A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA
Problema # 37
O INSPECTOR FIDALGO E O
MORTO ABANDONADO
Original
de: Luís Pessoa
Publicado
na secção POLICIÁRIO em: 12.Agosto.1992
Domingo de manhã. Na aldeia reinava uma certa azáfama
relacionada com a cerimónia religiosa que naquela tarde se iria realizar. De
longe vieram muitos visitantes, e o inspector Fidalgo, a convite do seu amigo
Vitorio, por lá estava também. Mal imaginaria que não iria poder assistir à
cerimónia porque algo de estranho aconteceu entretanto, abalando toda a comunidade,
quase abafando a cerimónia.
Na realidade, um velho capitão reformado, homem
maníaco e de poucos amigos, retirado naqueles confins para fazer um repouso
total, descobriu no seu quintal, tal como afirmou, um velho pedinte morto.
Sendo conhecida a presença do célebre inspector
Fidalgo, tornado conhecido pelas suas façanhas relatadas no jornal PÚBLICO, o
pároco e o presidente da Junta pediram-lhe que averiguasse o que se tinha
passado, que desse uma olhadela.
Nada contrariado, o inspector dirigiu-se à quinta, um
tanto desviada das rotas normais, onde encontrou uma grande romagem de
“mirones”, comentando o acontecido e atirando as culpas para cima do velho,
manifestamente uma pessoa bem pouco querida de todos.
O inspector deslocou-se ao local onde o corpo
apareceu, felizmente não violado por ninguém, já que o terror que o velho
despertava impedia que alguém se arriscasse dentro dos limites territoriais da
mansão. O corpo jazia ainda junto de uns arbustos, a cerca de 30 metros da casa. Não
havia sinais de arrastamento do corpo e tudo o que se observava eram as pegadas
do velho capitão, umas mais profundas, da casa até ao local onde estava o
cadáver, depois as de regresso, bem menos profundas.
A explicação do velho capitão foi simples:
- Não quero saber de nada e espero que saia
rapidamente dos meus terrenos, porque eu quero é sossego. Se não fosse procurar
isso, tinha ficado na cidade… Vinha a passar, calma e descontraidamente, quando
vi que havia alguma coisa no chão. Pensei que era algum lixo ou um animal.
Quando vi que era um cadáver, tratei de voltar para trás e fui telefonar ao
presidente da Junta. O que ele fez ou não, nem quero saber, mas que escusava de
trazer para a minha porta esta cambada toda, isso é verdade. Claro que notei
que morreu com um tiro na cabeça.
O inspector olhou novamente para as pegadas e correu
todas as imediações, não encontrando nada digno de assinalar, mas…
A – Foi o velho capitão que o matou por estar ali,
desferindo o tiro a sangue-frio.
B – Foi o pedinte que se suicidou, escolhendo aquele
local por ser bastante ermo.
C – Foi o velho capitão que matou o mendigo noutro
local e o transportou para aquele lugar.
D – Foi morto por outra pessoa, que aproveitou o
facto dele estar ali, num sítio escondido.
Como é
habitual, escolha a sua resposta depois de uma nova leitura, mais cuidada.
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Solução do autor:
Publicada na secção POLICIÁRIO em: 29.Agosto.1992
C
– Foi o velho capitão que matou o mendigo noutro local e o transportou para
aquele lugar.
A
morte ocorreu noutro local e o cadáver foi transportado para ali em peso. As
pegadas assim indicam. Na ida da casa para lá são profundas e no regresso são
menos profundas, sinal de que o peso era menor.
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