quem pertencem!


Um bom detective tem de ser meticuloso, rigoroso, atento, sagaz e, antes de proceder ao encerramento de qualquer caso, deve certificar-se que tudo está em conformidade com o que é pedido. Um pouco mais de atenção, pois!


Números


Numa secção que aparece num jornal diário onde nunca houve uma tradição policiária, os primeiros tempos são sempre um certo trabalhar no arame, não havendo sequer a noção do efeito que se pode ter. Apesar de ainda sermos uma “criança”, não podemos deixar de fazer um pequeno balanço.


Assim: é nos problemas diários (reunidos no fim de semana) que os leitores apostam mais.


Em apenas dois agrupamentos semanais reunimos 396 concorrentes, em contraste com as secções de sábado (independentes das restantes), em que, para o primeiro problema, não apareceram mais de 34 concorrentes.


A explicação parece estar nas palavras de A. Raposo, que diz assim:


“Parabéns pela iniciativa e até pela visão objectiva, pela fórmula encontrada: Prática, simples, eficiente…”


O espírito de férias e o desejo de se não perder muito tempo em grandes divagações policiarias terão influenciado. Tiraremos as necessárias ilações.

Premiados da semana

De entre os concorrentes desta semana, foram premiados:
- Susana Alves Seixas (DNA-99) – 4200 - Porto
- Fernando Jorge C. A. Pina (Raymond Marlowe) 1500 - Lisboa
- João Carlos Cruz de Sousa (Gervásio Pinho) – 3700 – S. João da Madeira
- Pedro Palma Moreira (Inspector Lima Júnior) – 8600 - Lagos
- Paulo Alexandre Ribeiro Silva (Taka Takata) 2580 – Bombarral
- Paulo Manuel Farinha Nunes Dantas (Sem-Loh) 3000 – Coimbra

Parabéns aos premiados. Na próxima semana, haverá outros prémios e, quem sabe, novos premiados. Para tanto só há que ler com atenção os problemas a publicar a partir de domingo até quinta-feira e enviar-nos o cupão a publicar na sexta-feira, devidamente preenchido.

(E em rodapé, publicava-se o referido cupão)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 23

A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA


Problema # 21


O INSPECTOR FIDALGO E O CAÇADOR FURTIVO
Original de: Luís Pessoa Publicado na secção POLICIÁRIO em: 23.Julho.1992

Atirador de mérito, com muitos prémios ganhos nos torneios que levavam a cabo todos os anos, o inspector Fidalgo tinha uma particular aversão aos caçadores. Muito embora não fosse um defensor acérrimo da natureza e dos seus animais, não aceitava também as teorias do equilíbrio para justificar a caça, porque na verdade foi o homem que eliminou os animais carnívoros que deviam controlar as espécies de herbívoros e roedores e agora caçava em nome desse equilíbrio. E se o pretexto para caçar era o exercício físico, então correr fazia o mesmo efeito e não era preciso andar a perseguir os animais indefesos.

Para ele, já lhe bastava ter de andar atrás de criminosos e muitas vezes alvejá-los.

Naquele dia, o Jacinto tivera algum azar. Na realidade, eram tantos os caçadores e tão anarquicamente andavam pelo meio do mato que qualquer tiro podia acertar em qualquer deles. Calhou ao Jacinto, segundo parecia.

Na verdade, estendido no chão, por entre uns arbustos pequenos, o Jacinto fora alvejado, tendo morrido ali mesmo, ingloriamente.

O inspector Fidalgo debruçou-se sobre o corpo e observou o peito nu da vítima, onde se via a marca do impacto mortal, mesmo em cheio. Provavelmente rumo ao coração.

- Um tiro certeiro… - pensou.

A pouco e pouco, iam-se juntando os caçadores que comentavam o ocorrido dizendo que havia montes de inconscientes que atiravam sobre tudo o que se movia. Não distinguiam uma lebre ou um coelho, que era sobre o que deviam atirar, de uma pessoa. E um coro de vozes levantou-se para condenar as autoridades que concediam licenças de qualquer maneira e feitio.

Pela posição do cadáver e tendo em atenção a morfologia do terreno, era fácil verificar que o disparo mortal não ocorrera a mais de oito metros de distância e o inspector Fidalgo não sabia por onde começar. Na realidade, nem sabia porque estava ali, porque toda a gente falava de acidentes de caça e isso já nem notícia era.

A pouco e pouco, uma pequena multidão foi-se juntando, quase todos numa atitude de resignação e de quase alegria e aceitação, principalmente por não terem sido eles os contemplados.

Foi então que alguém se adiantou aos demais e se dirigiu ao inspector:

- Inspector, chamo-me Nelo e sou caçador há muitos anos, muito antes de haver estas carnificinas e da época em que havia um código de honra entre os caçadores. Não sei se o inspector é caçador ou conhece a caça, mas quero-lhe chamar a atenção para uma pequena particularidade que o pode ajudar a resolver esta caso…


A – Nelo queria dizer ao inspector que o morto não era caçador.
B – O Nelo indicou ao inspector que uma caçadeira nunca poderia matar um homem.
C – O Nelo disse ao inspector que uma caçadeira nunca faria um ferimento daqueles.
D – O Nelo explicou que nunca um caçador agiria daquela maneira imprudente e nunca um acidente daqueles poderia acontecer.

Se é caçador, está em vantagem, mas não muita…

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Solução do autor: Publicada em: 25.Julho.1992




C - O Nelo disse ao inspector que uma caçadeira nunca faria um ferimento daqueles.


O que o Nelo queria dizer ao inspector era que um tiro de caçadeira a oito metros de distância nunca poderia deixar apenas um orifício na vítima. A dispersão do chumbo deixaria ficar uma imensidão de pequenos furinhos.

domingo, 22 de julho de 2012

POLICIÁRIO 1094


A propósito da passagem do nosso XX Aniversário, deixámos aqui a notícia da iniciativa do confrade Jartur, que fez a recuperação daquilo que foram os primeiros tempos deste nosso espaço e está a enviar a quem lho solicitar para o seu endereço jarturmamede@aeiou.pt, o exacto teor dessas secções, no dia da respectiva publicação, mas 20 anos depois!

Esta iniciativa do Jartur não surpreende, uma vez conhecido o imenso trabalho que tem vindo a desenvolver ao serviço do Policiário, na recolha e compilação de todos os documentos que se relacionem com o nosso passatempo, no Arquivo Histórico da Problemística Policiária Portuguesa (AHPPP), uma realidade já bem presente.

Tratando-se de um confrade com mais de cinco décadas de Policiário, de que se assumiu divulgador de excelência, quer na orientação de múltiplos espaços em jornais e revistas de expressão nacional, quer como decifrador de enigmas, com variados torneios e prémios conquistados, quer ainda como produtor de excelentes problemas policiais, torna-se difícil definir os pontos mais altos de uma vida dedicada ao nosso passatempo.

Talvez por isso mesmo, este nosso confrade nascido em Aveiro e residente na cidade do Porto, tem marcado sucessivas gerações de policiaristas, mercê do seu estilo desprovido de qualquer conflitualidade ou arrogância, apesar de possuir um currículo absolutamente impressionante.

Após muitas décadas de orientação de secções e de participação activa nos torneios que proliferavam, respondendo aos desafios e elaborando intricados problemas, que faziam as delícias dos “detectives”, Jartur abraçou um projecto notável quando, sem quaisquer meios, se lançou na recolha de todos os indícios da presença de policiário em Portugal, para organizar o AHPPP, não perdendo nunca de vista o que se vai fazendo em termos da problemística policiária, fazendo parte da Tertúlia Policiária do Norte e sendo o patrocinador do troféu “Lupa de Honra”, com que tem distinguido os mais ilustres vultos do nosso passatempo.

O Jartur é hoje uma das figuras maiores e mais respeitadas do nosso “pelotão” policiário, mercê de uma postura que sempre se manifestou equilibrada e simples. Nunca negou a sua ajuda quando solicitado para produzir um problema policiário e por isso vamos publicar hoje um dos seus desafios, que viu a luz do dia no semanário regional “O Almeirinense”, no dia 15 de Julho de 2007, na secção Mundo dos Passatempos, superiormente orientada pelos “Três Zés”, o Zé propriamente dito (o de Viseu), o Zé dos Anzóis (o Inspector Aranha, de Santareém) e o Zé da Vila (o M. Constantino, de Almeirim).


VAMPIROS DE PRATA
Um problema de JARTUR

 “Vampiros de Prata” era o nome da heróica esquadrilha que se exibia naquelas manobras militares, efectuadas numa extensa região montanhosa…
 Durante a manhã, no decurso dos exercícios, os aparelhos supersónicos sulcaram o céu em todas as direcções, desenhando, a velocidades incríveis, as mais arriscadas acrobacias.
 Incapazes de dar valor às suas próprias vidas, os pilotos lamentaram sinceramente a morte do sargento Barradas, cuja causa foi atribuída à temeridade dos jovens aviadores.
 O corpo caíra da alta pedreira, quase verticalmente, parcialmente despedaçado, junto à base da elevação de onde se despenhara.
Como é costume fazer-se nestes casos, foi aberto um inquérito para tentar apurar as causas do sucedido. Com os depoimentos das testemunhas oculares, elaborou-se o respectivo processo, de modo a encontrar-se a quem (ou a que) atribuir as responsabilidades do acidente.
O cabo Félix, única pessoa que no momento do desastre se encontrava próximo do sargento Barradas, afirmara aos inquiridores:
– Nós estávamos a planear o itinerário para o exercício da tarde, quando ouvi o ruído dos jactos. Voltei-me imediatamente e, ao aperceber-me de que eles vinham na nossa direcção, no máximo da velocidade e a pequena altura, atirei-me ao solo, gritando ao sargento que fizesse o mesmo. Ele, porém, não deve ter ouvido a minha advertência e… foi projectado no abismo...
Por sua vez, o major J. Ramos, comandante da esquadrilha, declarara:
– Efectivamente, nós picámos várias vezes, na velocidade máxima, sobre o sítio da pedreira, mas retomávamos altura sempre no momento conveniente, de modo a não fazer perigar a nossa própria vida ou a de qualquer pessoa que se encontrasse no solo. É muito estranho, pois, que o militar possa ter sido projectado pelo sopro de algum dos nossos aparelhos…

 Quinze dias depois, em Tribunal Militar, foi o caso dado por encerrado, tendo-se concluído que…


Pois é, o confrade Jartur interrompeu a sua narrativa neste ponto e lançou o desafio a todos os leitores. É também o que vamos fazer, neste tempo de férias para alguns confrades e prenúncio das mesmas para outros, convidando todos os nossos leitores a desafiarem-se a si próprios e darem uma solução a este problema.
Na próxima semana, aqui teremos o confrade Jartur a dar a solução…






FIXEM ESTA SIGLA: A.A.H.P.P.P.

O confrade JARTUR, escreve hoje:


FELIZ DIA, MEUS AMIGOS:
O PASSADO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA, E ATÉ NÃO SERÁ SÓ A PORTUGUESA (POIS COMO SABEM MUITAS PRODUÇÕES DE OUTROS PAÍSES TEM  SIDO DIVULGADAS NAS SECÇÕES NACIONAIS) JÁ ESTÁ EM GRANDE PARTE DISPONÍVEL NO
NOSSO, CADA VEZ MAIS NOSSO, «AHPPP».
HÁ JÁ INTERESSE, MUITO INTERESSE, EM USUFRUIR DESTE TRABALHO CONJUNTO, E PAGAM
SUFICIENTEMENTE A MINHA GRACIOSA TAREFA, AS PALAVRAS DE APOIO QUE ME TEM SIDO DIRIGIDAS, E MESMO DE ENTUSIASMO, EM RELAÇÃO À PROJECTADA "ASSOCIAÇÃO DO ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA". JÁ CHEGARAM UMA DEZENA DE ADESÕES, QUE PARA AGORA...
SÃO MUITAS! ALGUNS JÁ PERGUNTAM QUANDO SERÁ A PRIMEIRA REUNIÃO! CALMA AMIGOS, O RIO CONTINUA A CORRER PARA O MAR, MAS ALI, NO FREIXO (ONDE FICA O «MUSEU NACIONAL DE IMPRENSA» NOSSA PROJECTADA MORADA) O SEU CAUDAL SOBE E DESCE AO SABOR DAS MARÉS DITADAS PELO MOVIMENTO DOS ASTROS...
VENHAM MAIS, EXPRIMAM IDÉIAS, PENSEMOS EM CONJUNTO, SONHEMOS!
E COMO SABEM, COMO ESCREVEU O POETA, E COMO ESTÁ GRAVADO PELO PEDREIRO, NO GRANITO DA ANTIGA "ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS SOARES DOS REIS", HOJE UMA "ESCOLA SUPERIOR DE HOTELARIA", MUITO PERTO DA MINHA CASA, ... Deus QUERE, O HOMEM SONHA, E A OBRA NASCE!


GRANDES ABRAÇOS PARA TODOS.


JARTUR



Acrescentamos nós: É hora de tomarmos as nossas decisões, de vermos o que queremos para o nosso Policiário. Há muitos anos que andamos, todos nós a clamar por uma organização que possa aglutinar todas as nossas boas-vontades para expansão e divulgação desta nossa actividade. Pois bem, o confrade JARTUR está no terreno! Tem propostas e quer opiniões e novas propostas... Confrades, de que estamos à espera?

jarturmamede@aeiou.pt



JARTURICE OU... JARTURADA - 22


    A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA


Problema # 20
O INSPECTOR FIDALGO ATURA O LOBÃO
Original de: Luís Pessoa                                     Publicado na secção POLICIÁRIO em: 22.Julho.1992

Não há dúvida que o Lobão continua a inventar crimes e enigmas capazes de fazer perder a paciência a um santo, quanto mais a um indivíduo farto de aturar aldrabices e desculpas estafadas, como era o caso do inspector Fidalgo.
Mas, enfim, havia qualquer coisa no Lobão que atraía o inspector e que o fazia ouvi-lo com mais ou menos atenção, de um modo relaxante, já que sabia que dali não havia nada a recear. Tardara um pouco a descobrir que era inofensivo e que a mentira estava na massa do sangue.
- Ó senhor inspector, em Inglaterra é que aquilo é bom!
- O quê? Estiveste lá?
- É verdade… Vi muitas coisas giras, o palácio da rainha, o Big Ben, eu sei lá que mais… Fartei-me de andar, de viajar, foi mesmo uma beleza.
- Quanto tempo é que lá estiveste?
- Mais de um mês. Estive em casa da minha prima, em Londres, e depois aluguei um carro e andei por todo o lado, sempre a passear.
- Custa-me um bocado a acreditar, mas enfim, se tu o dizes…
- É verdade, juro…
- Bem, está bem, não se fala mais disso… Ao menos desta vez não vens com a mania de que viste crimes e criminosos por todo o lado. Já é um avanço…
- Não vi crimes nem criminosos, mas a verdade é que estive quase, quase a ser preso!
- Preso tu! Porquê?
- Ainda eu não sei bem porquê! Ia muito bem por uma estrada de bastante movimento, nas calmas, sem excesso de velocidade nem nada, quando uma brigada da polícia me mandou parar. Claro que estacionei de imediato, porque nessas coisas eu não me deixo levar pelas manias de fugir e, de mais a mais, não tinha nada a temer.
 - Vá, então, porque foi? – O inspector estava já um tanto impaciente e curioso.
- Imagine só que íamos todos a andar em bicha, mas a uma velocidade razoável, e o polícia alegou que eu tinha ultrapassado uma carrinha pela direita e que isso era uma manobra perigosa e não sei que mais… Vi-me e desejei-me para não ser multado… Mas isto é verdadeiro, inspector, juro-lhe que eles são um milhão de vezes mais rigorosos do que os nossos cá!
O inspector sorriu…

A – O Lobão estava a mentir porque nunca poderia conduzir um carro em Inglaterra, por ser português.
B – O Lobão mentiu porque nenhum polícia o ia mandar parar por essa infracção.
C – O Lobão mentiu porque não podia estar mais de um mês.
D – O Lobão, contra o que é habitual, falou a verdade e tudo se processou como ele afirma.
Leia com atenção, pense bem onde se passa a história e quem é o herói da fita. Seleccione a resposta acertada e indique-a…

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Solução do autor:                                                                               Publicada em: 25.Julho.1992

B – O Lobão mentiu porque nenhum polícia o ia mandar parar por essa infracção.
Em Inglaterra, as viaturas circulam pela esquerda e portanto é mesmo pela direita que é permitido proceder a ultrapassagem. Ninguém o ia mandar parar por uma infracção que não existia!