Diário Popular #
4417 – 22.01.1955
A notícia fora publicada
nos seguintes termos no jornal local:
«Reina grande
consternação na casa de campo do senhor Clive Collins, o conhecido milionário,
pelo roubo de um colar de diamantes, de preço incalculável, que era um dos bens
da família Collins. O colar foi roubado a noite passada, de um cofre do
escritório do senhor Collins».
O professor Fordney, quando se
dirigia para o local, foi informado pela Polícia de que havia suspeitas do
filho único de Clive Collins.
Entretanto,
interrogado pela Polícia, o milionário afirmou:
- Não posso
acreditar na culpabilidade do meu rapaz, embora ele recuse defender-se da
acusação. Só posso concluir que ele está a encobrir alguém.
- Diz o senhor
que o viu de pé ao lado do cofre aberto e que o colar não foi encontrado com
ele?
- Sim. Mandei
revistá-lo porque ele próprio assim o pediu.
- Quem mais
está cá em casa?
- Só eu, os
criados e a minha pupila, «miss» Ethel Lomas.
- Posso vê-la?
– perguntou Fordney.
- Decerto. Vou
mandá-la chamar.
O professor
levantou os olhos quando uma rapariga alta e morena entrou na sala. Pareceu
surpreendida por encontrar o seu tutor com uma visita, mas respondeu com
franqueza a todas as perguntas que lhe foram feitas.
- Já esteve
noiva do senhor Harold, do filho do senhor Collins?
A rapariga
surpreendeu-se.
- Estive. –
disse ela. – Mas nós… Mas ele desfez o noivado.
- Ainda o ama?
- Não –
respondeu a rapariga, com firmeza. – Estou noiva do capitão Fisk que vive perto
daqui, na vivenda das Roseiras.
Fordney
descobriu, depois, que Harold tinha muitas dívidas. Soube também que o rapaz
estava, já há algum tempo, noivo em segredo da filha de um lavrador das vizinhanças
que era rendeiro de seu pai.
O professor
deu depois uma volta pelo exterior da casa. «Que é isto? Pegadas de um homem e
uma mulher que caminharam ao lado um do outro… E isto? Outras pegadas de homem,
mas com um feitio de sapatos muito diferente. Todas se dirigem para aquela
vivenda».
- É a tal
vivenda das Roseiras, onde mora o capitão Fisk.
- Já repararam
que as pegadas do homem que tem sapatos mais estreitos, quase se perdem,
espezinhadas pelas dos sapatos mais largos?
Tirou uma
forma em gesso das três pegadas e depois voltou a casa para examinar o calçado
de várias pessoas.
- Como eu
pensava – concluiu Fordney – o sapato de sola estreita pertence a Harold
Collins.
- Estará ele a
tentar encobrir «miss» Ethel?
- É o que
vamos ver.
Na vivenda das
Roseiras, o capitão Fisk disse aos polícias nada saber sobre o roubo. Mas,
quando foi aberta a gaveta de uma secretária, encontrou-se lá dentro o colar,
cuidadosamente escondido.
«Venha comigo»
- disse Fordney ao capitão que estava boquiaberto.
Chegados a casa
de Collins, o professor disse a Harold:
- Recuperei o
colar em casa do capitão Fisk. Sabia que ele tinha roubado o colar, não é
verdade?
- Sim – acabou
por admitir Harold, envergonhado.
- Diga-me o
que aconteceu.
- Eu ia a
entrar no escritório do pai quando ouvi vozes. Olhei e vi lá dentro o capitão
Fisk e Ethel a abrirem o cofre. Tiraram qualquer coisa, saíram de casa e
dirigiram-se à vivenda das Roseiras. Fui atrás deles e vi Fisk esconder o colar
na secretária. Voltei para casa e encontraram-me ao lado do cofre ainda aberto.
Para salvar Ethel, não neguei o roubo.
- Uma história
bonita, mas falsa – exclamou Fordney, impassível. – Agora conte a verdade…».
Como
soube Fordney que a história de Harold não era verdadeira?
(Divulgaremos amanhã, a solução oficial
deste caso)
* *
* *
Solução do problema # 050
Diário Popular # 4410 – 15.01.1955
O
professor conseguiu provar que o roubo fora simulado porque ambas as raparigas
declararam que os ladrões lhes haviam encostado as pistolas ao corpo. Era muito
improvável que, com a chuva a mudar de direcção a todo o momento, elas tivessem
aberto alguma das janelas do carro. Ora, com os vidros corridos, os supostos
gatunos não poderiam ter-lhes encostado as armas ao corpo.
Jarturice-051
(Divulgada em 21.Fevereiro.2015)
APRESENTADO
E DIVULGADO
PELO MR. AHPPP: JARTUR
jarturmamede@aeiou.pt
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