O
professor pegou-lhe distraidamente, continuando a observar a posição do cadáver
de Eve Yardley, a linda modelo, que jazia no chão. Os lábios da rapariga
estavam ligeiramente entreabertos. Eve parecia vestida como se acabasse de
chegar da rua e ficara deitada de lado, com o joelho direito dobrado quase até
ao queixo e a mão direita fechada, apenas com o indicador estendido. Junto
dela, estava a malinha de mão, contendo a habitual miscelânea… Faltava,
contudo, o «baton», apesar dos lábios da rapariga estarem pintados.
Fordney
cheirou a garrafa e reconheceu o cheiro característico de um dos mais poderosos
venenos conhecidos, de acção rapidíssima.
-
Teve morte instantânea. – declarou ele, continuando a fazer o inventário da
malinha de mão. – Como foi isto, Hudera?
O
jovem artista, de belo perfil, mas com um arzinho cínico, tirou o cigarro da
boca:
-
Dei uma festa, esta tarde, no estúdio. Eve não tinha sido convidada, mas isso
não a impediu de vir. Ela costumava posar para mim, mas eu já estava farto dos
seus ataques histéricos. Os outros convidados saíram às oito horas. Eve
recusou-se a partir. Fez-me a pergunta habitual e eu respondi-lhe, sem rodeios,
que não casaria com ela. De súbito, tirou essa garrafa da malinha, e bebeu o
conteúdo antes que eu pudesse detê-la. Caiu no chão, como que fulminada. Eu…
O
senhor mexeu na malinha de mão?
-
Não, não mexi em coisa alguma…
Era
evidente que ela estava morta.
O
professor fechou a malinha com um estalido e fez um gesto rápido na direcção de
Cargo, ordenando-lhe:
-
Meta este assassino descarado no lugar que lhe compete: na cadeia.
Qual foi o indício que levou o professor a tomar esta
decisão?
*
* * *
*
Solução do problema
# 030
(Diário
Popular # 4204 – 19.06.1954)
A história era,
evidentemente, mentirosa. Em tais condições, a tinta contida na caneta de tinta
permanente teria congelado. Logo, o testamento não podia ter sido escrito.
Jarturice-031
(Divulgada em 01.Fevereiro.2015)
APRESENTA E DIVULGA:
jarturmamede@aeiou.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário