Neste
tempo de férias, na praia ou no campo, ou onde quer que estejam os nossos
leitores e “detectives”, mesmo que a trabalhar, hoje é dia de ficarmos a
conhecer as soluções oficiais dos desafios da prova n.º 5, para que todos os
“detectives” possam avaliar as suas prestações e fazer as suas contas.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO
DA PROVA N.º 5 – PARTE I
“TEMPICOS
E OS PASTELINHOS DE NATA”, de A. RAPOSO & LENA
Este caso deve ser analisado da forma como faria
Hercule Poirot, utilizando somente as células cinzentas.
Reconstruindo a história, encaixando os interpretes
com as peças do puzzle que necessita ser reconstruído.
Vejamos então os factos:
- Tempicos costumava receber um docinho, aos
domingos, da dona da pensão. Assim sucedeu nesse domingo. Notamos que a acção
se passou a um domingo, em Lisboa.
- Tempicos pede um livro emprestado ao irmão João e
acaba de o ler nesse domingo à noite, após a reunião amorosa no quarto da
senhoria. Na segunda-feira, de manhã, vai devolvê-lo. Ninguém responde e ele e
a patroa acabam abrindo a porta com a chave da casa. Na cama estava o jovem
morto com um tiro no peito, tiro esse que ninguém da casa ouviu. A arma não
estava ali nem a cápsula da mesma, pelo que presumiu Tempicos que não foi
suicídio e teria havido silenciador na arma. Na carteira do morto tudo normal,
não tendo havido roubo do dinheiro. Tinha o B.I. e o de estudante.
- Tempicos descobriu no fundo da algibeira das
calças um pedaço de papel com a inscrição “no name” – concluiu que seria parte
de bilhete da claque dos “no-name boys” que esteve tão activa no Benfica.
- Os dois que
vão passear até Belém na manhã de segunda-feira apresentam um álibi mútuo.
Acontece que o Museu que faz parte do Mosteiro está fechado às segundas. O
passeio seria a outro lugar, mas dava a Tempicos mais uma pista – uma mentira
da Isaltina que é corroborada pelo rapaz. Ambos estariam conluiados. Afirmou
ainda Isaltina que naquele dia não tinham aulas. Isso implicaria que ambos não
tinham aulas - logo ambos colegas, sendo ele o João!
- Isaltina poderia estar também a mentir ao afirmar
que não tinham aulas mas a forma como o afirma leva a crer que foi uma
afirmação que lhe saiu sem se aperceber e sem intenção.
- Se um dos irmãos morresse a herança seria para os
pais que estavam vivos no norte. Só haveria forma de o assassino ficar com o
dinheiro e era de fazer-se passar por ele. A semelhança entre os dois ajudaria.
- Os três jogaram cartas na noite de domingo até às
duas da manhã. Acabada a jogatina, Manuel mata o irmão e troca de carteiras.
Fecha o quarto à chave e deita-a fora. Vai dormir o resto da noite, descansado,
no quarto do irmão.
- Aqui podemos e devemos acrescentar a participação
na morte da Isaltina. Ela tinha tudo previamente combinado. Todos os detalhes.
- O truque que arranjaram – a afonia – do irmão
sobrevivo, deu mais uma pista e contribuiu com um factor de desconfiança na
cabecinha de Tempicos. Este só conseguia distingui-los pela voz e agora nem
isso.
- Dos restantes moradores da casa ninguém
beneficiaria com a morte do rapaz, nem a patroa, nem a empregadinha, nem o
surdo Coronel.
- A dona da pensão diz ter visto descer e sair com a
Isaltina o irmão Manuel, mas afirma-o por ter visto na sua mão as chaves do
carro. Não prova que seja o Manuel.
- O irmão estudante vivia mal enquanto o outro
abarrotava de dinheiro. A Isaltina gostava do colega que lhe era mais chegado,
o do seu curso de direito. A matéria os unia. A comunhão de interesses. Os dois
pensaram em ficar independentes e quiçá juntar os trapinhos.
Isto foi tudo o que Tempicos pensou e não estaria
muito longe da verdade!
SOLUÇÃO
DA PROVA N.º 5 – PARTE II
“QUEM
MATOU O SALAZAR?”, de BÚFALOS ASSOCIADOS
Garrett ao
olhar a janela e ao reparar na data de 1919, depois de ter sabido das diversas
convicções dos intervenientes, lembrou-se de que foi aquele o ano da assinatura
do Tratado de Versalhes que humilhou a Alemanha de tal forma que até teria
ajudado a justificar a ascensão do nazismo alguns anos depois. Ainda hoje se
farão notar sentimentos de retaliação dos alemães contra os vencedores da II
Guerra Mundial e vice-versa. Teria o germanófilo taberneiro sido assassinado
como forma de afirmação anti-alemã? E nesse caso por quem? Pelo judeu? A pista
encaixava mal em qualquer hipótese, quer como assinatura do criminoso, quer
como acusação pelo moribundo.
A verdade é
que a mensagem só podia ter sido escrita pelo lado de dentro, já que a
condensação do vapor de água ambiente se forma no interior dos vidros
arrefecidos pelo abaixamento da temperatura exterior. E por dentro o que se
pode ler é PIPI, o que Garrett interpretou logo como uma acusação clara escrita
no vidro pelo Salazar moribundo e impossibilitado de sair do cubículo,
de que o agressor tinha sido o alcunhado Rogério, ou Pipi como o futebolista.
Logo: B) O
ROGÉRIO.
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