terça-feira, 3 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 3


[ATENÇÃO QUE APENAS PODERÃO RECEBER OS TEXTOS DIARIA E GRATUITAMENTE NO VOSSO MAIL, SE OS SOLICITAREM AO AUTOR PARA jarturmamede@aeiou.pt


CAROS AMIGOS:

CONFORME PROMETI, AQUI ESTOU A ENVIAR A "CHATICE" - PERDÃO A "JARTURICE" - A TODOS AQUELES, E SÓ A ESSES, QUE ME NOTICIARAM ACEITAR ESSE MATERIAL.
COM MUITA SATISFAÇÃO, APARECERAM ALGUNS NOVOS, A QUEM SAÚDO E APLAUDO, E PARA QUEM FAREI SEGUIR, SEPARADAMENTE, AS DUAS ANTERIORES "JARTURICES".
E QUERO PEDIR DESCULPA A ALGUNS GRANDES AMIGOS, A QUEM DEVERIA TER ENVIADO,
E NÃO ENVIEI, PORQUE INSISTO QUE QUERO ENVIAR APENAS AOS QUE ME CONFIRMEM O SEU INTERESSE... APESAR DE SABER QUE ELE EXISTE.
SOLICITO AS VOSSAS OPINIÕES, SUGESTÕES E CRÍTICAS, POIS DELAS DEPENDE A LONGEVIDADE DO PROJECTO.
GRANDE ABRAÇO DO
JARTUR


JARTURICE – POLICIÁRIO #0003

AOS ADMIRADORES E PRATICANTES
DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA… e não só!

Tenho vindo a lançar, de quando em vez, algumas “Jarturices” ou “Jarturadas”, que não são mais do que tentativas de difundir, experimentalmente, algum material ou informações sobre a actividade do “AHPPP”, que já conta com milhares de páginas, que um dia serão preservadas, para a posteridade, num MUSEU que se digne chamar a si esse espólio.
Estamos agora, a ensaiar um novo tipo de serviço, voluntário, franco, grátis, desinteressado, com o maior interesse.
Como sabes, porque já recebeste os dois números anteriores, estamos a assinalar os VINTE ANOS da secção «POLICIÁRIO», que o jornal “PÚBLICO” apresenta, todos os domingos, dirigida pelo LUÍS PESSOA, envergando a pele do INSPECTOR FIDALGO.
Nesta efeméride, o “AHPPP”, associa-se à festa, e envia, VINTE ANOS DEPOIS, cada problema ali publicado. E anexa-lhe, valorizando-o, a respectiva solução.
Vamos fazer isto… até quando? A ver vamos…

Este terceiro número é, como foi esclarecido, apenas para os amigos “sherlocks”, que nos comunicaram a aceitação dos envios. Todavia, poderão inscrever-se novos interessados, ou corrigirem a situação, todos aqueles que não comunicaram a sua adesão, apenas por esquecimento ou falta de oportunidade.


Para todos, saudações cordiais do
Jartur
(João Artur Mamede)
03.07.2012


Problema # 0003 Publicado na secção POLICIÁRIO em: 3.Julho.1992

O VELHO NÃO FALA!

Original de: Luís Pessoa

João Carlos é verdadeiramente um moiro de trabalho e, para ele, não há sábados, domingos ou feriados. Dezasseis horas por dia no seu laboratório em Paris parecem dar-lhe tudo o que deseja nesta vida. Ou melhor, quase tudo! É que todos os anos em Agosto vem a Portugal, a uma pequena aldeia do Minho que nem no mapa vem e goza o prazer do repouso em casa de um velho que não lhe é nada mas que o aceita como amigo. Na realidade, é um mês silencioso, já que o anfitrião não fala e praticamente não se move da cadeira de baloiço onde ondula a velhice.

O inspector Fidalgo não entendia aquele telegrama que lhe mandavam de Paris a anunciar um relatório que seguiria no dia seguinte. O feitio curioso e ansioso do inspector quase não o deixavam esperar o relatório que, a tempo e horas, fora depositado na sua secretária…

Nele se lia que João Carlos era acusado da morte de um seu colega de trabalho, com quem se não dava bem, desde há muito, mas ninguém tinha podido relacioná-lo com o crime, não havia testemunhas e, muito embora tudo fosse direitinho até ele, o tudo era muito pouco, para não dizer nada …

Havia relatórios de balística, autópsia e muita coisa mais, mas o inspector foi direitinho ao depoimento de João Carlos:

- Não entendo, a minha vida é trabalhar, trabalhar, trabalhar, passo mais de dezasseis horas a trabalhar fechado no meu laboratório com outros colegas, sem tempo para nada, e agora querem que eu diga que matei o Alain? Não é verdade. Não o matei!

- Mas não veio ontem nem anteontem trabalhar, porquê?

- Essa agora… Fui a Portugal, a uma aldeia do Minho, ver uma pessoa amiga que me disseram que estava doente, mas não era verdade. Fui de carro e, apesar de estarmos no Inverno, o tempo estava óptimo, com muito calor e sol, e, quando vi que o meu amigo estava de boa saúde, deixei-me adormecer à sombra das folhas verdes da parreira, onde nas férias me sentava a ler, naquela frescura…

- Quanto tempo lá ficou?

- Tive que me vir logo embora, porque a viagem é longa. Pouco deu para ver, mas o que interessava era que o meu amigo estava bem. Nunca na minha vida tinha saído de Paris nesta época do ano e até já estou arrependido, porque atrasei o meu trabalho, mas…

- E Alain?

- Não tenho nada a ver com isso. Não gramava o tipo, mas daí a matá-lo…

Uma luzinha já bailava nos olhos do inspector Fidalgo… Ele já tinha alguma ideia:

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A – O João disse a verdade e não teve nada a ver com a morte de Alain.

B – O João mentiu porque não podia vir a Portugal de carro sem ser abordado pela polícia e identificado.

C – O João mentiu porque, no Inverno, não podia estar tanto calor para que se sentasse à sombra a dormitar.

D – O João mentiu porque não podia adormecer debaixo daquela sombra.



Como sempre, procure a solução correcta e assinale-a…

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Solução do autor: Publicado na secção POLICIÁRIO em: 11.Julho.1992



D – O João mentiu porque não podia adormecer debaixo daquela sombra.

O João nunca saiu da cidade naquela altura do ano e andava sempre absorvido no seu trabalho. Como podia adivinhar que aquela parreira à sombra da qual se sentava no Verão não podia ter folhas no Inverno?

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