(Diário Popular #
6156 – 28.11.1959)
-
Tinha-lhe dito que velaria por si e lhe arranjaria um bom emprego em que
ganharia dinheiro…
-
Dinheiro! – exclamou Claire Bassières, a dama de companhia da rica senhora de
Vaison. Para quê…
Com
ar profundamente desencorajado, Claire afastou-se do seu interlocutor, e
repousou a cabeça sobre o seu braço apoiado na parte superior da alta grade que
rodeava o terraço que dava para a falésia abrupta e deixou escapar um soluço.
Enquanto, através da grade se viam muito bem as vagas cintilando à luz do luar,
Christian sentiu-se comovido. Eles estavam sós…
-
Na verdade, senhor inspector, eu não chego a compreender a razão deste
inquérito. Meu filho já lhe explicou que Claire se desequilibrou. Ela não
andava bem nestes últimos tempos e eu própria a vi desfalecer duas ou três
vezes. Meu filho disse-me que entrou ontem tarde e que esteve a falar algum
tempo com Claire no jardim. Quando ele a deixou para entrar em casa, ela
estava, ao que lhe pareceu, muito deprimida. Ao subir as escadas, ele voltou-se
e viu Claire cair no abismo. Trata-se de um infeliz acidente que nos comove,
mas nada mais do que um acidente…
O
Inspector Fauvel, que escutara atentamente, disse:
-
Posso ter uma amostra da letra de seu filho?
-
Claro que sim. Mas que estranha ideia…
-
Que se passa, mamã? – perguntou Christian, que voltara do jardim.
-
O inspector Fauvel quer fazer-te algumas perguntas.
-
Pode dizer com exactidão a que horas, é que ontem, abandonou o terraço? – perguntou
o inspector ao rapagão que tinha diante dele.
-
Vinte e duas horas e vinte… ontem à noite… a lua…
O
inspector Fauvel parecia estar a contar a si próprio uma história que o
interessava. E quando falou, foi para aterrar Christian e a mãe.
-
Você lançou-se numa aventura suja! – disse o inspector com voz grave. –
Trata-se de um crime! E de um crime estúpido!
Porque é que o inspector Fauvel, adoptava de súbito essa
atitude?
(Divulgaremos
amanhã, a solução oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema
# 270
(Diário
Popular # 6149 – 21.11.1959)
No momento em que o inspector lhe perguntou o que é que ele fazia
na ocasião do roubo, Georges limitou-se a falar da dificuldade que tivera nessa
ocasião, em pescar o peixe que trazia. Ora, a verdade é que, a menos que
estivesse perfeitamente ao corrente da operação, ele nada deveria saber a
respeito desse roubo nem do momento em que fora praticado.
Jarturice-271 (Divulgada em 29.Setembro.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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