A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA
Problema # 39
O INSPECTOR FIDALGO E A
CAÇA SUBMARINA
Original
de: Luís Pessoa
Publicado
na secção POLICIÁRIO em: 16.Agosto.1992
O inspector
Fidalgo nunca alinhou muito nessas aventuras debaixo de água. Não que não
gostasse de ir até ao mar ou à piscina mandar as suas braçadas e os seus
mergulhinhos, mas ninguém o convencia a descer ao fundo do mar. Isso já era
outra história.
Naquele dia, o
inspector deslocou-se a um centro de pesca submarina para investigar uma morte
que por lá aconteceu e, pelo caminho, ia pensando como é que ia descalçar a
bota, como se costuma dizer, se tivesse de mergulhar para observar o local
onde, presumivelmente, teria ocorrido a morte.
Esperava-o o
instrutor, o Cabral, um moço de boa compleição física, moreno, de olhos vivos,
que rapidamente pôs o inspector Fidalgo ao corrente:
- Não sei o
que dizer, nunca tal aconteceu. Penso que foi um acidente estúpido, mas o
Telmo, aquele rapaz que está além, a chorar, terá disparado o arpão e atingido
o Sequeira na cabeça, matando-o de imediato… Penso que foi um acidente
estúpido!
- Posso falar
com o Telmo? Chame-o lá!
- Telmo, o
Inspector quer fala contigo…
E o Telmo
aproximou-se, cabisbaixo, triste como a noite e quase incapaz de articular os
seus pensamentos. À primeira vista, não havia dúvidas de que estava abalado.
Mas…
- Telmo, quero
fazer-te umas perguntas… Há quanto tempo és mergulhador?
- Há quase
dois anos.
- Então não és
nenhum inexperiente, não é verdade?
- Mas o
Sequeira sabia que não podia ir para aquele lado, ele sabia muito bem… Ao
disparar, nem tive tempo de pensar no que por ali havia ou não… Sabe, há peixes
perigosos, e, por isso, assim que avistamos ali uma coisa, naquela área,
disparamos. Bolas, ainda tenho nos ouvidos o barulho da explosão do disparo, penso
que nunca mais vou poder dormir sem ter aquele barulho terrível nos ouvidos…
- Mas você
andava um tanto ou quanto zangado com o Sequeira, não é verdade?
- Ora, coisas
relacionadas com namoros… Ele começou a sair com a minha namorada e eu tive de
me pegar com ele… Chegámos mesmo a trocar uns tantos socos, mas nada teve a ver
com este acidente… Mas o culpado foi ele…
O inspector
pensou um pouco, antes de…
A – O Sequeira matou-se por causa do que aconteceu com
a namorada do Telmo.
B – O Sequeira fez de propósito, ao passar pela frente
do Telmo, porque pensava que ele falharia e podia, depois, acusá-lo de o tentar
matar, mas tudo correu mal.
C – O Telmo matou-o propositadamente e desculpa-se com
o acidente, mas mente no seu depoimento, incriminando-se, ou, pelo menos,
criando suspeitas.
D – O Cabral está implicado porque devia avisar o
Sequeira de que não podia atravessar-se naquela zona.
Leia bem o problema, imagine-se a praticar pesca
submarina, disparando o arpão, e depois opte pela resposta certa…
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Solução do autor: Publicada na secção POLICIÁRIO em: 22.Agosto.1992
C
– O Telmo matou-o propositadamente e desculpa-se com o acidente, mas mente no
seu depoimento, incriminando-se, ou, pelo menos, criando suspeitas.
A
história soa mal e contém erros no depoimento do Telmo que não podia andar
atormentado com o barulho do arpão, porque na caça submarina não há explosão
que provoque o tal ruído. Mentiu e incriminou-se.
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