A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA
Problema # 36
O INSPECTOR FIDALGO E A
CASA DA PRAIA
Original
de: Luís Pessoa
Publicado na secção POLICIÁRIO em: 11.Agosto.1992
Publicado na secção POLICIÁRIO em: 11.Agosto.1992
Quando o célebre “Tigre da Bolsa” telefonou ao
inspector em nome da antiga amizade dos tempos em que estudaram juntos e quase
foram íntimos, este não compreendeu o que movia um homem daqueles a pedir ajuda
a quem fizera bastante mal, a ponto de cortarem relações.
Agora vinha invocar uma amizade, que já não existia há
mais de vinte anos, para o livrar de problemas.
A primeira reacção foi não responder ao pedido, mas,
depois de pensar um bom bocado e “afogar” o melindre, acabou por se deslocar ao
enorme castelo onde vivia.
Depois de um cumprimento frio, foi posto ao corrente
do que sucedera:
Do cofre situado no terceiro andar do castelo, cujo
único acesso é uma escadaria de pedra, em caracol, à boa maneira dos castelos
medievais, desapareceram importantes documentos relativos a movimentos da bolsa
de valores, que poderiam, se caíssem em más mãos, provocar uma revolução nas
cotações, fazendo ruir, inclusivamente, todo o esquema.
Tudo levava a crer que fora por escalamento que o
larápio entrara e, azar dos azares, encontrara o cofre aberto porque o “Tigre
da Bolsa” tinha acabado de se ausentar para ir ao rés-do-chão e não achara
necessário fechá-lo.
Da janela única vislumbrava-se um espectáculo soberbo,
não só porque estava virada para o mar, como para aquele lado o mar apresentava
uma violência terrível, empurrado pelo vento forte que sempre soprava de
frente…
- Mas a janela está fechada por dentro…
- Fui eu que a fechei depois de aqui chegar e ver que
os documentos tinham desaparecido…
A chuva batia forte nos vidros da janela, e quase se
adivinhava a ventania e o frio que lá fora, à altura daquele terceiro andar, se
fazia sentir.
O inspector encostou-se à janela e fitou toda a
divisão, impecavelmente decorada, para escritório, com tapeçarias caras
espalhadas pelo chão, dando um ar confortável e reconfortante. Um bom local
para se trabalhar, pensou.
Depois virou-se para o mar e observou com atenção as
grossas pingas de chuva que esbarravam com violência nos vidros. Há vários dias
que a situação se mantinha e não havia sinais de melhoras. Chuva e mais chuva…
Tentou abrir a janela e logo foi projectado para trás
pela violência do vento e “inundado” pela forte bátega de água. A muito custo
conseguiu encerrar a janela, pedindo desculpa por ter molhado um pouco os
tapetes cuidadosamente limpos e tratados…
A – O ladrão tinha de ser profissional para trepar a um
terceiro andar naquelas condições de tempo.
B – Não houve ladrão nenhum e tudo foi apenas uma
tramóia do “Tigre da Bolsa” para poder fazer alguma habilidade, escudando-se
nos documentos que lhe teriam roubado.
C – O “Tigre da Bolsa” esqueceu-se dos documentos
noutro local e não se lembrava.
D – O ladrão que entrou pela janela transportava uma
capa que evitava que se molhassem os documentos e ele mesmo.
Veja bem o
que se aponta no problema e opte. Apesar de poder ser óbvio, tente analisar
todas as vertentes do problema…
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Solução do autor: Publicada em: 15.Agosto.1992
B – Não houve ladrão nenhum
e tudo foi apenas uma tramóia do “Tigre da Bolsa” para poder fazer alguma
habilidade, escudando-se nos documentos que lhe teriam roubado.
Se
as tapeçarias estavam todas impecáveis, naturalmente que não estariam
encharcadas em água, como teriam de se encontrar se a janela fosse aberta para
a entrada e saída de um qualquer larápio… Por outro lado, organizado como era e
tinha de ser, nunca se iria esquecer dos documentos noutro local.
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