domingo, 26 de abril de 2015

JARTURICE 115

                                                

             PROBLEMAS POLICIAIS – 118 - # 115
(Diário Popular # 4932 – 30.06.1956)

- Julgava que ela tinha sido vítima duma indisposição… - explicava Raymond Bourd ao Inspector Fauvel.

- Mas como é que você percebeu? – perguntou-lhe o inspector.
- É muito simples. – respondeu Bourd – O prédio só tem quatro grandes apartamentos. Gabrielle Masson vive no primeiro andar; o segundo está vago e eu moro no terceiro. A porteira vive no rés-do-chão com a família. Quando eu pus o aparelho de rádio a tocar, eram precisamente 18 horas. Estavam a dar o sinal horário. Foi nesse momento que cheguei à janela e vi Paulette Renoir chegar ao volante do seu automóvel pequenino. Gabrielle saiu do carro e parecia muito doente quando entrou na porta da escada. Entretanto, Paulette voltou a pôr o carro em marcha e foi-se embora. Um minuto depois, ouvi Gabrielle fechar a porta do seu apartamento. Não voltei a pensar no caso, até porque só conhecia a rapariga de vista…
     - Está enganado, senhor Bourd – interrompeu Victorine Roche, uma senhora de idade que estava ao corrente de tudo o que se passava (no prédio e nas vizinhanças…) e que vivia no primeiro andar do prédio em frente.
     E continuou:
     - Eu também estava à janela quando chegou o automóvel. Ora, eu conheço bem a Paulette, embora só de vista. Por isso, posso dizer que não era ela quem guiava o carro. Era uma outra rapariga que já tenho visto em casa de Gabrielle, uma tal Hélène Lack. Não vinha homem nenhum no automóvel. Eu sabia pela porteira que Gabrielle levava agora uma vida um bocado desordenada… Mas nunca pensei que ela acabasse tão tragicamente!
     Tão tragicamente! A boa senhora calara-se e o inspector ficara a pensar nas suas palavras. Gabrielle fora encontrada morta no seu quarto, nessa mesma noite. Uma amiga batera à porta longo tempo, em vão. Chamara a porteira. Ambas haviam desconfiado de qualquer coisa.
            Foi então que chamaram a Polícia. À primeira vista, parecia que Gabrielle, regressada de um «cock-tail», onde certamente havia bebido demasiado, se tinha enganado, ao tomar um medicamento, e se envenenara.
            - Peço desculpa, senhora Victorine Roche – disse, então, Raymond Bourd – mas quer parecer-me que se neste caso alguém se engana, não sou eu…
            - Tem a certeza de que o automóvel era o de Paulette Renoir? – perguntou o inspector à vizinha do prédio da frente.
            - Isso não posso afirmar com segurança. – respondeu ela – Não percebo nada de automóveis. Mas se há alguém enganado nesta história, tenho a certeza de que é o senhor Bourd. Eu sei bem o que digo…
            O inspector interrompeu então os dois para dizer em voz seca, cortante:
            - Um dos dois está a mentir deliberadamente. Quando tiver terminado o inquérito, saberei porquê. 
   
         Qual dos dois mentiria? E como é que o inspector o descobriu?

          (Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste caso)


   *     *     *     *     *












            Solução do problema # 114

(Diário Popular # 4925 – 23.06.1956)

Numa carta dirigida a uma mulher nunca se diria «a sua filha e a mãe dela»… Pois, neste caso, a mãe era a pessoa a quem a carta era endereçada. Aquele que escrevera a carta teria então dito: «a sua filha e você»… Mas já é possível, escrevendo a um homem, dizer: «a sua filha e a mãe dela»…


                                                                                
Jarturice-115 (Divulgada em 26.Abril.2015)







DIVULGAÇÃO E APRESENTAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt

Sem comentários: