domingo, 1 de março de 2015

POLICIÁRIO 1230



 SETE DE ESPADAS NO 
CAMPEONATO NACIONAL

Sempre que falamos de Policiário, a referência ao Sete de Espadas aparece como uma inevitabilidade, tal a sua importância primeiro para a divulgação e depois para a consolidação deste passatempo exemplar, amplamente reconhecido como um veículo importante para estimular a leitura, a interpretação, a análise, o poder de síntese, o espírito observador e científico.
O Sete de Espadas nasceu no Ribatejo, na vila da Chamusca em 1 de Fevereiro de 1921 e em 12 de Janeiro de 1947 iniciava a sua actividade como orientador de um espaço policiário, no Jornal de Sintra, com o título Mistério e Aventura, que ele mesmo definia, em subtítulo, como uma “secção policial orientada por Sete de Espadas”.
Depois foi um nunca mais acabar, na divulgação da literatura policial e, sobretudo, na vertente da competição policial.
Que nos desculpem os confrades mais antigos, aqueles que viveram com ele as aventuras do Clube de Literatura Policial, das secções no Camarada, no Cavaleiro Andante e em tantos locais, mas nós apontamos um marco que nos parece decisivo em toda a História do Policiário: Dia 13 de Março de 1975, já lá vão praticamente 40 anos!
Nesse dia, em todas as papelarias, quiosques, pontos de venda de jornais e revistas, apareceu, apenas, mais um número do “Mundo de Aventuras”, uma revista de histórias aos quadradinhos, editada pela Agência Portuguesa de Revistas, que já vinha dos anos 40 do século XX, mas que trazia algo de novo: As últimas páginas eram identificadas como “Mistério… Policiário” e assinadas por um não menos misterioso “Sete de Espadas”!
Foi, podemos dizê-lo com toda a propriedade, o virar de página de toda uma geração de jovens, muito jovens mesmo, na casa dos 13, 14 anos, que apareceram em enorme explosão, criando um movimento imparável que nos trouxe até aos nossos dias.
Muitos dos actuais policiaristas, onde orgulhosamente nos incluímos, são produtos dessa época, eram leitores de histórias aos quadradinhos e descobriram o policiário, tornando-se detectives!
Hoje, neste mês de Março, quarenta anos depois, revisitamos essa figura singular do nosso Policiário:



CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2015
PROVA N.º 2 – PARTE I
“A MORTE DE ANÍBAL CALDEIRA – O BANQUEIRO” – Original de SETE DE ESPADAS


Uma vez, já lá vão muitos e muitos anos, lembro-me que, no célebre Café Martinho (hoje, um banco), onde, ao tempo, se reunia uma das mais numerosas e aguerridas Tertúlias da época, em conversa com o Joe Match – não sei se vocês se recordam dele e do seu perfil esguio, cabelos levemente aloirados, de casaco axadrezado e sempre sobraçando milhentos “problemas de Rádio”, até chegar a essa formidável “invasão da Terra pelos marcianos”!... –  dizia-me ele:
– “Sete”, fiz um problema que é uma espécie de sinopse de um grande relatório – assim como o extrair, de um texto grande, só o que “nos convém”!
– Já não é a primeira vez… respondi! Tens em “Um Crime a Bordo”, de Dennis Wheatley, o “clássico” do género: Cópias de telegramas… Relatórios… Apontamentos do agente investigador… Fotografias dos quartos… Inventários dos objectos… Fotografias de todos os suspeitos… Impressões digitais… Cabelos… Pontas de cigarros… Fósforos queimados… até chegares à própria confissão, escrita, do assassino…
– Não é bem isso, “Sete”!... Isso é demais para mim… O que pretendo é mais ou menos isto…
E, sem me dar tempo para mais, já estavam folhas de papel estendidas pelo amplo tampo de mármore da pesada mesa, onde as mãos esguias do Joe Match seguravam e garatujavam os seguintes elementos:
1) Aníbal Caldeira é um conhecido banqueiro que aparece morto, no seu gabinete, à 1 hora da madrugada de 9 de Abril…
2) Lualda, sobrinha, é quem dá com o corpo, quando vai desejar “boa-noite” ao tio…
3) O corpo está caído de costas, ao comprido, sobre a alcatifa, segurando na mão direita uma Star… com silenciador…
4) De cabelos em desalinho, face magra contraída, lábios fortemente cerrados, tem um orifício quase a meio da testa, sobre o sobrolho direito, de onde partia um fiozinho de sangue já coagulado…
5) Apesar da sua fortuna pessoal ser considerada significativa, os negócios do banqueiro – segundo investigações feitas – corriam mal…
6) Pelo testamento encontrado, era beneficiária a sobrinha, que retiraria 1/3 do “bolo” para o secretário e pequenos legados para os serviçais…
Achei, quanto a mim, que a ideia estava a ser bem esquematizada e logo ele me atirou com novas “fichas” – a que pomposamente dava o título de “extractos dos interrogatórios”…
Cozinheira:
Esperava Lualda na cozinha, quando esta entrou a correr, gritando que o tio estava morto… Acordara depois o criado, participando-lhe o facto…
Criado:
Afirmara que o banqueiro estava vivo à meia-noite e meia hora, quando lhe fora levar o habitual cálice de “gin”, que o banqueiro sempre bebia antes de se deitar… Depois, ele próprio se fora deitar, só acordando quando a cozinheira o chamara…
 Secretário:
 Fora ao cinema… Regressara perto da meia-noite e encontrara Lualda no corredor, quando ela se dirigia para a casa de banho. Ele subira para o seu quarto, no primeiro andar… Mas, antes de subir, e ao passar pela porta do gabinete de Aníbal Caldeira, tivera a impressão de que qualquer coisa pesada caía… Ainda estivera para bater, mas, depois, pensara nas cenas do filme policial que vira e rira-se, por se julgar influenciado… Afinal… Só quando sentira grande reboliço por toda a casa descera, tendo, então, a cozinheira, Lualda e o criado contado que o banqueiro estava morto… Telefonara imediatamente à polícia, visto que ainda ninguém o fizera… E fora, depois, ao gabinete da vítima, ver o corpo… Aí, encontrara aquele pedaço de vidro oblongo, que lhe parecera do relógio do patrão… (Não se confirmou.)
Aqui, olhámos um para o outro… Sorrimo-nos… Vários pormenores – aqueles pequenos nadas que jamais passam despercebidos a qualquer “detective”… – faziam-nos pensar no “problema” que era a morte do banqueiro… e que esta fora um…

Deixei que o Joe arrumasse todas as suas folhas e “fichas” dispersas…
E… muitos anos depois – esta história passou-se, algures, no fim de uma tarde ventosa e húmida de Dezembro de 1948 e foi escrita em 1975 – cabe-me perguntar:
1 – Crime ou suicídio? Porquê?
2 – Faça um relatório do caso, focando todas as contradições…


E pronto.
É chegado o momento de os “detectives” se pronunciarem sobre este caso que o “velho” Sete de Espadas nos deixou, impreterivelmente até ao próximo dia 31 de Março, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um dos endereços:
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!




1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns LP, uma boa homenagem ao nosso SETE.