Em pleno tempo de férias, um desafio para não deixar
adormecer as células cinzentas, lembrando que os nossos campeonatos continuam…
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA N.º 7 – PARTE I
“CRIME OU SUICÍDIO?” – Original de LEOPARDO
Era um homem de estatura mediana, mas
gordo. Vivia numa cabana que construíra na orla do bosque a 1km da aldeia. Não
tinha amigos, mas era frequente ser procurado por quem necessitava de conselhos
ou por jovens que queriam escutar as suas histórias.
A manhã rompera radiante de sol, após uma
noite, que parecera querer desfazer-se em água. Os caminhos enlameados eram o
sinal do que tinha sido a noite.
Maria dos Prazeres, jovem franzina,
percorria o caminho, que da aldeia se dirigia à cabana, deteve-se junto desta,
bateu à porta. Não obteve resposta, voltou a bater e, alguns segundos depois,
notando porta apenas encostada, empurrou-a. Ia entrar. Não o fez, voltando-se,
desatou a correr para a aldeia.
Uma hora depois chegou ao local o capitão Isaías da GNR
acompanhado de alguns subordinados. O Capitão entrou, o recinto era um quadrado
de três metros de lado parcamente mobiliado, e imediatamente divisou, com os
pés a 1m do solo, o corpo que balouçava pendurado de uma trave do teto da
cabana.
De costas para a porta o Capitão abarcou
o recinto com o olhar. À sua direita, junto ao ângulo formado pela parede que
lhe ficava na frente e a lateral, encontrava-se uma mesa, junto desta, três
bancos-mochos com 50 cm de altura. No ângulo diametralmente oposto, via-se um
catre e um armário toscamente construídos. No canto ao fundo à sua esquerda,
escavado no solo havia um esconderijo onde foi encontrado um pequeno cofre metálico
arrombado e um pé-de-cabra. No canto esquerdo mais próximo da porta, caído sob
o cadáver, estava um banco igual aos que se encontravam junto da mesa.
O Capitão dirigiu-se ao corpo. A corda
era nova, tinha 15mm de espessura, passava por cima da trave e tinha a
extremidade atada a um prego espetado num poste.
Servindo-se de uma escada o Capitão
subiu para observar a corda. Viu que
algumas fibras estavam partidas numa extensão relativamente grande da corda.
Reparou também que entalada entre a corda e a parte superior da trave havia uma
pequena ripa de madeira, que se apurou mais tarde, fora arrancada, pela fricção
da corda, do barrote no lado do corpo. Isaias desceu e foi olhar o prego a que
a corda se encontrava presa. Teria uns 4 mm de espessura, encontrava-se um
pouco inclinado para baixo.
Feito estas observações Capitão foi
postar-se junto da porta contemplando o caminho que levava à aldeia, ao longo
do qual a partir da porta e no espaço de 50m, se viam várias séries de pegadas.
Umas imprimidas por uns pés pequenos dirigiam-se para a cabana. Outra série de
pegadas idênticas afastava-se da cabana. Neste caso era evidente que quem as
deixara ia correndo.
Havia outra séria de pegadas afastando-se
da cabana, eram bem maiores que as anteriores e tinham uma particularidade.
A marca do pé direito estava bem
nítida, mas a do pé esquerdo apenas se divisava a parte da biqueira perdiam-se
depois sobre a caruma dos pinheiros que ladeavam o caminho.
O Capitão reentrou na cabana onde o
legista o informou de que a morte ocorrera entre as quatro e as cinco horas da
madrugada. Nada mais tendo que fazer ali Isaias foi para a aldeia falar com
Maria dos Prazeres, que disse: Ia uma vez por semana ver o velhote, ele nunca
se queixava, por isso não sei por que teria feito aquilo. Hoje não era para lá
ir, mas como a noite foi muito má, fui para saber se ele estava bem. Quem o visitava
todos os dias era o João Coxo e o Tó Marreco.
Convocados, o Tó Marreco compareceu
imediatamente. Era um individuo idoso, franzino, que se deslocava apoiado a uma
bengala e era acentuadamente corcunda. Interrogado respondeu: costumo ir todos
os dias ao bosque ver o velho, mas ontem os meus ossos parece que adivinharam a
noite que ia estar e não me deixaram sair de casa. Nas suas conversas , o velho
nunca falava da família nem da sua vida.
O João Coxo estava ausente, só dois dias
depois respondeu à convocatória. Era um jovem musculoso, de 1,80m de altura e 80
kg de peso. Apesar da sua corpulência, a sua perna esquerda era mais curta que
a direita e o pé apresentava-se como se fosse um prolongamento da perna.
Costumo ir todos os dias ver o bom
velhinho, havia alguns dias que não ia, estive fora. Nunca me falou da sua
vida, mas tenho a certeza de que ele tinha dinheiro escondido.
Não tendo mais diligências a fazer ali,
o Capitão deixou a aldeia, mas antes tomou uma decisão.
Crime ou suicídio? Qual a decisão do
Capitão? Ele estava certo ou errado na sua decisão? Explique pormenorizadamente
o seu raciocínio.
E pronto.
Agora é a vez dos nossos “detectives” analisarem o
problema e, entremeando com umas mergulhaças no mar ou na piscina, enviarem as
propostas de solução, impreterivelmente até ao próximo dia 20 de Setembro,
usando um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua
Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de
Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde
quer que o encontrem.
Boas deduções e, se for o caso, boas férias!!
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