(Diário Popular # 4905 – 02.06.1956)
«Foi
aqui que ela desapareceu» - disse calmamente Hubert Dauret, mostrando um ponto
da ribeira. Numa das margens, num local cheio de sombra, onde devia apetecer
descansar em tardes quentes, duas canas de pesca estavam colocadas sobre a
erva, perto de um cesto. Não tinham nem linha, nem anzol. De um ramo de uma
árvore, pendiam uma saia e uma blusa.
«Minha
mulher – continuou Hubert - tinha posto o seu fato de banho, esta manhã, antes
de partir, por baixo do vestido, quando viemos para aqui. Quando acabámos de
pescar, ela resolveu tomar um banho. Eu estava a desmontar as canas quando ela
entrou dentro de água. Pouco depois ouvi Isabel gritar «Socorro, Hubert! – Não
tenho pé!» - Ela não sabia nadar. Voltei-me rapidamente e vi-a a um metro da
margem, pouco mais ou menos. Experimentei estender-lhe a mão, debruçando-me o
mais possível, mas ela não a pôde agarrar. Então, desesperado, precipitei-me
dentro de água exactamente no mesmo sítio em que ela entrara, esperando assim
poder agarrá-la, mas acautelando-me para não cair no mesmo buraco. Apesar
disso, estive quase a afogar-me. Voltei para a margem e tentei de novo chegar-lhe
a mão. Não o consegui. Entretanto, completamente sufocada, ela mergulhou de vez
e não voltou a aparecer. Corri à aldeia para pedir auxílio…»
A
voz de Hubert continuava a ser grave e calma.
«Foi
você quem bebeu isto tudo?» - perguntou o inspector Fauvel, apontando para uma
garrafa de vinho, onde apenas se viam algumas gotas de líquido…
«Não.
Eu só bebo água mineral. Foi a Isabel que bebeu ao almoço. Mas a garrafa só
tinha dois copos de vinho, no máximo».
O
inspector parecia reflectir. E, de repente, pronunciou estas palavras
terríveis:
«Não
existe, evidentemente, qualquer prova de que tenha sido você que afogou a sua
mulher. Mas não julgue que, por esse facto, deixará de ser acusado e
pronunciado. Disponho de elementos suficientes para o fazer. O juiz depois dirá
se tenho ou não razão».
Por que suspeitou o inspector de Hubert Dauret?
(Divulgaremos amanhã, a solução
oficial deste caso)
Solução do problema
# 110
Diário
Popular # 4898 – 26.05.1956)
O inspector suspeitara de
Roger Lebrun. Realmente, ele declarara que, à uma hora e um quarto, dormia e
que, tal como os outros, não havia saído de casa. Ora, quando Fauvel agarrara
no auscultador de telefone, ele disse-lhe que os fios tinham sido cortados «lá
fora». Como é que ele o sabia? O telefone podia não funcionar simplesmente por
estar avariado…
Jarturice-111
(Divulgada em 22.Abril.2015
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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