(Diário Popular # 4822 – 10.03.1956)
Transpirando e resmungando, o
inspector Mitchell, da Scotland Yard, extraiu a bala incrustada na parede,
alguns centímetros à esquerda de um retrato em tamanho natural representando
«Sir» Dean Haddock. O retrato do fundador de Haddock Hall revelava estatura
elevada, porte aristocrático e uns olhos azuis de expressão grave que pareciam
observar os ocupantes do escritório.
O professor Fordney encontrava-se no meio
da sala, tendo na sua frente o cadáver sentado numa cadeira, com o busto
curvado para a frente e o queixo encostado ao peito. O morto era «Lord» Gaston
Haddock, actual senhor do castelo. Uma bala, que lhe penetrara na testa, entre
os olhos, tinha atravessado o cérebro, saindo pelo outro lado.
O criminologista, imóvel, estudava todos
os pormenores da posição do cadáver, até que, finalmente, tudo se lhe
fotografara na memória bem treinada. Antes de se voltar para a janela aberta,
relanceou a vista para os olhos graves do retrato, um pouco acima do morto, e
pareceu-lhe que aquele olhar continha uma advertência.
- Estávamos sós em casa – explicou
Arthur, primo de «Lord» Haddock e seu herdeiro, em resposta a uma pergunta de
Fordney. – Por volta das nove e um quarto, bati à porta do escritório de Gaston
e ele convidou-me a entrar. A sua voz soava estranhamente, como que tensa… e,
eu fiquei assustado. Ouvi uma detonação e abri imediatamente a porta. Quase
desmaiei ao ver…
- Nada foi mexido nesta sala desde esse
momento? – perguntou Fordney.
- Não, senhor. Nem sequer aqui entrei.
Servi-me do telefone lá de baixo para prevenir o médico e a Polícia. Estava
demasiado nervoso para voltar para aqui antes da vossa chegada.
- Arthur Haddock – disse calmamente
Fordney, erguendo o queixo do cadáver uma vez mais e pegando depois na pistola
automática que lhe repousava nos joelhos – o senhor mente!
Como soube o Professor que Arthur
mentia?
(Divulgaremos amanhã, a solução
oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do
problema # 101
(Diário
Popular # 4815 – 03.03.1956)
Se Musser tivesse estado a
ler no seu escritório, em frente do fogão aceso, a claridade teria sido vista
pelos homens do posto de vigilância fronteiro à casa. Como isso não sucedeu,
Fordney concluiu que Musser não estivera a ler, como dissera, mas sim ausente
de casa. Musser mentira porque (soube-se depois) era um espião ao serviço dos
alemães, competindo-lhe assinalar os objectivos a atacar.
Jarturice-102
(Divulgada em 13.Abril.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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