domingo, 29 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 29



A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA
Problema # 26
O INSPECTOR FIDALGO E O EX-PRESIDIÁRIO
Original de: Luís Pessoa
                                                                            Publicado na secção POLICIÁRIO em: 29.Julho.1992

Uma das maiores alegrias que o inspector Fidalgo pode ter é saber que um dos presos que ajudou a capturar se encontra já em liberdade, preparado para regressar à vida, porque também ele tem a consciência de que a prisão não é a melhor forma de recuperar um indivíduo.
Assim ficou, mais uma vez, quando soube que o “Caroços” tinha sido posto em liberdade. E, logo que se tornou possível, foi visitá-lo no local que indicou como sendo a sua futura residência. Não deixava de ser curioso, dois homens que estavam em campos diferentes encontrar-se…
A casa era velha, virada a nascente, banhada pelo sol na sua frontaria toda a manhã e nas traseiras durante toda a tarde. E que sol, que havia vários dias que o calor derretia autenticamente toda a gente.
Foi ao chegar que o inspector soube que, na véspera, ocorrera um roubo e, claro está, todos apontavam o dedo acusador para o “Caroços”, que já se sabia que era muito bom ter por perto um ex-presidiário para o acusar em momentos destes.
Interrogado pelo inspector, o “Caroços”, transpirando abundantemente pela sua pele branquinha de quem desde há muito está “engaiolado”, apenas esboçou uma ténue defesa, alegando que todos estavam contra ele por ser um ex-presidiário, mas a realidade era que, na véspera, estivera a gozar as delícias da liberdade e, por isso, apanhara uma valente bebedeira ainda da parte da manhã e caíra a dormir profundamente, com o peito nu nas traseiras da casa, ali junto à parede, acordando apenas quando a noite já ia alta. Não sabia se alguém reparara nele, mas a verdade é que, com o sol a bater ali na parte detrás do prédio, ninguém se atrevia a pôr sequer a cabeça de fora da janela. Enfim, comemorara à sua maneira o feliz acontecimento.
O inspector Fidalgo sentou-se na cadeira, bem em frente do “Caroços”, transpirando abundantemente, roído de inveja pelo seu interlocutor estar de tronco nu, apesar de trans pirar como ele, vendo-se gotas de suor a escorrerem pela pele leitosa:
- Estás a precisar de ir à praia…

A – O “Caroços” é totalmente alheio ao roubo, nada havendo que o relacione com ele.
B -  O “Caroços” mentiu quando disse que se embriagou durante a tarde do dia anterior.
C – O ex-presidiário esteve realmente ao sol toda a tarde anterior, mas é falso que se tenha embebedado.
D – O “Caroços” não esteve deitado no dia anterior nas traseiras do prédio, pelo que será suspeito do roubo cometido.

Se acha que o problema apresentado é estranho, esquisito, pode ter a certeza de que não é o único a pensar assim. Mas a receita é a mesma: leitura atenta, busca sistemática dos pormenores que não encaixam na história, alguma perspicácia, são os elementos indispensáveis a um bom detective que nunca deve perder de vista.
Seleccione a resposta correcta e…

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Solução do autor:                                                             Publicada em: 01.Agosto.1992

D – O “Caroços” não esteve deitado no dia anterior nas traseiras do prédio, pelo que será suspeito do roubo cometido.
Depois de muito tempo no presídio e com a pele bem branquinha, nunca poderia estar uma tarde inteira ao sol, de tronco nu e ficar com a pele… branquinha! Pelo menos tinha de ficar bem vermelha!

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