(Diário Popular #
4871 – 28.04.1956)
O
professor Fordney terminara o exame do quarto. Nada tendo encontrado de
anormal, excepto o cadáver e o sangue derramado no chão e no parapeito da
janela, voltou-se para o homem que estava sentado numa cadeira, com ar
acabrunhado.
Em
reposta às perguntas do professor, o homem contou o que se passara:
-
Por diversas vezes, durante a noite, minha mulher esteve sobressaltada, ao
ouvir ruído lá fora e pediu-me que fosse ver o que era. Não vi coisa nenhuma e
supus que se tratasse de um «engraçado» a querer assustar-nos. Dormimos em
quartos separados. Ora um pouco mais tarde, fui eu próprio acordado pelo som de
qualquer coisa a raspar e, o murmúrio de uma voz falando baixinho. Logo que os
meus olhos se acostumaram à escuridão, divisei um vulto de pé, em frente da
janela. Tirei a pistola que guardara debaixo do travesseiro e disparei por duas
vezes; depois, saltei da cama e acendi a luz. Fiquei horrorizado ao ver minha
mulher estendida no chão… morta. Telefonei ao doutor Willard e depois…
-
Um momento! – interrompeu Fordney. Qual foi o resultado do exame do cadáver,
doutor?
-
Uma das balas atravessou ombro da vítima, e a outra penetrou-lhe pelas costas,
atravessou-lhe o coração e saiu pelo seio esquerdo. – informou o médico.
-
Tocou em alguma coisa, além do cadáver?
-
Não senhor.
-
E o senhor, Dandley?
-
Eu? Apenas no telefone. Depois, como estava muito frio, fui <à cave e avivei
o fogo na fornalha…
-
E arranjou lenha para se queimar – comentou Fordney, abrindo a única janela do
quarto para deixar entrar o ar. Foi um crime muito estúpido, Dandley. Prenda-o,
sargento.
Porque foi que Fordney o mandou prender?
(Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste
caso)
* *
* * *
Solução do
problema # 105
(Diário
Popular # 4857 – 14.04.1956)
Embora deva ser muito
incómodo, é possível meter uma bala na cabeça, em ângulo recto, a uma distância
de vinte e oito centímetros (ou até mesmo mais) mas só premindo o gatilho com o
polegar. Como Crane tinha o dedo indicador no gatilho, Fordney concluiu que ele
fora assassinado e que alguém lhe colocara a pistola na mão para simular o
suicídio.
Jarturice-106
(Divulgada em 17.Abril.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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