quarta-feira, 4 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 4

[ATENÇÃO QUE APENAS PODERÃO RECEBER OS TEXTOS DIARIA E GRATUITAMENTE NO VOSSO MAIL, SE OS SOLICITAREM AO AUTOR PARA jarturmamede@aeiou.pt
E MUITA ATENÇÃO AO TRABALHO DO CONFRADE JARTUR NO AHPPP (ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA)
Não tem curiosidade em saber mais?... Quer saber mais? Então pergunte-lhe TUDO! (jarturmamede@aeiou.pt) PERGUNTE JÁ!

CAROS "CONFRADES" E AMIGOS.


AINDA HÁ BASTANTES FALTAS DE ADESÃO, ATÉ PORQUE ALGUNS ESTARÃO DE FÉRIAS,
MAS JÁ SOMOS QUASE UM "QUARTEIRÃO".
CONTINUEM A OPINAR, A SUGERIR... E VAMOS EM FRENTE COM O «AHPPP».
ABRAÇOS DO
JARTUR


JARTURICE – POLICIÁRIO #0004


AOS ADMIRADORES E PRATICANTES
DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA… e não só!


Deste novo processo de difusão do material histórico já recolhido para o nosso “AHPPP” (que está a suscitar muita admiração entre os amigos que já o viram, por lhes ter-mos enviado directamente, ou porque lhe acederam em algum “blog” ou lá como se chamam essas coisas, das quais nada percebo) já recebi algumas boas apreciações, que me incentivam para esta trabalhosa e responsável tarefa.


Esta entrega, como a anterior, e as próximas, só serão encaminhadas para aqueles que já me participaram o seu interesse. Deveria encaminhá-las, todavia, para mais uma dezena (pelo menos) de outros “sherlocks” que se mostraram receptíveis às antigas “Jarturadas” de efemérides.


Não o faço, porém, porque não quero, efectivamente, invadir as caixas de correio que podem até estar encerradas para “férias”. Mas, é evidente, ao menor aceno de “aqui estou”, o material segue com prioridade, em correio de todas as cores.


Nota:
Inicialmente, eu pretendia publicar as soluções com o texto invertido, isto é, rodado a 180 graus, como é usual fazer nas publicações, (para obstar à tentação de ver o resultado), mas não sei como fazê-lo, nem sequer sei se existe essa possibilidade. Não poderia encarar, a ideia de o deixar para outra oportunidade, como já me sugeriram.


Como sei que grandes “craques” da informática estão a coleccionar estes “papéis”, será que algum me quer elucidar a esse respeito?


Opinem, por favor!
Até amanhã, um grande abraço… para todos, e as cordiais saudações do
Jartur
(João Artur Mamede)
04.07.2012


Problema # 0004


O ROUBO NA QUINTA DAS MARGARIDAS
Original de: Luís Pessoa


Publicado na secção POLICIÁRIO em: 4.Julho.1992


Havia festa na Aldeia Branca e toda a gente das quintas vizinhas e mesmo de aldeias distantes convergia para lá, como que atraídas por uma força invisível. Havia foguetes no ar e cheiro da pólvora misturava-se aos dos dois bois que assavam rodando sem parar, nos espetos. A algazarra era geral e os ranchos folclóricos começavam a sua actuação. As febras e vinho tinto completavam o cenário.
Só para uma pessoa parecia não haver festa. Era um homem baixote, gordo, com um bigode mal tratado, desfeiado por uns óculos desleixadamente tortos. Olhava e voltava a olhar, numa atitude que não chamava as atenções porque tanto eram os “turistas” que, mais um, ainda que esquisito, não chegava para atrair olhares.
De uma taberna suja e sombria saiu outro homem, magro e alto, com uma bengala, que se aproximou do outro. Trocaram algumas palavras e encaminharam-se para a saída da aldeia.
- Dizes, então, que é por aqui?
- É verdade, inspector, foi o que disseram na taberna, mas também disseram que não gostam nada dos que moram na Quinta das Margaridas. Dizem que são malucos…
O inspector deu mais uma pancada descuidada nos óculos que lhe escorregavam pelo nariz abatatado e, virando-se para o seu adjunto:
- Bem, estou farto de festas, onde é a Quinta?
- A Quinta das Margaridas era atraente, brilhando aos raios de Sol daquela Primavera que se adivinhara. Dois enormes cães saltaram, não se sabe de onde, e ladrando furiosamente lançavam-se contra o portão.
- Jesus, inspector, metem medo!
- Bem vejo!...
De dentro da casa saiu um vulto pardacento, velho e esquisito que se dirigiu ao portão, perguntando:
- Que querem?
- Sou o inspector Duas e este é o meu assistente, o agente Tristão…
- Ah! Sim, esperem um pouco, por favor!
E dando uma voz de comando, logo fez com que os cães entrassem numa cerca, que fechou cuidadosamente, indo abrir, então, o portão que dava o único acesso à casa.
- Desculpem a recepção, mas todo o cuidado é pouco…
No interior da casa, um tanto maltratada, o ambiente era de penumbra, em contraste com o brilho de Sol que se vislumbrava pelas janelas entreabertas. De uma porta surgiu um homem alto, de grande porte, que se apresentou:
- Bom dia, sou Ambrósio Fonseca e fui eu que os chamei porque me roubaram as jóias de família, de valor incalculável.
- De onde desapareceram?
- Daqui, deste cofre… António, vê se fazem calar os cães que não se ouve nada…
- Sim, senhor… - respondeu o criado.
O cofre estava arrombado, mas o proprietário apressou-se a esclarecer que o cofre estava assim, aberto, porque há muito que a chave se perdera.
- Compreende, apenas o criado e eu cá vivemos e, de vez em quando o meu sobrinho, que, por acaso, chegou hoje de madrugada para as festas… Ah! Finalmente temos sossego, ainda bem que os cães se calaram…
- Mas não ouviu nada de suspeito durante a noite?
- Não, foi uma noite muito calma porque as pessoas da aldeia se deitaram bem cedo para a festa de hoje.
O inspector caminhava lentamente pelo soalho meio carcomido pelo tempo e ia começar a falar quando os cães retomaram uma terrível algazarra, fazendo António espreitar pela janela:
- É o seu sobrinho, senhor!
- Diz-lhe que pode entrar, que os cães estão guardados.
- Sim, senhor!
O inspector parou um pouco…
- A que horas chegou o seu sobrinho?
- Logo depois do roubo. Eu estava muito transtornado e ele ajudou-me a acalmar…
- Tinha seguro das jóias?
- Não, nunca achei necessário… Está a ver, eu vivo na aldeia…
O inspector pensou um pouco, antes de dizer:
- Bem, caro senhor Ambrósio, não há outra entrada nesta casa e todas as janelas estavam bem fechadas, não havendo marcas de arrombamento, pelo que me parece que a solução do caso é óbvia… Quem roubou as jóias foi…
Caro leitor, o desafio está feito. Leia com atenção o texto, imagine-se no local, meta-se com as personagens, faça as perguntas que o inspector não fez e responda às seguintes questões:
- Quem roubou as jóias?
- Porquê? Justifique a afirmação.


Solução: Publicada em: 25.Julho.1992


A solução do problema estava centrada nos cães e no natural barulho que produziam à aproximação de qualquer visitante. Na realidade, ladrava a qualquer estranho e também ao sobrinho da vítima, como se pôde constatar à sua chegada. Portanto, o desaparecimento das jóias tinha de partir de dentro.


O proprietário não tinha interesse porque não havia seguro. Resta o empregado, com domínio sobre os animais, que tinha oportunidade (o cofre estava aberto), tempo (toda a noite, se preciso fosse) e oportunidade de esconder as jóias fora de casa (podia passar pelos cães).


Nas classificações, quase todos foram totalistas e só a falta de atenção de cinco estragou a unanimidade.



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