A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA
Problema # 44
NO REINO DO CONDE BRUGES
Original
de: Eduardo Oliveira (Lisboa)
Publicado na secção POLICIÁRIO em: 22.Agosto.1992
(Além do problema, vamos ter uma 2.ª página e
uma 3.ª de aditamento, na parte II.)
No dia 31 de Julho de 1992, pelas 10h30 da manhã, o
Necas foi preso por dois agentes da autoridade perto da barraca em que habitava
nas Galinheiras. Conhecido na zona como passador de droga, tinha estado nos
últimos três anos a cumprir pena pelo tráfico, tendo sido libertado há menos de
dois meses, encontrando-se em liberdade condicional. Ao ser algemado mostrou-se
muito surpreendido.
“Porque é que me estão a prender? Eu não fiz nada! De
que é que me acusam?
Um dos polícias ao empurrá-lo para dentro do carro
deu-lhe a resposta: És acusado de ter assassinado o conde Borges, um traficante
internacional de drogas”.
E o carro arrancou velozmente em direcção à esquadra.
O inspector Garcia tinha acordado muito mal disposto
naquele dia e queria despachar aquele caso tão simples o mais rapidamente
possível. Inquiriu rispidamente o seu ajudante: “Horácio, dá-me os pormenores
deste caso, para eu interrogar o suspeito.”
“ Por volta da meia-noite o conde Bruges foi
assassinado em sua casa com um tiro na cabeça. Alertados pela vizinhança,
mandámos uma patrulha que procedeu às respectivas investigações. Não
encontraram qualquer pista e os vizinhos não viram ninguém. Apenas sabemos que
o conde era uma personagem conhecida no tráfico de drogas internacional e há
algum tempo que o tínhamos sobre vigilância, através da equipa do sub-inspector
Machado.”
“Afinal como é que o Necas entra no caso?” – perguntou
o inspector.
“Acontece que o sub-inspector Machado estava de
vigilância e tirou uma foto do Necas a entrar ontem à noite no prédio do conde.
Depois de ter ouvido o tiro tentou apanhá-lo, mas parece que o Necas conseguiu
fugir por uma porta que dava para as traseiras. Eis a foto.”
O ajudante Inácio retirou dum envelope uma fotografia
que entregou ao seu superior. Nela, via-se o Necas a entrar num prédio antigo
situado numa ruela escura do bairro Alto. O luar permitia distinguir
perfeitamente a fisionomia do Necas.
O inspector sorriu satisfeito. “O Necas está tramado.
Esta foto vai comprometê-lo irremediavelmente. Manda-o entrar.”
O preso entrou e foi imediatamente posto perante a
evidência apresentada na fotografia.
“ Necas, confessas o crime?”, perguntou-lhe o
inspector Garcia.
“Eu estou inocente!”, gritou o acusado. “Passei a
noite anterior em minha casa e não sei nada do conde.”
“A sério?! E alguém te viu em casa? É que esta
fotografia demonstra claramente onde estavas ontem à noite!”
“Eu juro que estive sempre em casa! Ninguém me viu
durante a noite mas eu não saí de lá. Onde arranjaram essa fotografia? Isso é
uma falsificação…”
“Negas que conhecias o conde Bruges?”
“Bem… eu…quer dizer…”
“Necas, já que não tens nenhum álibi parece-me que
vais apanhar uma boa dezena de anos na cadeia.”
Publicamos hoje um desafio de um nosso leitor e
concorrente que quis experimentar a sua sorte. O seu autor é um jovem de 20
anos, o Eduardo Oliveira, que frequenta o Técnico no curso de informática. Tal
como nos diz, gosta muito de ler “livros policiais e não só. Como podem ver,
trata-se de um problema fácil, maneirinho… E quando se fala num local, numa
data, num ano, há que explorar esse rumo…
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Solução do autor:
Publicada na secção POLICIÁRIO em: 13.Setembro.1992
O
crime foi cometido na noite de 30 de Julho de 1992 e na noite anterior tinha
havido lua nova. Logo, é impossível que a foto tenha sido tirada naquela noite,
pois diz-se que “o luar nocturno permitia distinguir perfeitamente a fisionomia
do Necas”.
Nota:
Na lista de classificações, já aparecia o Jartur, que coleccionou a secção.
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