(Diário
Popular # 4898 – 26.05.1956)
Eram
duas horas da madrugada. Chamado à pressa a uma encantadora propriedade situada
nos arredores da cidade, o inspector Fauvel não estava nada de bom humor. Antes
pelo contrário… Mas era preciso investigar… Que se passara?
Entre a
meia-noite e a uma hora e um quarto, alguém havia roubado um magnífico quadro
de Corot que estava na sala da biblioteca dos Lemercier.
Maquinalmente, ao atravessar a sala, o
inspector pegou no auscultador do telefone. «Não funciona, inspector» - disse
Roger Lebrun, um amigo dos donos da casa que, com outros convidados, tinha ido
passar o fim-de-semana à propriedade dos Lemercier. «o fio do telefone foi
cortado lá fora»…
Tinha sido Angeline Massot – explicou –
quem dera pela desaparição do quadro. «Vivemos um verdadeiro ambiente de
romance policial» - disse, sorridente, outro convidado, Paul Lefranc. «E para a
coisa ser completa, o ladrão deve ser até um de nós» - acrescentou ele,
lançando um olhar divertido ao inspector, que, entretanto, verificara que o
telefone realmente não dava qualquer sinal.
Acompanhado de Arnault de La Ravière,
único convidado que, àquela hora, ainda estava completamente vestido, com o
mesmo fato com que chegara à propriedade dos Lemercier, o inspector saiu da
casa e dirigiu-se ao parque. Com a sua lâmpada eléctrica, procurou descobrir o
sítio onde os fios telefónicos haviam sido cortados. Por fim, encontrou o que
queria.
«Parece ter sido um belo trabalho de
profissional»… - arriscou Arnault de La Revière.
«Realmente é – concordou o inspector. –
O homem muniu-se de uma boa tesoura para cortar os fios».
Depois, acompanhado pelo mesmo
convidado, voltou para dentro de casa.
Lemercier estava em pijama, bem como
Lefranc. Angeline Massot e Betty Roland, outra convidada, tinham vestido os
seus roupões por cima das camisas de noite. Roger Lebrun estava também de
pijama.
O inspector esforçava-se por reunir
todos os elementos possíveis para fazer uma boa investigação. E ouvia os donos
da casa e os convidados.
Angeline declarou que, não tendo
conseguido dormir, se levantara e descera até à sala de biblioteca, cerca da
uma hora e um quarto, para procurar um livro. Foi então que deu pela falta do
quadro. Arnault de La Rivière
estava ainda sentado a ler quando Angeline deu o alarme. E explicou que, não
gostando de ler na cama, se habituara, desde novo, a pegar num livro, aqntes de
se deitar, até lhe chegar o sono. Só então se despia e dormia. Quanto aos
outros, todos dormiam à uma hora e um quarto – pelo menos foi isso que
declararam. E nenhum deles havia saído de casa. Fora o criado quem chamara a
polícia, indo telefonar a uma cabina pública.
O inspector Fauvel, depois de um
instante de reflexão, disse então voltando-se para os convidados:
- Creio bem que o sr. Paul Lefranc tem
razão. O ladrão é um de vós. Ele aí está!
E, apontando para uma das pessoas do
grupo, acrescentou:
- É melhor explicar tudo…
Quem era o culpado? E porquê?
(Divulgaremos amanhã, a solução
oficial deste caso)
* * * * * *
Solução
do problema # 109
(Diário
Popular # 4891 – 19.05.1956)
Se a arma tivesse estado
enterrada quatro meses, o cano não estaria brilhante. Para dominar Burke, Clara
desenterrara a arma após o crime, guardara-a e, mais tarde – cansada dele e com
medo que ele a matasse, se ela o abandonasse – enterrou o revólver e foi à
Polícia denunciá-lo.
Jarturice-110 (Divulgada em 21.Abril.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário