domingo, 15 de julho de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 15


       A H P P P 
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA

          
Problema # 14
O INSPECTOR FIDALGO E A CASA ESTRANHA
Original de: Luís Pessoa
 Publicado na secção POLICIÁRIO em: 15.Julho.1992

Era realmente uma casa muito estranha. Pertencia a um antigo emigrante num país nórdico, que ganhara, indiscutivelmente muito mais dinheiro do que bom gosto. Parecia um castelo, com paredes altas e fechadas, com uma arquitectura bastante discutível em termos estéticos.
            O inspector Fidalgo ficou parado por alguns momentos a admirar aquela obra bizarra. Para a estrada só se abria uma porta estreita e duas pequenas janelas, ao nível do rés-do-chão, elevando-se, daí para cima, uma parede compacta, sem qualquer abertura, até uma altura de dois andares bem altos. Entre a estrada e a casa, estendia-se um jardim bem cuidado, vedado por um muro baixo, onde assentava um gradeamento com cinco metros de altura, e um portão igualmente alto. A parte de trás era em tudo semelhante, com a diferença de que a parede era compacta até à altura do primeiro andar e só depois se abriam janelas tímidas e pequenas. Digamos que a arquitectura era a mesma mas inversa.
Dentro, o rés-do-chão era constituído por um imenso salão, que abria para a frente e sem aberturas para trás e no andar de cima ficavam os quartos, que davam para trás, sem qualquer janela ou varanda para a frente.
            Habitavam a casa o seu proprietário, entrevado e por isso a dormir na sala, num sofá, porque já não conseguia subir as escadas, e, no andar de cima, a governanta, mulher idosa e antipática, e o filho do dono da casa.
            Foi no rés-do-chão que se deu o crime. Um tiro desferido a curta distância acabou com a vida do proprietário. O filho não voltou a ser visto e a polícia andava em perseguição dele. A velha estava em transe e quase não conseguia articular palavra.
            Com muita calma e doses de paciência, o inspector Fidalgo pôde recolher o seu depoimento:
            - Eu estava a arrumar os quartos, lá em cima quando ouvi uma explosão. Fui à janela para ver se sabia o que se passava, mas apenas vi o filho do senhor a fechar o portão e a fugir, a correr, pela estrada abaixo. Estranhei e vim cá a baixo e foi quando vi o senhor a esvair-se em sangue, com uma bala na cabeça. Fiquei completamente louca, sem saber o que devia fazer, e só quando pensei um bocadinho é que me lembrei que devia chamar a polícia… Não encontrei arma nenhuma…
            O inspector Fidalgo ficou pensativo um momento, antes de fazer a sua opção…

A – O proprietário suicidou-se por estar farto de ser um inválido.
            B – O filho matou-o para herdar a sua fortuna, julgando que não era descoberto.
            C – A velha matou-o e inventou toda a história para incriminar o filho da vítima.
            D – A velha e o filho da vítima estavam combinados para matar o velho.

            Este problema já tem outras características por ser um tanto descritivo o que constitui um obstáculo maior para a sua decifração. Atenção, pois, e notem que num problema policiário apenas conta aquilo que é e aquilo que não é, e nunca o que pode ser. Como sempre, escolha a solução que julga acertada…
           
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Solução do autor:                                                                     Publicada em: 18.Julho.1992

            C – A velha matou-o e inventou toda a história para incriminar o filho da vítima.
Se a casa não tinha janelas para a frente, no andar de cima, a velha nunca poderia chegar à varanda e ver o filho da vítima a fechar o portão, etc…

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