A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA
Problema # 38
O INSPECTOR FIDALGO E O
LADRÃO DAS LUVAS BRANCAS
Original
de: Luís Pessoa
Publicado
na secção POLICIÁRIO em: 13.Agosto.1992
Já não era a primeira vez que, naquele beco, havia
assaltos à mão armada, e a polícia, como era hábito, ia reforçando a vigilância
durante uns dias sempre que qualquer assalto se produzia, para depois abandonar
tudo à sua sorte. Um dia, tratou-se de um amigo do inspector Fidalgo a ser
assaltado naquela viela estreita, e foi então que este organizou um esquema
para apanhar o larápio.
Depois de alguns dias em que nada aconteceu, chegou o
grande momento, quando um agente da polícia, disfarçado, foi a vítima seguinte.
A sua missão era, conforme o combinado, deixar-se assaltar passivamente,
accionando um alarme que transportava consigo e que colocaria uma viatura no
encalço do ladrão.
Tudo correu como fora planeado. O agente foi assaltado
e tomou atenção a todos os sinais possíveis no sentido de uma futura
identificação, se por acaso a prisão do responsável falhasse, como veio a
acontecer, aliás - o que provocou uma
das poucas explosões de mau génio de que há memória na pessoa de um senhor
chamado Fidalgo e que, por acidente mas também por vocação, é inspector da
Polícia Judiciária.
O que aconteceu foi que houve um falhanço qualquer, o
alarme que não tocou a tempo ou alguém que estava distraído no momento em que
soou, ou qualquer outra coisa sem explicação. O inspector Fidalgo quase
espumava ao ouvir o agente “assaltado”:
- O tipo é alto, com boa compleição física, vestido
todo de preto e usando umas luvas brancas, dobradas no punho, tal como a
camisa, deixando ver o braço, único ponto do corpo visível, pela existência de
uma máscara.
No beco, quando a polícia chegou, prendeu
preventivamente quatro homens que aí se encontravam, não havendo dúvidas, por
não haver qualquer outra saída, de que um deles era o culpado.
O Telmo era um latagão negro, bem constituído, com
várias condenações por roubo à mão armada. Afirmou nada ter a ver com o
assunto, e que só por puro racismo poderia ser atacado pelo agente.
O Rubens era um branco com antecedentes de crime,
várias vezes condenado, por posse de droga e assalto à mão armada. Afirmou que
se estava “marimbando” para o que se passava. Não era o responsável, pronto!
O Nico era um tipo um tanto ou quanto parvo, não
parecendo ter habilidade para nada, quanto mais para um assalto à mão armada.
Era branco e sardento.
O Tinoco era também branco e de bom porte, um tanto
arrogante, quase se recusou a dizer fosse o que fosse.
O agente, apesar de bastante experiente, não conseguiu
identificar o assaltante e, perante isso, o inspector disse a um dos detidos
que se podia ir embora…
A – Ao Telmo
B – Ao Rubens
C – Ao Nico
D – Ao Tinoco
Atenção ao problema de hoje. Já sabe. Escolha a opção
correcta.
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Solução do autor:
Publicada na secção POLICIÁRIO em:
15.Agosto.1992
A
– Ao Telmo.
O
detective que se fez passar por assaltado teve oportunidade de observar o seu
assaltante, nomeadamente na pele por baixo da luva. Se fosse negro, não havia
dúvidas que imediatamente apontaria o negro Telmo. Assim, só restava pô-lo em
liberdade, porque ele não era de certeza o assaltante. Quanto aos outros, mais
investigações e interrogatórios…
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