Problema # 43
O INSPECTOR FIDALGO E O
“SETE DE ESPADAS”
Original
de: Luís Pessoa
Publicado
na secção POLICIÁRIO em: 20.Agosto.1992
O inspector Fidalgo teve de ir ao Algarve tratar de
uns tantos pormenores da sua vida profissional e não deixou de dar um pulinho a
Monte Gordo, para abraçar o seu amigo “Sete de Espadas” e a esposa dele, “Dama
de Espadas”.
Depois das tradicionais saudações e “bocas” sobre as
férias de uns (do “Sete”) e trabalho bem chato de outros (do inspector Fidalgo,
pois então), toca de andar para um belíssimo restaurante, una tantos
quilómetros adiante, onde todo o mundo se deleitava com o melhor marisco que se
podia arranjar e uns caranguejos de se lhe tirar o chapéu.
A paisagem era deslumbrante, com um mar excelente por
pano de fundo, um céu avermelhado e brilhante, e um pôr de Sol espectacular.
De conversa em conversa, o inspector Fidalgo e o “Sete
de Espadas” falaram do “Policiário” do PÚBLICO e da engraçada transcrição dos
casos do inspector, que o “Sete” e a “Dama” acharam excelentes e capazes de
entusiasmar muita gente jovem, dos dez aos cem anos, pelo menos!
Foi então que o empregado de mesa, com uma simpatia
que pouco se vê no Algarve (pelo menos quando ouvem falar português), se
abeirou deles e confidenciou: “O melhor que está no menu são os caranguejos,
uma delícia, acabados de apanhar…”
O inspector fidalgo olhou para o seu anfitrião de
ocasião e observou o sorriso aberto, um tanto disfarçado pelas barbas brancas e
desconfiou…
“Em que vamos, “Sete”? Uns caranguejos?”
“Acabados de apanhar, não é verdade? Devem estar uma
delícia de frescura e gosto… Sou bem capaz de alinhar nisso mesmo… Se forem
frescos…”
“Foi o que o empregado disse, não foi?”
O empregado confirmou “Não têm mais de meia hora
depois de apanhados. Isso eu garanto… E, já que estão aqui, reparem na
maravilha que fica aquela duna quando a maré começa a descer… Reparem só que a
maré está a atingir o seu máximo e dentro de uns dez minutos o espectáculo é
belíssimo… Prestem atenção…”
“O inspector Fidalgo é que sabe!”, disse o “Sete”,
olhando matreiramente para a “Dama de Espadas”.
“Eu… Não, não vou nos caranguejos… Talvez não sejam
tão frescos como o empregado os apregoa…”
“Ó pá, aqui o que se come com garantia é uma boa
caldeirada e acho que vamos mesmo nisso, não achas?”, propôs o “Sete” com
visível gozo…
“É isso. Vamos numa boa caldeirada de polvo…”
A – Não podia ser caldeirada de polvos porque no
Algarve não os há.
B – Os caranguejos não podiam ser frescos, pelo menos
apanhados há meia hora como dizia o empregado.
C – O “Sete” e a “Dama de Espadas” não podiam propor
uma caldeirada, porque naquele sítio não servem tal especialidade.
D – Não podia haver caranguejos, porque naquela
altura, quando a maré está no máximo, os atuns chegam-se à costa e não há hipótese
de os apanhar.
Este problema
é de homenagem a uma figura ímpar do policiário português: “SETE DE ESPADAS”.
Não sei se será o decano dos policiaristas, mas que sempre se assumiu como um
grande inconformado com o imobilismo, isso é inegável.
E pronto,
chegámos ao fim desta semana policiária…
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Solução do autor:
Publicada na secção POLICIÁRIO em:
22.Agosto.1992
B
– Os caranguejos não podiam ser frescos, pelo menos apanhados há meia hora como
dizia o empregado.
Naturalmente
que os caranguejos não podiam ser frescos com menos de meia hora de captura,
porque são animais que apenas se podem apanhar com a maré baixa e naquela
altura a maré ia começar a descer. Logo…
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