A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA
Problema # 40
O INSPECTOR FIDALGO
VISITA A EMBAIXATRIZ
Original
de: Luís Pessoa
Publicado
na secção POLICIÁRIO em: 17.Agosto.1992
Nem sempre se tem a felicidade e ver reconhecido o seu
trabalho e quase se tornar figura pública, a ponto de se receber um honroso
convite da embaixatriz. Leitora assídua do PÚBLICO, onde sempre encontra com
agrado as resoluções do inspector Fidalgo, não quis deixar de o desafiar nessa
mesma festa.
Assim, como disse, simulou um roubo de uma certa
importância de dentro de um cofre que estava depositado sobre a lareira.
Com o andar da investigação a brincar, parece que algo
não correu como estava planeado porque, quase de seguida, a embaixatriz, meia a
sorrir, meia a chorar, começou a afirmar que os bens que havia depositado sobre
a lareira haviam mesmo desaparecido.
O inspector Fidalgo não sabia em que acreditar. Por um
lado, sabia que ia entrar numa brincadeira inventada pela embaixatriz para
entreter os seus convidados e, ao mesmo tempo, promover a sua imagem de
investigador; por outro, vinha a embaixatriz dizer agora que afinal o roubo se
dera.
Seria apenas mais uma brincadeira para juntar às
outras que a anfitriã havia já criado?
O inspector fidalgo começou a interrogar as pessoas
que mais perto haviam estado do cofre, começando pela embaixatriz, que afirmou
que tudo era a brincar, mas que agora alguém daquela sala tinha aproveitado a
oportunidade e roubado o dinheiro que lá estava.
O Francis, mordomo que havia estado muito perto do
cofre porque fora lá pôr bebidas, afirmou desconhecer totalmente o jogo em
questão, mas, sabendo o que sabia de outras ocasiões, tudo não passaria de mais
uma brincadeira da patroa. Não era para ligar.
O Nelson, um indivíduo asqueroso, explorador de
mulheres e quase sempre sem dinheiro no bolso, disse que estivera lá ao pé e
até estranhara ver ali o cofre que a embaixatriz costumava ter no quarto, mas
quem era ele para perguntar à senhora alguma coisa sobre isso?
A D. Laurinha, uma senhora com a mania das grandezas
mas que não tinha onde cair morta, segundo diziam as más línguas, mostrou-se
fortemente escandalizada com toda aquela questão e com o mau gosto de andar a
brincar aos detectives. Não era capaz de imaginar que por uma importância tão
pequena como a que fora desviada se fizesse tão grande alarido. Meu Deus, como
a D. Laurinda parecia sofrer com o que se estava a passar…
O inspector Fidalgo sorria…
A – O ladrão foi o mordomo porque sabia que ninguém o
ia aborrecer por ser habitual a patroa fazer coisas dessas.
B – O inspector estava a ser enganado e nunca houve
qualquer importância no cofre, sendo brincadeira da embaixatriz.
C – Foi o Nelson porque não podia saber o que sabe e
por isso denunciou-se ao afirmar que o cofre deveria estar no quarto da
embaixatriz.
D – Foi a D. Laurinha porque estava em dificuldades e
não podia proferir declarações como as que proferiu.
Como se vê,
também nas boas recepções há casos esquisitos.
O inspector
Fidalgo já sorri, o que quer dizer que já viu qualquer coisa. Esperamos que
também tenham visto algo e nos respondam no cupão…
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Solução do autor:
Publicada na secção POLICIÁRIO em:
22.Agosto.1992
D
– Foi a D. Laurinha porque estava em dificuldades e não podia proferir
declarações como as que proferiu.
A
D. Laurinha não podia saber que importância estaria em jogo, a menos que fosse
ela a roubá-la! Daí dizer que era uma coisa tão pouca.
1 comentário:
Meu Caro Amigo Artur
Creio que já é tempo de alguém enaltecer publicamente o teu trabalho.
É isso que venho aqui fazer. dar-te os parabéns pela excelente retrospectiva que tens estado a fazer dos primeiros tempos de Público Policiário. Que nunca sa mãos te doam e que tenhas muita saúde para continuar este teu trabalho e outros que sei andas a magicar
Um abraço do
Rip Kirby
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