[Transcrição da secção n.º 1231 publicada
hoje no jornal PÚBLICO]
O DESAPARECIMENTO DO CONFRADE AFRICANO/FARAÓ
Tivemos esta semana mais uma
notícia, daquelas que gostaríamos de nunca receber. Mais um confrade que partiu
para a sua derradeira viagem, o nosso “detective” Africano, actualmente a
residir na área da cidade do Porto.
Esteve no Policiário durante
muitos anos, já participava nas secções do Sete de Espadas no Cavaleiro Andante
e no Camarada, mais tarde apareceu fugazmente no Mundo de Aventuras e mais
recentemente, acompanhava a nossa secção. Nem sempre com o mesmo pseudónimo,
mas guardava para si esse registo. Em boa verdade, apenas lhe conhecemos dois:
Africano e Faraó, ambos no nosso espaço.
A sua última participação activa
foi na prova n.º 4 das competições do ano transacto, depois registou algumas
complicações de saúde que o impediram de continuar, até ao desfecho que ocorreu
na passada quarta-feira.
Porque o Policiário jamais
esquece aqueles que consigo percorrem os mesmos caminhos, vamos prestar uma
singela homenagem ao confrade desaparecido, publicando um problema de sua
autoria, de resto o único que lhe conhecemos:
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2015
PROVA N.º 2 – PARTE II
“AS RIQUEZAS DESAPARECIDAS” - Original de FARAÓ
A mansão era imponente, situada
em lugar de relevo, no cimo de um cabeço cuidadosamente arrelvado, rodeado de
vegetação luxuriante e bem tratada.
Foi construída por um nobre de
ascendência inglesa, um viajante inveterado que se apaixonou pela ancestral
cultura egípcia, tendo andado em escavações algures pelo Nilo, até a idade o
conduzir até este local repousado, onde fez construir a mansão e terminou os
seus dias.
Agora eram os filhos quem a
habitavam, tendo mantido praticamente toda a traça original e a decoração que o
pai introduzira, com baixos-relevos egípcios, peças artísticas e objectos de
gosto duvidoso, todos vindos da terra das pirâmides, provavelmente à revelia
das autoridades.
No cofre, situado na biblioteca,
a fama fazia constar que havia documentos e preciosidades que ultrapassavam a
imaginação e todas as pessoas que passavam pela mansão, em trabalho ou em
visita social, eram levadas a acreditar que havia uma enorme fortuna por detrás
daquelas portas pesadas e resistentes, praticamente inexpugnáveis para quem não
dispusesse da chave milagrosa e do segredo.
Naquele dia, Jack regressou de
Londres, fez uma paragem em Lisboa, para efectuar algumas compras que
programara, antes de se dirigir para a mansão, onde foi saudado pelos irmãos,
John e James. Mas a vedeta maior deste reencontro foi o cãozito, ainda
pequenote que Jack trouxe, adquirido numa loja de Lisboa.
- Olhem só para este cão e vejam
se não vos desperta nenhuma recordação…
- Jack, é igual aos cães que
aparecem nas tumbas que o pai estudava!
- Tal e qual! Tinha de o trazer,
parecia que me pedia para o adoptar! Digam olá ao Enji!
Nessa noite, cálida e serena,
depois do animado jantar, servido pela velha criada que já vinha dos tempos do
pai, cada um foi à sua vida. A criada recolheu à cozinha, depois de levantar a
mesa; John foi para a sala de estar, assistir a um programa televisivo que não
pretendia perder; James subiu ao seu quarto, no piso superior, porque queria
ver se uns e-mails urgentes haviam chegado; Jack instalou a coleira no Enji e
levou-o a passear pelo relvado.
Algum tempo depois, uma gritaria
irrompeu do escritório. A velha criada viu o cofre aberto, vazio e alguns
papéis espalhados pelo chão e viu logo que alguma coisa de anormal se passava,
porque sabia que “os meninos” eram muito organizados e, em tantos anos, nunca
vira tal coisa.
Um a um, foram chegando, primeiro
John, que estava na sala ao lado, depois James, alertado pelos gritos e
finalmente Jack, com o Enji.
As jóias, os objectos de ouro, o
dinheiro, tudo desapareceu. Só os títulos e escrituras ficaram espalhados pelo
chão.
Não havia marcas de arrombamento
no cofre ou nas janelas, que estavam todas fechadas por dentro.
John: Estive na sala de estar a
ver o meu programa de televisão favorito. Quando acabou, fui um pouco até lá
fora, apanhar o ar fresco e vi o Jack a passear o Enji, saindo o portão com um
saco do lixo na mão. Fiquei algum tempo lá fora, ao fresco e quando o Jack já
fechava o portão, ouvi os gritos da Maria e corri para a biblioteca. Ela estava
em pranto por ter visto o cofre vazio e os papéis espalhados. Vi logo que houve
um roubo. Cada um de nós tem uma chave do cofre, que anda sempre connosco e
sabe o segredo. Como é que o ladrão entrou e abriu o cofre, não sei. É muito
estranho.
James: Estava no meu quarto a
consultar e-mails e a navegar na net quando ouvi os gritos da Maria. Desci as
escadas e ao chegar à biblioteca já lá estava o meu irmão John. É claro que
tenho chave, que anda sempre comigo e sei o segredo, tal como os meus irmãos.
Não percebo como é que algum ladrão conseguiu abrir o cofre, ou então alguém se
esqueceu de o fechar, mas não eu porque há muito tempo que não o abro.
Jack: Fui passear o Enji.
Aproveitei para levar um saco com lixo para meter no contentor que fica do
outro lado da rua. Lá, o Enji ouviu alguma coisa e desatou a latir. Ouviu
alguma coisa e agora vejo que se calhar era o ladrão a fugir, mas custa a
acreditar. Quando estava a fechar o portão, vi o John à entrada da casa e logo
depois vi-o correr para dentro. Ao entrar, vi a agitação na biblioteca e soube
do roubo. Não sei bem o que lá estava dentro. Estive estes dias em Londres, mas
o meu irmão já me disse que as jóias, os objectos de ouro e o dinheiro
desapareceram. A chave está sempre comigo e conheço bem o segredo, tal como os
meus irmãos.
Nenhum deles sabia bem se o seguro
cobria ou não os danos, porque ainda era do tempo do pai. Mas a convicção de
todos era que não, porque alguns dos objectos de ouro eram muito valiosos, mas
obtidos pelo pai de modo pouco claro, trazia-os das escavações e por isso não
acreditavam que uma companhia de seguros aceitasse coberturas assim.
O visionamento das filmagens, das
câmaras de vigilância, que controlavam o jardim, não revelou qualquer presença
estranha, se bem que houvesse um ou outro ponto morto.
Quem terá roubado o conteúdo do cofre?
A-
John.
B-
Jack.
C-
James.
D-
Um ladrão do exterior.
E pronto!
É chegado o momento de os
“detectives” se pronunciarem sobre este caso, impreterivelmente até ao próximo
dia 31 de Março, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23,
2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um dos endereços:
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que
o encontrem.
Recordamos que nestes problemas
de escolha múltipla, apenas é necessária a indicação da alínea por que optam,
sem mais explicações, que no entanto poderão ser dadas. A pontuação será sempre
em função da escolha da alínea.
Boas deduções!
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