quarta-feira, 22 de agosto de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 53 (PARTE I)



A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA 

Problema # 44
NO REINO DO CONDE BRUGES
Original de: Eduardo Oliveira (Lisboa)                         
Publicado na secção POLICIÁRIO em: 22.Agosto.1992
 (Além do problema, vamos ter uma 2.ª página e uma 3.ª de aditamento, na parte II.)

No dia 31 de Julho de 1992, pelas 10h30 da manhã, o Necas foi preso por dois agentes da autoridade perto da barraca em que habitava nas Galinheiras. Conhecido na zona como passador de droga, tinha estado nos últimos três anos a cumprir pena pelo tráfico, tendo sido libertado há menos de dois meses, encontrando-se em liberdade condicional. Ao ser algemado mostrou-se muito surpreendido.
“Porque é que me estão a prender? Eu não fiz nada! De que é que me acusam?
Um dos polícias ao empurrá-lo para dentro do carro deu-lhe a resposta: És acusado de ter assassinado o conde Borges, um traficante internacional de drogas”.
E o carro arrancou velozmente em direcção à esquadra.
O inspector Garcia tinha acordado muito mal disposto naquele dia e queria despachar aquele caso tão simples o mais rapidamente possível. Inquiriu rispidamente o seu ajudante: “Horácio, dá-me os pormenores deste caso, para eu interrogar o suspeito.”
“ Por volta da meia-noite o conde Bruges foi assassinado em sua casa com um tiro na cabeça. Alertados pela vizinhança, mandámos uma patrulha que procedeu às respectivas investigações. Não encontraram qualquer pista e os vizinhos não viram ninguém. Apenas sabemos que o conde era uma personagem conhecida no tráfico de drogas internacional e há algum tempo que o tínhamos sobre vigilância, através da equipa do sub-inspector Machado.”
“Afinal como é que o Necas entra no caso?” – perguntou o inspector.
“Acontece que o sub-inspector Machado estava de vigilância e tirou uma foto do Necas a entrar ontem à noite no prédio do conde. Depois de ter ouvido o tiro tentou apanhá-lo, mas parece que o Necas conseguiu fugir por uma porta que dava para as traseiras. Eis a foto.”
O ajudante Inácio retirou dum envelope uma fotografia que entregou ao seu superior. Nela, via-se o Necas a entrar num prédio antigo situado numa ruela escura do bairro Alto. O luar permitia distinguir perfeitamente a fisionomia do Necas.
O inspector sorriu satisfeito. “O Necas está tramado. Esta foto vai comprometê-lo irremediavelmente. Manda-o entrar.”
O preso entrou e foi imediatamente posto perante a evidência apresentada na fotografia.
“ Necas, confessas o crime?”, perguntou-lhe o inspector Garcia.
“Eu estou inocente!”, gritou o acusado. “Passei a noite anterior em minha casa e não sei nada do conde.”
“A sério?! E alguém te viu em casa? É que esta fotografia demonstra claramente onde estavas ontem à noite!”
“Eu juro que estive sempre em casa! Ninguém me viu durante a noite mas eu não saí de lá. Onde arranjaram essa fotografia? Isso é uma falsificação…”
“Negas que conhecias o conde Bruges?”
“Bem… eu…quer dizer…”
“Necas, já que não tens nenhum álibi parece-me que vais apanhar uma boa dezena de anos na cadeia.”

Publicamos hoje um desafio de um nosso leitor e concorrente que quis experimentar a sua sorte. O seu autor é um jovem de 20 anos, o Eduardo Oliveira, que frequenta o Técnico no curso de informática. Tal como nos diz, gosta muito de ler “livros policiais e não só. Como podem ver, trata-se de um problema fácil, maneirinho… E quando se fala num local, numa data, num ano, há que explorar esse rumo… 

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Solução do autor:                                 
Publicada na secção POLICIÁRIO em: 13.Setembro.1992

O crime foi cometido na noite de 30 de Julho de 1992 e na noite anterior tinha havido lua nova. Logo, é impossível que a foto tenha sido tirada naquela noite, pois diz-se que “o luar nocturno permitia distinguir perfeitamente a fisionomia do Necas”.

Nota: Na lista de classificações, já aparecia o Jartur, que coleccionou a secção.

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